Matheus conseguiu convencer Victoria de que o melhor a se fazer era juntar mais informações sobre as pessoas desaparecidas e que a Fundação estava procurando mesmo sem terem cometido nenhum crime.
Mas esse tempo extra coletando informações custou caro.
Abrindo a porta vinha o assessor Jairo rindo e conversando com Carol, mas os dois param assustados ao ver a cena: Uma moça ruiva parada logo atrás de Matheus com uma arma apontada para a cabeça do rapaz, que atordoado com tudo que acontecia, parecia realmente assustado.
— Ei, o que está acontecendo aqui? — pergunta Jairo.
— Cala a boca, coroa! Sai da minha frente se não eu estouro a cabeça desse filha da puta aqui!
— Ah garota! Você tem que ter muita coragem pra invadir esse gabinete, mas também tem que ter muita má sorte pra pegar logo esse garoto como refém. Você não sabe o que ele é? Nunca parou pra ver as notícias né? — diz Jairo apontando para um jornal que estava emoldurado na parede que mostrava o deputado Ricardo Reis abraçado com Matheus com letras garrafais bem grandes falando sobre a inclusão de um inapto no gabinete. — Se você matar ele vai estar me fazendo um favor...
Vic segura a arma mais firme, Matheus consegue sentir o dedo dela deslizando no gatilho.
— Matheus, tudo que eu te falei, sobre meu pai, sobre o garoto da geladeira. Não era pra saber sobre sua irmã, era tudo verdade. Foge daqui, eles em breve vão saber que você estava envolvido. Vê se para de fazer besteira e destrói esses merdas.
Vic empurra Matheus pra cima de Jairo e mete um tiro direto em Carol que cai no chão com o impacto, logo em seguida a ruiva corre em direção a porta e sai correndo.
— Diabos! Não posso deixar essa menina escapar — xinga Jairo, tirando Matheus de cima de si e correndo atrás de Vic enquanto grita pelos seguranças.
Matheus se levanta e vai ver Carol, ele não acreditava que Vic tinha uma arma, era algo tão perigoso, ele não se lembra quantas vezes ouviu histórias de armas explodirem na mão de quem tentou atirar usando elas.
— Eu acho que vou morrer, Matheus... Como isso dói. — choraminga Carol segurando uma área da sua barriga.
Matheus tira o pendrive rapidamente do computador e vai socorrer Carol.
— A bala entrou pela barriga e saiu por trás pelo jeito, você tem que segurar forte pra estancar o sangue.
— Aquele bosta, me deixou aqui e nem perguntou como eu tava...
— Eu sempre te falei que ele não se importava com você. Nem tudo é sobre presentes e luxo, você podia ter morrido.
— O que tava acontecendo aqui? Porque aquela mulher te fez de refém?
— Eu... eu acho que ela queria pegar algum dinheiro aqui dentro, talvez achou que eles guardassem algo aqui.
— Que burra, nunca que um deputado vai ter dinheiro no próprio gabinete. Ainda mais o Ricardo que é tão honesto.
— Todo mundo na volta dele é desonesto né? Só ele que não é...
— É o que parece, ele faz tanta coisa pra ajudar as pe... Ai! — exclama Carol sentindo Matheus colocar um pano sobre sua ferida e apertar.
— Tem que segurar firme pra estancar o sangue.
— Aquele paspalho era pra estar me levando para o hospital agora. Você viu como ele me tratou? O safado me tratou como...
— Como me trata? — interrompeu Matheus — Acho que você ouviu quando ele disse que eu podia morrer que não teria problema. Vem, vou te colocar na sua cadeira, não é bom você ficar deitada aí.
Matheus leva Carol para a mesa dela na frente do computador e senta-se na sua, ele aproveita para colocar o pen drive e ver que informações estavam contidas nele.
Ele abre os arquivos e a primeira coisa que procura é pelo nome de sua irmã, Julianne, não encontra nada, após procura o do seu pai, Roberto, em meio a tantos não encontra nada também, mas um nome em meio a todos os outros chama a sua atenção.
— Syaoran Zhou? Aonde eu vi esse nome?
— É o pai da garota — responde Carol.
— Garota?
— É a japinha que veio mais cedo aqui. Ela tava procurando o pai.
Matheus entra nos arquivos, parece que o Syaoran havia descoberto os planos de construir a tal máquina da Fundação e obviamente eles não gostaram nenhum pouco, então ele foi obrigado a fugir, provavelmente se pegassem a menina, ela seria torturada para dar informações mesmo não sabendo de nada.
A porta do gabinete abre novamente, entra Jairo todo suado, mas com uma cara de vitorioso.
— Pegamos a safada! Vão levar ela pra fundação.
— Os guardas pegaram você quer dizer não é? — retruca Carol irritada.
— E vocês? Estão bem?
— Eu levei um tiro, Jairo!
— Carol, claro, deixa eu ver isso! — diz o assessor se aproximando da moça.
Matheus viu ali a oportunidade para ir embora antes que começassem a fazer perguntas, se levantou, pegou o pen drive, foi até o escritório de Jairo rapidamente para pegar uma coisa e saiu de fininho. Jairo e Carol estavam muito ocupados brigando para se preocupar com ele.
— Cadê o garoto? Ah, não importa, vem, eu vou te levar pro hospital, Carol. Só vou pegar a chave do carro.
Jairo vai até o seu escritório e volta com uma cara confusa.
— O que foi, Jairo? Vamos logo!
— A chave... a chave do carro sumiu.
Matheus tenta andar o mais rápido que pode mas sem chamar a atenção, ele suava frio, sentia até vontade de vomitar, não estava preparado pra esse tipo de coisa. Será que estava preparado pra entrar na Revolução? Talvez ele tivesse sido rejeitado por um bom motivo mesmo e não por ser inapto, mas isso não adiantava mais, agora ele havia cruzado uma linha da qual não podia mais voltar.
Matheus pensava em Vic, ela foi presa, ela provavelmente seria levada por onde ela mesma pesquisou, para os andares abaixo da Fundação, sabe-se lá o que fariam com ela. E tudo por causa dele, os dois amigos de Vic morreram por causa dele. Sua mãe ficaria sozinha por causa dele. Vic estava presa, talvez fosse até mesmo morta por causa dele.
Matheus precisava parar de fazer besteira, ele precisava acertar as coisas, então começou a tentar pensar em um plano, mas antes mesmo de poder pensar nisso, ele tinha que achar um jeito de sair dali. Ele tinha que ir ao estacionamento para pegar o carro de Jairo e fugir, era o melhor plano que ele conseguiu elaborar até agora.
Quando vira um corredor, ele vê uma moça sentada chorando, ele reconhece quem é, uma asiática com cabelos escuros e mechas azuis.
— Daiyu né? — diz Matheus se aproximando. A moça olha pra ele secando as lágrimas do rosto.
— Você trabalha no escritório do deputado Ricardo não é?
— Trabalhava, eu acho. Seu pai descobriu algo que eles não queriam, por isso ele fugiu. Eles não vão parar de procurar ele e nem você!
— E o que eu faço?
Podia ser que mais uma vez Matheus cometesse um erro, ele não queria colocar mais ninguém em risco, mas ele já estava em fuga e a melhor chance de Daiyu seria fugir também. Estava na hora de finalmente fazer uma coisa certa.
— Venha comigo se quer sobreviver — diz Matheus estendendo a mão para ela — Caraca, eu sempre quis falar isso!
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Powerless
Science FictionEm um mundo onde a maioria das pessoas nasce com super poderes, Matheus, um ser humano que nasceu sem dom algum, se vê obrigado a lutar para salvar seus amigos e buscar vingança pelo seu passado.