65 - Emboscada

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R.D.: Eu não acredito! — Reclamou nervosamente enquanto retirava os fones que usara para ouvir as gravações das escutas.

PEARL: O que houve? — Perguntou do sofá do escritório. A pérola continuava acompanhando a diamante aonde ela fosse, mas ao mesmo tempo mantinha distância frente ao estado emocional que a outra se encontrava desde que interrogara Erik Crawford.

R.D.: Apenas sons do ambiente, acredita? Passos, arrastar de cadeira, o som da televisão, do chuveiro ou de comida sendo feita, mas nenhuma palavra! Nenhum telefonema ou conversa, nem um resmungo sequer! Isso é ridículo!

A diamante bufou tentando se acalmar enquanto apoiava os cotovelos sobre sua mesa e a cabeça em ambas as mãos, pensando à respeito de tudo. Mais uma vez não possuía informações por causa de comportamentos atípicos como se soubessem o que ela havia feito.

Começava a repensar em sua ida ao local do encontro ou sua busca por Igor Stanislav. Vault poderia estar esperando que ela aparecesse lá antes, não que ela estivesse em perigo, mas poderia estar sendo atraída para lá para afastá-la de outro lugar e ela não gostava nada dessa possibilidade. O que a fez deixar os celulares à vista e à mão o tempo todo nas últimas horas. Sobre o irmão de Vault, também já deveriam ter feito algo à respeito, afinal várias pessoas escutaram Karl falando sobre ele e Hassum. Ambos já deveriam estar fora de alcance ou escondidos.

PEARL: Aqui. — Disse atraindo a atenção da diamante. A pérola lhe oferecia uma caneca preta. — É café. Bem forte.

R.D.: Obrigado. — Agradeceu desanimada enquanto pegava a caneca, não conseguindo olhar Pearl nos olhos.

Bebeu um gole sentindo o calor afetar sua forma lhe acalmando um pouco. Era estranho como a temperatura não afetava seu corpo pelo exterior, mas afetava pelo interior. De certa forma gostava daquela dualidade, pois explicava como ela podia sentir um frio no abdômen de vez em quando ou um calafrio ou ainda uma onda de calor acolhedor lhe preencher o peito.

Pearl respondeu o agradecimento da diamante com um aceno de cabeça e voltou ao seu lugar no sofá para então tomar em suas mãos uma xícara de chá.

R.D.: Achei que já teria me enchido de perguntas à essa altura. — Comentou observando a pérola tomar seu chá com toda a compostura que a posição e o local lhe permitiam.

PEARL: Estou esperando você se acalmar, mas pode falar se quiser. — Respondeu com estranha calma considerando que seu olhar carregava certa inquietação e desaprovação.

R.D.: Falar o que? Que torturei Crawford até ele me dar o endereço do EdGun? Ou que eu não estou dando a mínima para o fato de Stephanie ter sido degolada por minha causa? [pausa] Ou quer que eu diga algo sobre o cara que eu atirei na garganta?

PEARL: Algo por aí.

R.D.: Não me orgulho, mas não me arrependo. Eram todos desgraçados que eu já queria ter matado quando os conheci. Talvez com exceção do Karl, mas ele não era menos desgraçado do que os outros, só ia com a cara dele.

PEARL: Mesmo assim causou a ele grande dor, sofrimento e humilhação.

R.D.: Demônio. — Respondeu simplesmente dando de ombros enquanto tomava seu café.

PEARL: Não estou lhe julgando, apenas não gosto nem aprovo as suas ações. É como se minha presença aqui não fizesse diferença.

R.D.: Confesso que estou mais descontrolada do que da última vez, mas antes eu caçava um homem apenas e as crianças não estavam comigo, não eram alvos claros e específicos. A questão é que... Estou com medo disso tudo dar errado e eles pagarem o preço. Quanto mais tempo demora, mais impaciente e maluca eu fico. [pausa] Se houver mesmo um delator no meio dos agentes, se você não estivesse aqui eu já teria feito algo bem pior, como estripar Vault naquela lanchonete mesmo. O pouco de sanidade que estou mantendo vem de você, Pearl.

Red Diamond 2: O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora