Não posso viver contigo

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Não posso viver contigo,
Isto seria vida,
E vida está ali
Atrás da prateleira.

O capelão guarda a chave,
Pondo acima,
Nossa vida, sua porcelana,
Como uma taça.

Descartada pela dona de casa,
Fora de moda ou destruída;
Um novo Sevres Apraze,
Os velhos se quebram.

Eu não poderia morrer contigo,
Pois um deve esperar
Para cerrar os olhos do outro,
Tu não podes.

E eu permanecerei
E ver-te-ei expirar,
Sem meu direito de expirar,
Privilégio ou morte?

Nem eu poderei ressuscitar contigo,
Porque tua face
Poderia tirar de Jesus
A nova graça.

Brilho nítido e estrangeiro
Em meus olhos nostálgicos,
Exceto que tu, ao invés dele,
Reluziu bem mais perto.
Julgar-nos-ão – como?
Pois tu serviste o paraíso, tu sabes
Ou tentaste;
Eu não consegui.

Porque tu concentraste a vista,
E eu não tenho mais olhos
Para uma excelência mórbida
Como o Paraíso.

E se tu decaísse, também,
Mesmo que meu nome
Tenha soado mais alto
Na fama celestial.

E se tu fosses salvo,
E eu condenada a estar
Onde tu não estás,
Isto seria o inferno para mim.

Então devemos nos apartados,
Tu aí, eu aqui,
Com a porta entreaberta apenas
Que são oceanos,
E orar,
E aquele pálido sustento,
Desespero!

Nota: Sevres apraze são peças de porcelana da França de 1756 compradas por Luís XV

Nota: Sevres apraze são peças de porcelana da França de 1756 compradas por Luís XV

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