Matheus, após a conversa com Vic, vai para casa para pelo menos trocar a camiseta que com certeza não iriam querer essas manifestações politicas na Câmara dos Deputados.
Chegando em casa, todas as luzes estavam apagadas, Matheus entra, larga a mochila no sofá da sala, fecha a porta e liga a luz com a outra mão, ao se virar toma um susto.
Uma mulher com aparência de uns 60 anos está na janela. Ela tinha cabelos castanhos compridos com alguns fios prateados espalhados, um nariz comprido que Matheus havia herdado, um olhar perdido observava a movimentação na rua, usava uma camisola cinza e na mão esquerda uma aliança já bastante gasta com anos.
— Mãe... o que você faz de pé a essa hora?
— Eu... eu ouvi um barulho e vim ver o que era.
— Na janela, mãe?
— Sim... podia ser... podia ser algo...
Matheus chega do lado da sua mãe e lhe dá um abraço lhe beijando a sua cabeça, ele não era muito alto mas era maior que ela. Ele sabia o que vir ver esse barulho significava pra ela.
— Roberto... você voltou... — diz a mãe de Matheus colocando a mão em seu rosto — Anne voltou com você? Onde ela está? Está no quarto dela? Eu preciso abraçá-la, preciso ver nossa filha, meu amor!
Matheus abraça sua mãe forte.
— Não, mãe. Sou eu, Matheus.
— Ah sim, Matheus, meu filho. Você chegou da escola tão tarde...
— Da faculdade, mamãe. Você não tomou seu remédio hoje, não é?
— Esses remédios só me dão sono. Eu quero olhar o movimento.
Matheus sabia bem porque ela queria ficar olhando para a janela. Ele solta sua mãe e vai até a cozinha pega um copo de água e do armário tira um comprimido de Rivastigmina.
— Pronto. Toma.
Sua mãe pega o copo e toma o remédio.
— Você vai querer que eu vá me deitar agora, não é? — diz sua mãe triste.
— Sim, por favor.
Matheus entra no banho e deixa a água quente cair pela sua cabeça e percorrer o corpo inteiro, sua cabeça viajava em mil momentos diferentes ao mesmo tempo, sua irmã, seu pai, a noite no galpão, Renata, Vic, as informações da Fundação.'
Ele sente um calafrio na espinha, e se tudo desse errado? Se ele fosse preso ou até mesmo morto? Quem cuidaria da sua mãe, o que a manteria viva, pois talvez Matheus fosse a última força que ela tinha.
Matheus sai do banho já com a roupa de que pretende usar, dessa vez ele está com uma calça e jaqueta jeans e uma camiseta vermelha sangue da banda Arctic Monkeys.
— Matheus? — chama sua mãe.
— Oi, mãe. — responde ele entrando no quarto, sua mãe já estava deitada com uma coberta pesada cobrindo seu corpo inteiro e deixando somente sua cabeça de fora, a peça estava bastante gelada com um ar condicionado que devia estar na temperatura perto de 12 graus.
— Você está bonito. Vai sair?
Matheus suspira.
— Não sei...
— Não sabe?
— Talvez eu saia com uma garota...
— Uma garota? — diz ela virando e olhando nos olhos dele, Matheus assente com a cabeça, mas acaba desviando o olhar, não queria mentir pra sua mãe, mas não queria preocupar ela com seus planos e ideias malucas. — Porque nunca ouvi falar dela? Eu ouvi falar dela?

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Powerless
Ficção CientíficaEm um mundo onde a maioria das pessoas nasce com super poderes, Matheus, um ser humano que nasceu sem dom algum, se vê obrigado a lutar para salvar seus amigos e buscar vingança pelo seu passado.