13. Endorfina

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Louis é atacado por uma confusão de pelos e latidos assim que abre a porta. O labradoodle preto com manchas brancas dá grandes saltos balançando o rabo, agitado e feliz com sua chegada.

"Ei, Cliff. Também estava com saudade de você, garotão." Ele larga a bolsa no chão e se agacha para fazer carinho entre as orelhas do cachorro eufórico.

As três horas e meia de estrada de Londres até Doncaster, no condado de South Yorkshire, onde nasceu, foram tranquilas. Louis dirigiu ouvindo seus álbuns favoritos de The Fray, comendo salgadinhos de queijo e doces, que comprou numa loja de conveniência do posto de gasolina onde parou para abastecer. O que resultou numa parada de emergência no acostamento para colocar tudo para fora.

Seu pai avisou que estaria de folga durante o sábado, então provavelmente deveria estar em algum lugar da aconchegante casa de dois andares. Só quando Louis já está esparramado no chão sendo alvejado por lambidas, o homem alto de meia idade, vestido em um jeans surrado e uma camisa xadrez, ostentando cabelos grisalhos e óculos de grau quadrados, entra na sala, sorrindo automaticamente com a cena.

Mark Tomlinson conheceu Johannah quando Louis ainda era um bebê, e todos ainda moravam em Doncaster. Ficou tão encantado por ela e pelo pequeno que não hesitou em assumi-lo quando se casaram. Dar a ele o seu nome foi apenas uma pequena parte da relação entre os dois, considerando todo afeto e cuidado oferecido ao longo dos anos. Ele o amava com tudo que tinha, andaria através do fogo pelo filho se fosse necessário.

Ele seguiu a família da esposa para Londres quando Jen e Len decidiram mudar o escritório para capital, as crianças ainda eram pequenas e as gêmeas ainda não tinham nascido. Quando o casamento acabou, aceitou uma oferta para atuar como fotógrafo esportivo e decidiu voltar para a cidade natal. Atualmente vive com a noiva e com seu cachorro bagunceiro, Clifford.

"Hey, Boo Bear, precisa de alguma ajuda aí?!" Ele estende a mão para auxiliá-lo a levantar.

"Oi, pai." Louis sorri e lhe dá um abraço apertado.

"Estava arrumando o quarto para você, nem vi quando chegou." Mark segura o rosto de Louis entre as mãos. "Você está tão bonito, filho. Tanto tempo que não te vejo."

As ruguinhas no canto dos olhos de Louis despontam ao dar um sorriso de dentes à mostra para o pai. Não o via desde as férias de verão do ano passado, quando todos os filhos passaram uma semana com Mark. Clifford rodeia os dois, ainda bastante animado com a visita.

"Senti sua falta, pai." Seu tom é carinhoso. Eles sorriem um para o outro.

Mark olha nos olhos do filho por alguns segundos, tentado a dizer o quanto parece diferente, e a perguntar o que o trouxe ali. Lembra que desde pequeno ele tende a correr para o colo dos pais quando está com problemas, no entanto apenas deixa um beijo em sua testa, com a certeza de que no momento certo ele o dirá o que se passa.

"Está com fome? Fiz almoço. Sallie já está chegando, ela trabalha só meio período aos sábados."

"Estou faminto."

"Ótimo! Então vamos." Ele diz, contente, já indo em direção a cozinha.

"Vou deixar minhas coisas lá em cima." Louis lhe diz, pegando sua bolsa do chão e a pequena mala de rodinhas jogada perto da porta. "Volto já."

Sobe as escadas devagar, com Cliff ao seu encalço.

O resto do sábado e o domingo passaram preguiçosos. Louis compartilhou as refeições com o pai e a madrasta conversando entusiasmado, principalmente sobre as irmãs e seu trabalho no hospital. Ouviu atentamente as histórias de Sallie a respeito de seu novo emprego, e de Mark sobre as fotos que fez há pouco tempo para um time de futebol local. Ficou sabendo ainda, que os dois pretendem se casar no fim do ano.

In That HospitalOnde histórias criam vida. Descubra agora