Capítulo: XV

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_Kurt!,Kurt! Acorda garoto! Eu acordo com a voz da Ana me chamando, enquanto toca levemente o meu ombro direito.

_Calma Ana...que horas são? Pergunto enquanto bocejo sonolento e me sento no chão.

_São 08:40 hrs! Pelo visto a gente bebeu tanto ontem a noite,que acabamos dormindo aqui em cima na varanda. Ela responde também com uma voz sonolenta.

Eu me levanto,e caminho até a sacada da varanda,Observo alguns carros passarem pela rua,a vizinha da Ana estava varrendo a calçada do outro lado da rua,enquanto o seu esposo tomava uma xícara de café sentado em uma cadeira na varanda lendo o jornal.

Após alguns minutos observando a rua,eu sinto o corpo da Ana me abraçar por trás.e sinto uma sensação igual a medo,mas era um medo misturado com alegria,Eu sinto o calor do corpo dela me abraçar e ao mesmo tempo eu congelo.

Ela me abraçou pelas costas,e logo após,eu pude sentir a cabeça dela encostar na minha nuca,Eu sinto que eu deveria avisar a ela para se afastar,mas algo dentro de mim, parece me impedir.

_Tá tudo bem Ana? Eu pergunto e ao mesmo tempo eu seguro as mãos dela,e as preciono no meu peito.

_Agora tá Garoto! Ela responde quase que imediatamente,e logo após ela me abraça mais ainda,A voz dela estava ainda sonolenta e muito calma.

O vento lá em cima,O silêncio,O corpo da Ana me abraçando,Eu me sinto bem,A Ana me fez sentir algo que eu achei que não existia em mim. porque nossa amizade está durando?
Porque a Ana ainda não se cansou de mim?
O que é que eu estou sentindo agora?
Na minha cabeça só existia perguntas.

_Ana! Vamos escovar os dentes, daqui a pouco eu tenho que ir pra casa! Eu digo enquanto solto as mãos dela,e me afasto um pouco, desfazendo o abraço.

_Mas você já vai? Tava tão bom! Ela diz enquanto recolhe os lençóis e os travesseiros do chão,com os lábios levemente pressionados pra cima,como sinal de desconformação.

_Preciso fazer uma coisa em casa,outro dia a gente se vê de novo. Eu respondo enquanto viro meu rosto e meu olhar para a rua novamente.

_Tudo bem! Quem sabe a gente se encontra na biblioteca, É o único lugar aqui em "Innsbruck" que a gente vai frequentemente. Ela Responde enquanto caminha para perto de mim,com o olhar também para a rua.

_Pode ser! Bom,A noite foi divertida obrigado Ana. Eu Respondo enquanto caminho até a porta do quarto dela.

_Eu também gostei de conversar com você, Até mais Kurt! Ela me responde em um tom mais alto.

_Até mais Ana! Respondo,e caminho para fora do quarto,e desço as escadas logo depois.

No caminho para casa,vou pedalando e pensando no que ouve está manhã, Pela primeira vez uma garota me abraçou de surpresa pelas costas,eu realmente não estava esperando por aquilo.

A Ana é uma garota que sempre tem mais a me mostrar,quanto mais eu a conheço, mas vontade eu sinto de tê-la por perto,Ela não parece ter muitos amigos,eu sinto medo te ser passageiro na vida dela.

No caminho para casa,eu cruzo a ponte que atravessa o "Rio Inn" a caminho de "PradI",e após alguns quilômetros eu enfim chego na rua da minha casa.

Deixo a bicicleta na frente da Garagem,e depois eu entro em casa,a porta estava aberta,então provavelmente meu pai deve ter ido trabalhar,eu entro na sala e a minha mãe estava na sala assistindo.

_Oi mãe! Eu falo com o tom da voz um pouco baixo.

_Oi Kurt! Como foi com a namorada? Ela me responde,e logo depois me pergunta rindo.

_Ela é só minha Amiga,e eu não pretendo passar disso! Eu respondo um pouco mais sério, obviamente eu fiquei constrangido com essa brincadeira.

_Ok se você diz! Mas...eu iria gostar se você encontrasse alguém pra ficar Junto! Minha mãe me diz enquanto olha para o meu rosto.

_Pode esperar sentada, dúvido que aconteça! Eu respondo mantendo minha resposta de que não pretendo ir além de amizade.

Eu gosto de ficar sozinho,eu já tenho a Ana como amiga,e ela é sortuda por eu gostar da companhia dela,eu nunca tive amizades assim e principalmente com Garotas,ser solitário fez parte da minha vida.

A Ansiedade e a Depressão, acompanhados de um vazio enorme dentro do meu peito, sempre foram muito presentes na minha vida,Eu tinha que tomar uma atitude, não poderia viver indo a psicólogos,e tomando remédios,eu tinha que fazer uma coisa.

Então eu fiz,eu aceitei que ser solitário e triste maior parte do tempo,seria toda a minha vida,Eu fiz da solidão e da minha tristeza minhas companheiras,o medo de me magoar me fez afastar muitas pessoas,e me fez perder muita coisa.

A Ana é especial pra mim,mas eu ainda não sei,se eu posso confiar nela da forma que eu estou confiando,e não vou me arriscar ao ponto de achar, que ela será "A pessoa que me salvara de mim mesmo", Não vou arriscar quebrar o meu coração e também não vou quebrar o dela.

Ela tem uma auréola muito diferente da minha, entrar em um relacionamento com ela seria como tentar unir água e fogo, Não posso deixar isso acontecer, não posso machucar ela, não vou me dar ao luxo de por nossos corações na ponta de uma espada afiada.

_Mas e se você se apaixonar,Vai ficar só na amizade? Minha mãe tem boas intenções,mas as vezes ela faz perguntas em horas terríveis para mim.

_Mãe, você não entende os meus sentimentos! Eu respondo, espero que com minhas palavras ela entenda.

_Eu sei disso filho! Você é quem deve decidir,mas você poderia se deixar a tentar! Ela responde de forma inesperada,Ela não compreende,que os sentimentos em jogo não são apenas os meus.

_Vou pensar nisso! Até depois,eu só vim pegar uma coisa no meu quarto. Respondo enquanto caminho até as escadas.

_Tá bem filho, Até mais! Ela volta a atenção para a televisão enquanto eu subo as escadas devagar até o meu quarto.

Não acho que o que eu estou sentindo agora seja amor,mas eu quero saber o que era aquela sensação de medo e prazer misturadas,A Ana me fez sentir tantas coisas, só com um simples abraço,Eu estou perdido em um labirinto onde não posso errar o caminho certo.

Meu Outro EuOnde histórias criam vida. Descubra agora