A casa da esperança

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A esperança constrói sua casa não com um baldrame,
nem viga tem aquele edifício,
somente um pináculo.

São os dias em que os pássaros voltam.

Uns poucos, um pássaro ou dois.
Para dar uma olhada.
Estes são os dias em que o céu retorna os antigos sofismas de junho,

um engano azul dourado.

Ó fraude, que não engana a abelha.
Tua quase plausibilidade induz minha crença.
Até que fileiras de sementes testemunhem e, docemente,
pelo ar alterado apressem a tímida folha.

Ó sacramento dos dias de verão!
Ó última comunhão na névoa,
permita que a criança se una...
À partilha de teus emblemas sagrados...
Coma do teu pão consagrado...
E beba do teu vinho imortal!

Nenhuma carta que eu escrever...
Será tão boa quanto isto...
Sílabas de veludo...
Frases de pelúcia...
Abismo de rubi, molhada, oculto, lábio, para ti.
Faz de conta que um colibri bebeu em mim.

Poemas de Emily DickinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora