Capítulo 6

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Matheus e Daiyu seguem agora juntos até o estacionamento, por mais que não soubesse bem o que estava fazendo, Matheus se sentia bem por estar finalmente fazendo algo certo e ajudando alguém.

— Então, como é esse carro? — pergunta Daiyu.

Matheus para por um instante, ele nunca tinha visto o carro e não tinha noção alguma de como o carro era.

— Eu nem imagino...

— Nem imagina?

— É, mas deve ser algo estiloso! Aquele cara tava sempre se achando o máximo e querendo se mostrar, não vamos ter problemas para achar.

— O problema é se algum guarda nos achar primeiro, né?

— Vamos com calma, vai dar tudo certo.

Eles finalmente chegam até o estacionamento, Matheus fica apertando o botão de destravar o carro para todos os carros luxuosos que ele via, já se passaram mais de 30 minutos e parece que ele já tinha apontado para todos os carros daquele estacionamento.

— E aquele? — pergunta Matheus já cansado.

Era um carro pequeno azul celeste, um New Beetle, um modelo lançado no começo do milênio, uma versão revitalizada do fusca um carro bastante popular de quase 100 anos atrás. O carro estava todo limpo e brilhante, parecia que acabara de sair da loja.

— Não é esse, ele é muito pequeno, não tem como caber tudo aí dentro.

— Daiyu, não se trata de tamanho por fora, é uma dimensão de bolso, então o carro pode ser do tamanho que for. Vou testar.

Matheus aperta o botão e as luzes do carro piscam e eles ouvem um clique das portas destravando. Matheus sorri aliviado, abre a porta do carona e faz um gesto para que a moça entre, após dá a volta e entra no lado do motorista.

De dentro o carro não parecia maior como Matheus imaginava, ele tinha os dois bancos da frente e na parte de trás é que começava a mudar, ao invés de ter porta-malas e o banco traseiro, o carro tinha um pequeno corredor que dava para uma porta de madeira bonita com e trinco dourado. Matheus liga o carro e ao ouvir o barulho do motor, suspira. Matheus coloca as mãos no volante e para por um instante.

— Você sabe dirigir, né? — pergunta Daiyu.

— Sei, sei... É que no momento que sairmos aqui, não tem mais volta.

— Com medo?

— Não. Na verdade, isso é o que eu sempre quis. Não do jeito que eu quis, mas como eu sempre quis, não sei se você entende...

— Na verdade não, mas — Daiyu é interrompida por uma luz de lanterna bem na cara deles, ela se abaixa rapidamente para se esconder. Matheus coloca a mão na frente dos olhos tentando enxergar alguma coisa, mas não consegue identificar nada. Será que haviam descoberto que ele estava com Vic e estavam vindo prendê-lo? Ele tenta se acalmar, se fosse o caso, não há nada que ele pudesse fazer.

A luz que antes estava na frente do carro começa a dar a voz, vai até a janela do motorista, Matheus houve duas batidinhas que indicavam que era pra baixar o vidro.

— Com licença, eu acho que esse carro, não é seu, não é mesmo? — pergunta a voz que vinha do outro lado da luz enquanto o vidro abaixava.

— Oi, então, o assessor pediu para eu levar o carro dele para limpar.

— Ah, Matheus é você! — a lanterna abaixa e quando os olhos de Matheus se acostumam, ele reconhece o rosto.

— Doug! — era um dos guardas que cuidava do prédio.

— Tudo bem por aí? Porque você está no carro do senhor Jairo?

— Ele me pediu Doug, pediu para levar o carro para lavar e aqui dentro ia sujar a vaga dele, então tinha que ser lá fora...

Doug levanta a lanterna e olha pra dentro do carro.

— Você tá sozinho aí?

— Cla-claro... — diz Matheus tentando sorrir, o silêncio paira por um instante, o guarda olha sério para o rosto do rapaz, como se tentasse analisasse cada pequeno movimento do seu rosto.

— Olha, Matheus. Cê tá ligado que esse carro aí do senhor Jairo, ele gastou uma nota pra comprar né? Se esse carro voltar com um arranhãozinho, você perde seu emprego e até talvez sobre pra mim.

— E-eu sei.

— Posso te contar uma história? — diz Doug se recostando sobre a janela do carro.

Matheus meio que sem muita opção, assente com a cabeça tentando sorrir, ele tentava de canto de olho ver se Daiyu estava bem escondida, mas era impossível que ele visse.

— Uma vez a muito tempo atrás, quando eu era novo assim como você, eu sai com o carro do meu pai para ir encontrar uma garota que eu era muito afim, ela era daquelas loiras de cabelo comprido que você não acreditaria que deu bola pra mim e tinha uma bunda... — diz Doug fazendo com as mãos, Matheus continuava com aquele sorriso amarelo ouvindo um assunto que ele não tinha interesse algum.

— Nós fomos ver as estrelas na montanha que tem lá fora da cidade, — continua Doug — mulheres adoram essas coisas e eu óbvio aproveitei pra tirar uma casquinha, mas o mais estranho aconteceu depois, enquanto estávamos lá no bem bom, eu sinto uma coisa estranha nas minhas costas... algo gelado e metálico. ERA UM LADRÃO! O salafrário queria me roubar quando eu tava mais descuidado, mas você sabe como é, quando a gente é homem e tá com uma mulher, não podemos deixar as coisas assim, então eu peguei e virei pedra, por essa ele não esperava. Saiu correndo na hora!

— Doug? Doug tá aí? Câmbio! — Matheus e Doug notam que o comunicador do guarda começou a soltar a voz de um outro guarda, o rapaz fica mais nervoso, esse podia ser o comunicado de que ele estava sendo procurado.

Doug pega o comunicador da cintura e vai colocar na boca, mas para um instante para falar com Matheus antes.

— Vai lá, rapaz, não vou te prender aqui.

— O-ok, obrigado, Doug. — diz Matheus respirando fundo e ligando o carro, ele consegue ver pelo retrovisor Doug falando no seu comunicador, ele tenta não ir muito depressa pra não chamar a atenção, mas ao mesmo tempo sente medo de ir muito devagar caso o guarda descubra que tem de pará-lo.

— Ei, Matheus! — o rapaz olha pelo retrovisor mais uma vez, Doug vem correndo para que ele pare mais uma vez. Eles ainda estavam muito longe da saída do estacionamento então não seria uma possibilidade aumentar a velocidade para fugir, seus últimos momentos antes de ser preso estavam sendo gastos, Matheus podia sentir.

— Matheus... — diz Doug ofegante chegando mais uma vez na janela. — Moral da história?

— Ahn? — não entende Matheus.

— Do que eu falava antes, a moral da história é. As vezes damos sorte e conseguimos nos proteger, mas nem sempre dá e pra você não é tão fácil assim e se a menina te proteger pega mal pra você, não é mesmo?

Matheus sem entender concorda com a cabeça.

— Então, se protege, não só com camisinha, mas não para em qualquer lugar pra fazer isso pq você pode acabar se ferrando. Toma cuidado... e você também, menina! — diz Doug acendendo a lanterna para o banco do carona e vendo Daiyu levantando e ajeitando o seu cabelo com mechas azuis todo bagunçado.

— Oi... — diz ela envergonhada.

— Eu não vou contar pra ninguém, viu garoto? Mas não faz nenhuma besteira.

Matheus assente com a cabeça e finalmente consegue sair do estacionamento, ele e Daiyu estavam livres, porém seria apenas o começo da sua jornada.

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⏰ Última atualização: May 12, 2021 ⏰

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