Se alguém lhe dissesse há anos atrás que, em algum momento de sua vida, se encontraria em tal situação, talvez daria um soco na cara do sujeito e lhe dissesse pra procurar o que fazer. Mais por mais insano que pudesse parecer, alí estava. Ao lado da pessoa que havia tentado matá-la a menos de um ano atrás, e agora juntas lutavam para sobreviver ao que parecia uma agulha invisível que perfurava seus tímpanos como o som da própria campainha do inferno.
Yelena caiu ao chão, agonizando de dor, e ela tentou manter-se firme, mesmo que suas pernas fraquejassem e seu nariz respingasse sangue. Precisava sobreviver. Para sua sorte, a KGB a havia preparado para ter resistência.
Master apertou um botão, que aumentou a frequência do som, ele provavelmente já as teria matado se fosse o plano, mas as deixou agonizante de dor antes de deixar o laboratório ao lado do tal doutor. Estavam planejando algo, mas elas não saberiam dizer o que.
Haviam pouquíssimas chances de escapar. Uma criança de sete anos em uma gaiola, extremamente doente, embora não parecesse e ninguém pudesse dizer quanto tempo tinha de vida. O som agudo perfurava os tímpanos da espiãs como uma afiadissima agulha, parecia não ter efeito sobre Natália, enquanto estivesse longe, mas o barulho aumentava gradativamente com sua proximidade.
A menina olhou em volta, buscando algo que lhe pudesse servir a algum propósito, mexeu no cabelo, encontrando uma pregadeira tic tac. Numa hora dessas agradecia por ser tão cuidadosa com as próprias coisas. A fechadura era antiga como nos filmes de ação.
Ela abriu após remexer a pregadeira dentro da abertura e silenciosamente, saiu da gaiola, sentindo uma aumento de pressão nos ouvidos. Mordeu o lábio inferior com força a ponto de arrancar sangue, ignorando o que parecia ser uma maldita dor de dente, aguda e insuportável, entretanto perfurava seus ouvidos, olhando para o dispositivo deixado sobre a mesa e jogou o com força contra a parede, aliviando as mulheres.
Correu até Natasha, que estava ajoelhada no chão, notando que escorria sangue das narinas da ruiva.
— Nat, você tá legal?
— Sim... Eu só preciso de um minuto, baixinha. — Romanoff a olhou orgulhosa. — Ótimo trabalho.
A menina sorriu.
— O que a gente faz agora? — Yelena se levantou parecendo que havia sobrevivido ao pior show de música de sua vida.
— Vou atrás do treinador. Leve a Natália para o mais longe que puder deste lugar.
— Não vou a lugar nenhum sem você! — Esbravejou a loira.
— Eu não estou pedindo! — Respondeu séria.
Yelena ficou alguns segundos a olhando, e com aquelas palavras ecoando em sua mente, assentiu. Tomou a menina pelas mãos e correu o máximo que podia e direção a saída. Haviam ainda alguns guardas no caminho, mas nada do que não pudesse cuidar, não é mesmo?
— Rendam-se! Não há como escapar. — Ordenou um dos guardas, Yelena levantou as mãos fingindo rendição enquanto Natália pegou um cano de ferro que estava no chão e acertou a cabeça do mesmo.
— Não fui eu que te ensinei isso, viu?
A ruivinha sorriu jogando o ano no chão.
A coisa só ficou complicada, quando chegou na porta, que por sua vez estava repleta de guardas. Elas recuaram. Yelena sacou as armas e olhou para a menina.
— Isso não vai ser nada fácil, baixinha. — Deu um passo a frente e estalou o pescoço. — Eu gosto de desafios.
De fato um dos maiores desafios que já tivera na vida, fora reconhecer que além do que havia sido criada para ser, ela era algo mais. Natasha a ensinara isso sem sequer fazer idéia do conceito. Era uma menina aparentemente frágil e ingênua, criada para ser uma máquina perfeita de destruição e morte, mesmo que ninguém nunca tivesse lhe dito o significado daquilo. Até a noite em que atirou contra o guarda no pátio da Sala Vermelha, não fazia idéia do peso que tinha um assassinato, ou de como aquilo a assombraria por anos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Operação Volgogrado | Natasha Romanoff
Fanfiction#Fanfic sem fins comerciais baseada nos filmes e HQs do universo Marvel Natasha tinha lá seus problemas com autoridade, visto isso, adaptar-se a vida como agente da SHIELD, não seria nada fácil como pensou de início. "Fury lhe disse então em sua últ...