90 - Nem Branco nem Preto

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Depois da chegada dos guardas escolhidos por Malak e sua aceitação tanto por parte da diamante vermelho quanto por parte das pérolas, Red Diamond se dirigiu aos aposentos de Karina o mais rapidamente que pode, mas sem chamar muita atenção, pois estava preocupada com a jovem gork e a última coisa que precisava era ter algum tipo de revolta dos habitantes do planeta por acharem que podiam usar Karina contra ela.

Chegou até a grande porta do quarto da gork e dispensou os guardas, então bateu nas gigante chapa de madeira algumas vezes.

R.D.: Karina, sou eu, Red. Posso entrar? — Perguntou colocando um ouvido na porta para tentar ouvir uma resposta, porém nada veio. — Estou entrando! — Avisou mais alto do que antes e entrou no quarto.

Karina estava deitada na cama, de costas para as janelas, cujas cortinas estavam fechadas. Ao entrar Red Diamond observou o local, notando pedaços de roupas rasgados pelo chão.

R.D.: Karina? — Chamou, mas não obteve resposta além de um leve som de choro.

A diamante se aproximou da cama e se sentou de forma a encostar suas costas nas de Karina. Queria dizer muitas coisas, mas não tinha ideia de por onde começar, então permaneceu em silêncio.

Ficaram assim por alguns minutos, conectadas pelas costas em silêncio enquanto o choro de Karina diminuía até desaparecer.

KARINA: Dói? — Perguntou numa voz falhada e parcialmente rouca.

R.D.: O que? Minha pedra? — Perguntou confusa, afinal muitas coisas doíam nela.

KARINA: Isso.

R.D.: Estava pior antes, mas agora só dói um pouco. Você tem uma mão pesada, sabia? — Brincou.

Karina se remexeu na cama se colocando numa posição sentada, com os joelhos no peito, tendo seu corpo coberto pelo lençol da cama.

KARINA: Como você se sentiu depois de devorar Duncan? [pausa rápida] Quero dizer, como se sentiu ao conseguir sua vingança?

R.D.: Me senti bem. Um sentimento de missão cumprida. Por quê? — Perguntou se virando de forma a ficar de frente para Karina.

KARINA: Então por que me sinto tão mal? Eu consegui minha vingança também, mas não era o que eu esperava.

R.D.: Isso não é para todo mundo. Além disso, varia conforme a pessoa de quem queremos nos vingar. Você ouviu Duncan, tenho assuntos inacabados com White Diamond, mas nem por isso eu quero fazer com ela o que fiz com ele. Eu a amo e odeio ao mesmo tempo. Duncan, eu só odiava mesmo.

KARINA: Eu venho te odiando há milênios! Era tudo o que eu conseguia pensar! Não faz sentido...

R.D.: Você estava com raiva sim, mas não ódio. Dúvidas e incertezas. Queria me encontrar e ter certeza que eu era o monstro que você imaginou exterminar. Bem, eu sou um monstro, mas acho que de um tipo diferente do que você esperava.

KARINA: Você é a mesma que me lembro. Talvez um pouco mais segura e confiante, até mais poderosa, mas de resto é a mesma... Como pôde fazer aquilo com a nossa família, Talshi?

A palavra atravessou a diamante como uma lâmina em chamas. Karina a chamava de Talshi desde que foi reconhecida como consorte de Guida, o que praticamente fazia de Red Diamond a madrasta dela, no entanto o termo tinha o mesmo peso que Talshan, que significava "mãe".

Red Diamond suspirou fundo tentando conter as lágrimas e se acalmar o suficiente para se explicar.

R.D.: Na época eu não era muito mais do que uma escrava com privilégios para as outras diamantes. White me mandou conquistar o planeta e eu obedeci. [pausa] Eu pedi para sua mãe ordenar que os Gorks deixassem o planeta e se refugiassem em Donner, mas ela recusou, seria uma desonra para eles. Então sugeri que mandassem os jovens, vocês não poderiam desobedecer a chefe. Pelo menos isso ela aceitou.

Red Diamond 2: O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora