There's a book of lies

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Harry pov.

Era bom estar de volta a Hogwarts.

Encaro o salão principal, sorrindo ao ir até a mesa da Grifinoria e me sentando de costas para a parede, vendo Rony e Hermione se sentar em minha frente, vendo com atenção os nossos colegas de turma e passando meus olhos brevemente pelas mesas das outras casas, sentindo alguns olhares sobre mim, até mesmo Draco me encarava, e ao perceber que eu o olhava de volta, o loiro deu um sorriso de lado para mim, abaixando o rosto em seguida.

Eu não sabia lidar com o loiro me tratando dessa forma totalmente nova até mesmo para nós dois.

Eu estava recebendo muitos olhares porque Hogwarts não aguenta uma boa fofoca, então todos estavam comentando sobre o ex prisioneiro de Azkaban que era, na verdade, inocente e era meu padrinho desde o meu nascimento e atual parente legal, lembrando que ele era noivo do ex professor de DCAT, um lobisomem que também era meu padrinho, sem contar que agora eu estava sem óculos e com um corte de cabelo bonito, indicando que eu era muito bem tratado pelos meus novos tutores.

Não sei dizer o porquê de os olhares sempre terem me incomodado, acho que o fato de eu ter vivido na casa dos meus tios havia quebrado minha confiança em mio pedaços, mas naquele dia eu estava tão feliz que os olhares não estavam causando nenhum efeito negativo em mim, os pedaços haviam sido colados com muito cuidado, com ajuda dos meus padrinhos e amigos ao longo dos anos, então não deixei me abalar.

Observo com atenção os professores em sua mesa, vendo que não havia nenhum rosto desconhecido, questionando qual deles seria o professor de defesa contra a arte das trevas, torcendo com tudo que havia dentro de mim para não ser Snape e ter que passar o ano ouvindo gracinhas sobre lobisomens.

Tudo bem Snape, você não gosta dos meus pais, não gosta dos meus padrinhos. Mais alguma coisa que você odeia sem razão?

Sorrio com meus pensamentos, me questionando quando eu havia ficado tão agressivo contra pessoas que queriam o mal daqueles dois.

Devia ser alguma coisa da convivência, porque até onde eu sabia, Sirius era louco.

Vejo a imensa fila de adolescentes de 13 anos entrar pelo extenso corredor, seguindo até o banquinho com o famoso chapéu seletor em cima, sendo chamados um por um para a seleção das casas, se distribuindo pelas longas mesas e sendo recebidos com muita festa e bagunça pelos veteranos, algo que eu finalmente pude participar, afinal, nos outros anos sempre acontecia algo que me impedia de assistir.

Sorrio ao ver Dumbleodore se erguer para fazer seu discurso inicial após todos alunos estarem devidamente sentados, dizendo as regras que todos nós já estávamos habituados e explicando que este ano em Hogwarts haveria um evento que envolvia duas outras escolas, passando a palavra para um homem do ministério.

Eu estava prestando atenção em tudo o que ele falava, mas após ele dizer que era apenas para maiores de 18 anos eu dei de ombros e comecei a brincar com minha gravata.

Não é como se eu tivesse algum interesse no torneio tribuxo, então saber que além de eu não querer eu não poderia participar, eu fiquei muito satisfeito.

Um torneio onde o campeão precisa sozinho passar por missões perigosas e correr risco de vida apenas para ganhar um troféu? Eu sabia que o premio também concedia alguns mil galeões ao vencedor, sem contar a tal glória eterna, mas eu não tinha interesse nisso.

Meu único interesse era me formar, viver com meus padrinhos e me tornar um auror bom e competente, seguindo a linha que meus pais haviam iniciado e me tornando alguém forte o suficiente para proteger aqueles que eram importantes para mim, mantendo uma lista com poucas pessoas pela qual eu daria minha vida para manter em segurança.

Eu estava bem distraído, contando quantas listras vermelhas tinham no tecido da minha gravata quando o som ensurdecedor do teto trovejando se fez presente, me tirando de meus devaneios e me fazendo olhar para cima de nós o que era enfeitiçado para mostrar o céu estrelado e que agora estava coberto de nuvens e com vários raios cruzando uma extremidade a outra com muita força.

Na ponta da mesa dos professores, um homem corcunda sai de uma brecha escura, apontando a varinha para o alto e fazendo algum feitiço não verbal que fez as nuvens sumirem, deixando as estrelas voltarem a brilhar como se nada tivesse acontecido, guardando sua varinha nas vestes e seguindo até o diretor, que o recebeu com um abraço contente.

— Esse teto maldito. — Ele diz de mal humor, fazendo uma careta que deixava seu rosto cheio de cicatrizes ainda mais torto.

— Este é Alastor Moody, o novo professor de defesa contra a arte das trevas de vocês. — O diretor diz de forma sorridente, passando a palavra novamente para o homem do ministério no qual eu não prestei atenção no nome.

O homem volta a falar sobre o torneio, dizendo coisas sobre o perigo e sobre ter consciência na hora de colocar o nome no cálice, que por ser um artigo magico, não tinha volta, e eu, bom, eu continuava contando as linhas na minha gravata, dessa vez focando nas douradas.

—... O campeão estará sozinho... — Foi a última coisa que minha mente captou daquele longo e interminável discurso, rindo sozinho ao pensar que eu realmente não iria querer colocar meu nome naquilo.

Sabia que provavelmente eu era o único satisfeito com a barreira de idade para participar, mas não deixei essa informação guardada apenas para mim, concordando com a Hermione toda vez que a morena dizia ser muito perigoso para bruxos inexperientes.

Após o fim de toda a falação costumeira, tivemos a entrada das escolas que iriam participar do torneio conosco, e foi algo de tirar o folego.

A entrada elegante e refinada foi da Beauxbaton, onde várias garotas vinham dançando de forma fluida e suave, algumas fazendo passos mais complicados de balé, dançando com tanta elegância que me senti uma peça de teatro de gente rica, vendo uma imensa mulher vir em seguida, sendo recebida com um beijo em sua mão direita dado pelo diretor de nossa escola.

Foi lindo o show.

Já a entrada dos alunos da Durmstrang foi cheia de presença, com todos os alunos mostrando força e dureza em suas expressões, usando bastões para compor o cenário e os movendo no ar em uma coreografia ensaiada, mas ao contrário das garotas, o espetáculo terminou comum dor rapazes cuspindo uma chama que voou por todo o salão em forma de dragão, sendo recolhido pela varinha de ninguém menos que Victor Krum, o apanhador mais famoso do mundo do quadribol, que vinha ao lado de um homem que foi abraçado por nosso diretor com força.

Muito intimidador, para ser sincero.

O engraçado é que, se Hogwarts fosse para uma dessas escolas nesse torneio, nós não teríamos uma entrada nem delicada muito menos intimidadora. No máximo levaríamos o coral de sapos, e olhe lá, transformando nossa reputação em algo cômico.

Não tínhamos muitos talentos em conjunto, a não ser que colocassem Sonserina X Grifinoria em um jogo de quadribol, porque aí poderiam ver eu e Draco nos matarmos pelo pomo de ouro, e isso eu tenho certeza de que seria um máximo, porque eu e o loiro dávamos excelentes shows em campo.

Com o fim do jantar, sigo com meus amigos para a sala comunal da Grifinoria, sorrindo ao finalmente entrar no dormitório, pensando que tomar um banho quente e ir dormir não seria uma má ideia, sorrindo ao constatar que os outros rapazes estavam tão cansados quanto eu e não iam sugerir nenhum jogo antes de dormir.

Vou até o banheiro, tirando meu uniforme e sorrindo ao ver o colar com um pingente que pendia abaixo dos meus ombros, quase na altura dos meus mamilos, encarando o objeto com uma atenção. Era um pingente bonito, uma pedra vermelha em volta de fios de prata que imitavam raízes, formando uma peça muito bonita.

Eu sabia que a cor era apenas o coração Grifinório dos meus padrinhos pesando, mas eu havia adorado, afinal, também era a minha casa.

Por ter feitiços a prova d'água no objeto, não o tiro para tomar banho, considerando que o colar só saia quando eu quisesse o tirar, entrando embaixo da água quente e sorrindo ao sentir a temperatura ser bem recebida por meu corpo.

Não me demoro no banho, saindo do local com um pijama quentinho e envolto em fumaça, indo até minha cama, sorrindo ao me sentar no colchão macio e pegando um livro, dando a desculpa de que iria ler um pouco antes de dormir e fechando as cortinas ao redor da minha cama, pegando o celular em baixo do meu travesseiro e mandando uma mensagem para Sirius.

"Vai haver um torneio tribruxo na escola." Escrevo na tela, sorrindo ao receber a mensagem quase no mesmo segundo.

"Isso não parece ser bom. Eu e Remus vamos até Hogwarts pela manhã conversar algo com Dumbleodore e aproveitamos para ver você." Ele responde e eu sorrio de lado.

Amanhã eu veria os meus padrinhos, eu não poderia estar mais feliz.

Amanhã nossa primeira aula era de feitiços, conjunta com a Sonserina. 

Encaro meu diário de Hogwarts, um caderno com todas as anotações para iniciar o ano letivo e local onde os nossos prazos apareciam quando um professor passava algum trabalho ou marcava provas, notando que esse ano tínhamos mais aulas conjuntas com a Sonserina que no ano passado.

Eu não entendia muito bem a lógica de misturar duas casas que não se davam bem com tanta frequência, mas a ideia do diretor parecia ser que essas brigas diminuíssem com o costume ou que apenas nos tornássemos amigos.

Dou de ombros, guardando o caderno em cima do criado mudo e me deitando para dormir.

Amanhã ia ser um dia bom.

Fecho meus olhos, sentindo o cansaço da viagem me alcançar e meu corpo relaxando, a brisa gelada invadindo o quarto e sendo impedida de me alcançar pelo grosso edredom que me cobria.

Algumas horas depois, acordo ao ouvir a voz de Hermione no dormitório, estranhando ela estar ali, mas não questionando, me levantando com calma e abrindo a cortina da minha cama, vendo que ainda era cedo pela pouca luz que havia no ambiente.

— Seus padrinhos já estão aqui. — Ela diz com a expressão calma, sorrindo para mim com gentileza.

Concordo com a cabeça, ainda muito sonolento para absorver a notícia e indo para o banheiro, tomando um banho rápido e vestindo a calça e a blusa do uniforme após colocar as lentes, pegando minha mochila, a capa, gravata e cachecol e saindo do dormitório, vendo a ruiva tentando acordar um muito sonolento Ronald Weasley.

Passo pela passagem do quadro da mulher gorda com pressa, sorrindo de forma radiante ao ver meus padrinhos do outro lado do corredor conversando de forma tranquila, me jogando em ambos com animação.

— Bom dia, furacão. — Remus diz com humor e eu deixo uma risada baixa escapar, encarando Sirius com um sorriso enquanto ele arrumava meu cabelo que pela pressa eu nem havia penteado.

— Você não usa o uniforme completo? — Ele questiona com a voz baixa, contendo um sorriso.

— Uso, mas como 'tá muito cedo, eu acho que vou tomar café antes de terminar de me arrumar. — Digo de forma calma, vendo Remus sorrir em aprovação.

— Isso, gostamos de ver você arrumado. Com o uniforme bonito. — Remus diz com carinho, passando a mão por meus fios e os arrumando de um modo estiloso.

— Você fica muito parecido com seu pai com esse corte. Ainda mais usando o uniforme desse jeito. — Sirius diz com um sorriso melancólico no rosto e eu senti que podia brilhar de tão radiante eu estava.

Ser comparado ao meu pai me deixava tão feliz que era difícil lidar, porque eu sabia que independente das coisas horríveis que Snape me dizia, meu pai havia sido um grande homem, e após ouvir o que Minerva e Remus me diziam, eu tinha mais certeza de que ele havia sido incrível, e eu apenas queria ser um homem tão extraordinário quanto ele havia sido.

— Vamos tomar café juntos? — Pergunto com um sorriso animado, vendo Remus olhar o relógio e sorrir.

— Vamos sim. Temos uma reunião com Alvo para resolver aquelas coisas que conversamos mas temos um tempo. — Remus diz com calma e eu me viro para Sirius, vendo ele com aquele sorriso bobo ainda em seu rosto.

— Vamos logo então porque eu estou faminto. — Digo já segurando na mão de ambos e começando a nos guiar para o salão principal, sorrindo de forma muito animada.

Era o melhor primeiro dia de aula do mundo.

Nada poderia me tirar daquela bolha de alegria.

Nada.

Bless Yourself - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora