Capítulo: XVIII

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Alguma vez já se sentiu assombrado? Por alguém que você amava antes,mas que partiu muito mais cedo que o esperado. Eu me sinto assim todos os dias, não sou forte para superar as coisas facilmente.

São 20:00 horas da noite, estou me arrumando para caminhar,coloquei um casaco cinza e um cachecol vermelho,o Marco foi sair com amigos e só deve voltar muito tarde. Eu sei que ele me ama,mas pensando, não gosto de saber que eu sou um fardo enorme para ele,ele virou meu pai desde aquele dia trágico,eu preciso fazer valer a pena.

Saio pela porta da frente,fecho a porta e escondo a chave embaixo de um jarro pequeno com uma margarida. Vou caminhando pela rua enquanto observo as casas,as ruas vazias,as casas estavam iluminadas por ser noite,no céu as estrelas eram muito poucas e a lua estava cheia e brilhando muito.

Eu entro em uma rua de classe média alta,vejo casas enormes com arquiteturas diferentes,as casas estavam tão silenciosas que eu só podia ouvir os meus paços no calcamento,era a minha única companhia pela noite.

A sensação de me sentir assombrada,surge de repente,me sinto como se,meus pais me observassem,meu pai e minha mãe,era como se eu estivesse agora caminhando com os dois.

Eu sigo por outra rua virando a esquerda,uma rua longa, depois entro em mais duas ruas aleatórias,ao ir caminhando pela calçada, próxima a uma casa,eu ouço um assovio. Fico confusa,mas ao olhar para a janela do quarto no primeiro andar, Vejo o Kurt.

Sussurro olhando para ele sorrindo.
_garoto? Não acredito que é você hahaha!

Ele sussurra para mim.
_espera um segundo garota!
Logo após,ele fecha a janela e entra.
Espero 30 segundos e o vejo abrindo a porta devagar,depois a tranca e coloca a chave embaixo do tapete.

_como sabe onde eu moro? Ele perguntou colocando um casaco,cinza assim como o meu,e depois com a mão direita colocou o cabelo para trás.

_Não sabia,eu só tava caminhando mesmo! Eu respondo a ele.

_tudo bem se eu te acompanhar? Ele me pergunta e eu aceno positivamente com a cabeça, não poderia recusar. Eu estava me sentindo da forma que eu menos gosto,mas de alguma forma o Kurt me faz ficar mais forte.

Vamos caminhando pela rua que o Kurt mora,e eu percebo que já passei por essa rua uns meses atrás, antes de conhecê-lo.

_você gosta da sua rua Kurt? Pergunto.

_é bem calma,eu gosto sim! Ele responde, olhando as casas a sua direita.

_tem amigos por aqui? Eu pergunto o olhando diretamente.

_ não! Eu não costumo fazer amizades! A resposta é quase que imediata.

_entendo, você é bem fechado quanto a isso não é? Pergunto olhando para baixo.

_sim! Eu não sou muito de fazer amigos,minhas amizades não duram muito. Ele me responde.

Nós fomos caminhando em direção ao centro,ao passarmos em frente a um cafeteria,Kurt segurou a minha mão e me convidou a entrarmos.

_vem comigo? Ele me pergunta.

_claro! Vamos! Eu respondo,nunca tive vergonha de aceitar convites.

Nós entramos e nos sentamos em uma mesa próxima a janela,um senhor estava do outro lado do balcão sorrindo.

O senhor olhou para nós dois e nos deu boa noite,e disse que iria fechar em breve,por isso éramos os únicos lá naquela hora. Após alguns segundos uma garota com um cabelo longo e preto se aproxima.

_pedidos? Ele pergunta.

_Sim! Eu quero um sanduíche e alguns biscoitos, obrigado! Ele responde educadamente.

_apenas um capuccino mesmo! Eu respondo.

_Está bem,aguardem um minuto,eu já volto está bem? Ela se vira e vai em direção ao senhor do balcão.

Da janela podíamos ver a praça do centro,e a rua quase toda,a cidade era realmente linda a noite.

_Ana,eu queria saber, porque tava caminhando sozinha a essa hora? O Kurt me perguntou olhando pra o meu rosto.

_Eu tava tentando deixar alguns pensamentos de lado! Eu respondi.

_eu entendo perfeitamente como é isso! Ele responde, e eu não dúvido.

_não sei kurt, ultimamente eu tenho andado com a cabeça cheia demais!

ele segura minha mão,e ficou em silêncio, enquanto nos encaramos,ele não estava me julgando, parecia saber como eu estava me sentindo.

_Kurt,eu gosto de estar com você! sei que não é muito de fazer amigos mas...
Eu fico em silêncio de repente.

_Bom,pra ser sincero eu não achei que você iria durar muito como minha amiga,mas por algum motivo eu também gosto de Estar com você! Ele responde me olhando nos olhos.

Gosto da forma que ele é sincero,e cuidadoso ao mesmo tempo, é uma coisa que gosto muito nele.

A atendente chega trazendo os pedidos.
_prontinho! Aqui está! Se precisarem de mim é só me chamar tá bom? Ele sorri para nós.

_claro! E muito obrigado,Eu respondo.

Olho para a janela enquanto tomo meu capuccino, encontrar o Kurt agora por coincidência,foi uma sorte enorme,eu realmente tava precisando dele.

Após alguns minutos, depois de terminar, nós fomos embora após dar tchau a o senhor e a atendente da cafeteria. Provavelmente já era 20:30 hrs. Mas o Marco, conhecendo ele não estava em casa ainda,e se ele chegasse provavelmente iria ir para a sala assistir séries e depois iria pegar no sono.

Depois de alguns minutos caminhando em silêncio, nós entramos em uma rua um pouco mais escura que as outras,o Kurt parecia conhecer,e estava despreocupado,mas eu nunca tinha andado por Alí.

Eu me aproximo do Kurt e encosto meu braço,no braço dele.
_Kurt! Eu posso segurar sua mão?
Eu pergunto olhando para o rosto dele.

Kurt olha pra baixo,e em seguida para mim, dá um sorriso.
_claro que sim Ana,somos amigos! Ele responde e depois segura a minha mão,pondo seus dedos entre os meus.

Após alguns minutos, nós paramos em uma praça,e nos sentamos em um banco,eu fico pensativa, enquanto o Kurt observa uma árvore grande que fica na nossa frente.

_Ana! sempre que você estiver se sentindo assim,me liga tá bem?
O Kurt quebrou o silêncio e falou de repente, ainda com o olhar na árvore.

_Tá bem Kurt! Eu respondi com a voz mais delicada.

_sabe Ana, você é a única pessoa que anda noite adentro comigo, sinta-se especial.
O Kurt me diz, olhando para mim,e sorrindo um pouco.

_Você tem mais algum amigo além de mim? Eu respondi em tom de Brincadeira.

_Não preciso ter, você já é uma amiga e tanto pra mim. Ele responde olhando para mim, diretamente nos meus olhos.

Após alguns poucos segundos se encarando eu e ele viramos o rosto,ele começou a sorrir.

Eu gosto de ver esse "Outro Eu" do Kurt,ele parece chato, mas quando você o conhece bem, vê que ele é um livro fechado, que só se abre, quando ele mesmo deseja que se abra.

Meu Outro EuOnde histórias criam vida. Descubra agora