02. Beta-hCG

2.4K 257 207
                                    

Zayn estaciona na garagem do prédio depois de vinte minutos de trânsito tranquilo do St. Mary Hospital até em casa. Já passava das doze horas e poucos veículos cortavam as ruas na noite fria de Londres.

"Louis?" Chama o amigo que ressona baixinho, com a cabeça caída suavemente sobre o ombro esquerdo. Louis resmunga e se aconchega manhoso no banco aquecido.

Ele cutuca o braço de Louis de forma carinhosa, tentando despertá-lo. "Louis?!"

A voz de Zayn soa distante e abafada nos ouvidos dele, está sendo puxado para um sono tão extasiante, é difícil se desprender.

"Lou, acorda amigo." Zayn insiste. "Você parece bastante confortável aí, mas precisamos subir agora."

Ele se esforça para abrir os olhos, as pálpebras parecem pesar toneladas, pisca algumas vezes e esfrega o rosto com as mãos.

"Estou com tanto sono, parece que não durmo a semanas." Comenta apertando o botão para soltar o cinto de segurança.

"Eu  posso ver, precisei te chamar várias vezes."

"Pelo menos não me sinto mais nauseado, nem tonto." Ele segura a alça da bolsa e abre a porta do carro. "Estou com fome, nossa, muita fome."

"Isso é bom! Liam não deve demorar, ele vai trazer algo para você comer." Zayn desce também, pegando a bolsa do banco de trás e travando o carro em seguida.

Os dois se arrastam na curta caminhada até o elevador. Louis esfrega os olhos, se adaptando a luz, solta um grande bocejo enquanto observa as portas metálicas se fecharem. Zayn aperta o botão do sétimo andar e para ao lado de Louis, apoiando as costas no espelho frio e o puxando para perto.

"Você parece muito cansado, Lou."

"Os plantões dessa semana foram cansativos, mas já passei por piores, não sei porque me sinto tão exausto." Ele enfia a cabeça na curva entre a clavícula e o pescoço de Zayn, sentindo o perfume fresco e adocicado de sua pele.

"Talvez você só esteja ficando velho."

"Eeei, eu não sou velho." Faz um biquinho dengoso, erguendo o rosto para ver a expressão zombeteira do amigo. "Eu agrediria você se não estivesse tão fora do ar hoje, trouxa."

"Mas é verdade, Louis. Você já tem o quê, quarenta e cinco?"

"Eu só tenho trinta e um, ainda." Bate na testa de Zayn, tentando soar zangado mas sem conseguir esconder o sorriso divertido. "E você tem quase a mesma idade que eu, seu otário."

"Dois anos, eu sou dois anos mais novo que você."

"Shiiii, não é grande coisa." Exaspera.

As portas se abrem, acendendo as lâmpadas automáticas do corredor. Eles saem, andando preguiçosamente até o apartamento vinte e oito. Zayn pega suas chaves para abrir a lustrosa porta de madeira escura.

"Entra jovem idoso, estamos finalmente em casa." Ele diz em tom divertido, dando espaço para Louis entrar no apartamento.

"Vou tomar um banho, me chama quando o Liam chegar." Ele sorri para Zayn e anda em direção a seu quarto batendo os pés pelo piso de porcelanato.

As cortinas escuras do quarto estão abertas, a fina chuva caindo sobre Londres pode ser vista através das grandes janelas de vidro, os prédios vizinhos ainda têm algumas luzes acesas. No centro, a enorme cama está arrumada com lençóis macios em um cinza chumbo. Acima da cabeceira estofada, estão pendurados dois quadros com molduras modernas. Em um deles há uma mulher com as maçãs do rosto destacadas por um sorriso iluminado e grandes olhos claros numa deslumbrante fotografia em preto e branco. No outro, uma ilustração colorida abstrata em contraste com as paredes cinzas claro.

In That HospitalOnde histórias criam vida. Descubra agora