nós não podemos ser amigas.

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Logo depois de ver aquele anúncio no bar que eu estava bisbilhotando sem querer, eu entrei para conversar com a gerente sobre a vaga disponível. Ela me fez algumas perguntas, onde eu morava, com quem eu morava, perguntou se eu já tinha tido alguma experiência na área e eu respondi que sim. Uns dos "privilégios" de se ter feitos muitos bicos durante a vida é que você acaba trabalhando em muitos lugares diferentes. A gerente pediu para que eu servisse um drink para ela, então eu servi uma marguerita, foi assim até dar uns 15 minutos. Ela me pediu para comparecer amanhã á noite para uma experiência em horário comercial, se eu conseguir esse emprego, vou poder trabalhar de noite e estudar durante o dia, sem complicações. 

   No caminho de volta para casa, eu pensei em tentar conversar com a Camila e tentar nos resolver, não quero que fique um clima estranho entre nós duas, quero tentar pelo menos ser amiga dela. Pode parecer ridículo já que nós acabamos de nos beijar não tem nem 4 horas, mas eu realmente quero que minha vida aqui em Boston dê certo e isso inclui me dar bem com a filha mais velha das pessoas que estão dividindo uma casa comigo.

20:30 PM

Assim que eu atravesso a porta de entrada que dá direto para a sala, eu vejo a Camila deitada no sofá de costas para mim. Não escuto nenhum barulho na casa, à não ser pela televisão que ela deixou ligada e pegou no sono. Caminho devagar em direção à ela e fico alguns segundos apreciando cada detalhe de seu rosto adormecido, ela está com o corpo todo encolhido o que mostra que está com frio e com os cabelos jogados no rosto.
Sem pensar duas vezes eu subo as escadas sem fazer muito barulho, ando até o quarto no final do corredor que é o da Camila e pego um dos cobertores que estava em cima de sua casa.

  Quando vou descendo pela escada em direção aonde ela está dormindo, ouço um barulho estranho na cozinha e vou lá conferir o que é.

- O cobertor era pra mim?

  Eu fico surpresa em ver a Camila em pé no meio da cozinha com um copo de água em mãos me encarando.

- Era... - digo sem jeito e a expressão no rosto dela muda, dá pra notar que ela não está satisfeita com alguma coisa que eu fiz.

- Então você é assim? Me dá um fora uma hora e na outra vem ser legal como se nada tivesse acontecido?

- Camz, eu sei que você tá brava com isso mas...

- Não, Lauren, você não sabe. - ela diz me interrompendo e aumentando o tom de voz - Não precisa se explicar, ok? Eu sei que você vai tentar pedir desculpas por ter me deixado sozinha depois do que aconteceu no quarto mas eu não quero isso. Não quero suas desculpas, vamos só fingir que não aconteceu.

- Camila, não precisa ser grossa assim.

- Não estou sendo grossa, apenas sincera. - ela coloca o copo de água sobre o balcão e vem caminhando até mim - Achei que você aguentaria um pouco de sinceridade, ou só você pode ser sincera aqui?

  Eu não esperava que ela estivesse com tanta mágoa pelo o que aconteceu. Antes que eu consiga responder, ela passa por mim e vai em direção às escadas subindo para o quarto.
Talvez ela não queira nem ser minha amiga.

Camila POV

  Eu estou quase subindo pelas paredes de tanta raiva. Eu não entendo a Lauren, uma hora ela me beija, é legal comigo, me leva na escola e faz até planos de sair comigo e na outra simplesmente me deixa sozinha e só aparece horas depois como se nada tivesse acontecido?! Eu não acredito nisso.
Eu entendo que ela não quer se prejudicar com meus pais e eu sei que é egoísta da minha parte querer que ela não se importe com isso, mas eu não posso evitar. Parecia tudo tão bom quando tivemos aquele momento e acabou tão rápido.

Amiga da minha mãe - CAMRENOnde histórias criam vida. Descubra agora