Capítulo: VI

30 3 4
                                    

Finalmente estou indo para casa,minha mãe já deve estar me esperando,se eu disser que eu tive contato com uma garota ela vai ficar me enchendo o saco pra sempre, não vou falar nada do que ouve hoje,vou só guardar para mim.como eu sempre faço.

Talvez ela nem se importe,mais mesmo assim eu vou guardar segredo.

Eu chego em casa,abro a porta devagar,encontro minha mãe e meu pai adormecidos no sofá,cobertos com um cobertor branco e largo.

Resolvi não os acordar para avisar que cheguei,se estão dormindo aqui e agora, é porque não estavam preocupados antes.

Eu subo as escadas até o meu quarto rápido, dando passos leves para não fazer barulho,eu entro e coloco a mochila dentro do armário do lado da cama,eu estava com planos de ir beber embaixo da ponte após sair do centro público de acesso a internet,ou da biblioteca,mais foi tudo por água abaixo.

Pego meu moletom cinza que estava em cima da cama,e meus fones de ouvido,acho que vou sair para dar uma volta agora, amanhã eu digo aos meus pais que cheguei e vi eles dormindo,aí fui para o meu quarto.

Desco até a sala,eles estão do mesmo jeito de antes,abro a porta de devagar e saio de fininho,mais não tranco a porta,para que eu possa entrar depois,se algum deles acordar e fechar,eu posso entrar pela janela do meu quarto,simples.

Deixo a bicicleta lá onde estava,presa com o cabo de fibra na frente da garagem,e vou caminhando na rua ouvindo música em um volume moderado,com minhas mãos dentro dos bolsos do meu moletom.

Quanto mais eu vou caminhando vai ficando entediante,eu gostava de caminhar antes, aí o meu pai comprou a minha bicicleta e hoje em dia eu só saio de casa com ela,muito raramente eu saio para ir aos lugares a pé.

Eu gosto bastante de ouvir música,minha cabeça fica distraída.

As vezes eu acho que meus pais prefeririam ter um filho,animado,feliz e otimista,e não alguém como eu,assim tão sem graça,e que já causou tantos problemas.

Eu sou muito diferente dos meus pais, não me espelhei em nenhum dos dois, talvez um pouco na minha mãe, que é bem séria e gostava de sair a noite quando era adolescente, diferente de mim ela saia com amigos e namoradinhos,eu saio sozinho.

Mais não tenho absolutamente nada a ver com o meu pai,nada mesmo!ele é otimista com tudo,sempre vê o lado bom das coisas que acontecem ao seu redor,e parece que nunca está preocupado com nada.

Quando eu tinha 11 anos eu fui para um acampamento,em um passeio do colégio,o meu professor de ciências aproveitou que eu era bastante calado,e não ficava perto das outras crianças,e aquele filho da puta pedaço de merda abusou sexualmente de mim.

Quando cheguei em casa,eu contei aos meus pais,e por incrível que pareça,eles não acreditaram em mim,e não aconteceu nada com o professor,isso me fez odiar eles até hoje,e eu tive que olhar aquele disgracado todos os dias no colégio.

Até hoje essa droga afeta meu psicológico bastante,triste saber que vai continuar afetando para sempre.

Ouvir música e beber me faz, não pensar nessas coisas.

Eu passo na rua do colégio,estava vazia,os postes de luz Estavam com a luz acesa, porém a luz de todos estava fraca,e a rua estava muito escura.

O colégio era enorme,e a arquitetura do exterior era muito linda,o colégio era todo pintado de branco,tinha janelas enormes e alguns pilares na frente, tinha 2 andares ao todo.

O seu interior era repleto de corredores longos,e bem largos,as paredes eram enfeitadas por quadros de turmas passadas,e os antigos Times de Basket da Escola.

Eu caminho até a porta da frente, olhando para as duas direções da rua,para ver se não vinha ninguém e que eu não fosse visto aqui a essa hora.

Subo os pedais da entrada,e fico caminhando de um lado para o outro, tentando pensar em uma forma de conseguir entrar no interior do colégio.

Talvez eu consiga abrir uma das janelas,ou talvez eu pule o muro onde fica o pátio,que o zelador guarda as vassouras e produtos de limpeza,e também é onde os adolescentes daqui vão se encontrar para dar uns "Amassos".

Parece ser o jeito mais fácil de conseguir ir para o interior do colégio,eu vou precisar me preocupar com as portas lá dentro.

Eu já fiquei várias vezes aqui no colégio até a noite, ajudando meu professor de Química a concluir alguns trabalhos.

E quando todos saem do colégio,eles não trancam as portas de chave, então provavelmente todas as portas lá dentro estão abertas.

Eu me dirijo até os fundos do colégio,e vejo o muro que dava acesso ao pátio,ao lado tinha uma árvore pequena,mais com galhos bem grossos e resistentes,resistentes o suficiente para aguentar o meu peso.

Eu subo na árvore e me sento em cima de um dos galhos,que ficavam prossimos ao muro,vou me aproximando bem devagar, até que chego a menos de 50 centímetros do muro.

Coloco meus pés ensima do galho,e com bastante equilíbrio e concentração,eu consigo ficar de pé.

Dou dois passos curtos,e alcanço o muro,o galho era alto,e estando em pé nele agora,metade do meu corpo estava ensima do muro.

Coloco os meus braços apoiados,e depois me sento, não era alto, tinha mais ou menos 2,5 metros de altura,eu pulo e consigo entrar no pátio,o bater dos meus pés com força no chão fazem um barulho alto,mais por sorte eu estou nos fundos do colégio, difícilmente alguém na rua ou nas casas próximas devem ter ouvido.

Dou algumas palmadas leves na minha camisa,e na minha calça,para retirar a poeira que avia acumulado quando eu estava me sentando no muro.

Estava bem claro,a luz da lua e das estrelas faziam aquele lugar ficar bem iluminado,a lua estava cheia e a noite estava bastante fria.

Abro a porta que dava direto na cozinha do colégio,e estava aberta,como eu já previa,caminho pela cozinha escura,usando a lanterna do meu celular para iluminar ao meu redor.

Quando chego ao refeitório,desligo a lanterna,e vejo a luz da luz iluminar tudo ao meu redor,a luz pelas grandes janelas,me deixando com uma sensação boa de estar nesse lugar.

Esse lugar nem parece o mesmo que eu frequento todos os dias,a tarde esse lugar é cheio de gente,e é bem barulhento.

As vezes quando eu me sento sozinho nessas mesmas mesas,algumas pessoas se sentam do meu lado,na maioria das vezes para perguntar o que eu estou lendo,ou o que eu estou ouvindo no celular.

Subo sobre a mesa no meio do refeitório,a superfície era escorregadia e um pouco brilhante,e estava empoeirada,fico ali em pé por alguns segundos e depois pulo de volta para o chão,o barulho que faz quando meus pés batem no chão causam um eco bem alto.

Eu vou até a porta do refeitório,a porta estava aberta,e saia em um corredor que estava com todas as luzes acesas,eu já estudo aqui nesse colégio a anos,e eu sei que tem 2 câmeras de segurança pelo corredor.

Mais eu não preciso me preocupar com elas, ninguém vai me ver e saber que eu invadi aqui quando virem as gravações, não tem nenhum motivo para eles verem as câmeras,a não ser que eu vandalise ou roube alguma coisa,eu só vim aqui para explorar.

Cada passo,ecoa,ecoa alto,o único barulho que eu posso escutar, são os meus passos,e o dos carros do outro lado da rua,e alguns cães de rua latindo.

Eu não sei qual é o motivo de eu estar aqui agora,e porque eu estou sentindo algo bom,eu entro aqui nesse lugar todos os dias,vejo os mesmos rostos e os mesmos armários, até o cheiro das pessoas eu estou conseguindo sentir.

Esse lugar é melhor,vazio.

As salas de aula,os corredores,os banheiros,sinto como se,fosse a primeira vez que eu coloco os meus pés aqui nesse lugar, não que a primeira vez tenha sido boa,mais agora é diferente, é como fazer uma viagem de anos de espera, é estranho?sim!,mais é Incrível!.

Meu Outro EuOnde histórias criam vida. Descubra agora