08. Cortisol

1.7K 218 181
                                    

O alerta de emergência ter soado no celular do Dr. Styles foi o subterfúgio que Louis estava pedindo desesperadamente ao universo.

Não tinha ideia de como agir depois de ter perdido a compostura e permitido que fosse chupado por um interno durante seu turno de trabalho no hospital, então se recompôs da melhor forma que pode, e cumpriu o restante do plantão de doze horas sem dar espaço para qualquer tentativa de aproximação de Harry, apesar de saber que ele queria conversar a respeito dos dois.

Louis não queria o afastar, mas os divertidamentes que controlam o seu cérebro provavelmente estavam atacando uns aos outros na sala de comando naquele momento. Não sabia o que dizer a ele, se sentia completamente incapaz de discutir o assunto, e mesmo agora depois de uma noite de sono profundo, sua mente ainda é uma sombria nuvem de caos.

É começo da manhã fria em Londres quando Louis sai de seu apartamento em Kensington, aproveitando a quinta-feira de folga para ir até a casa de seus avós em Chelsea. Têm esperança de que passar um tempo com sua família ajudará a pôr uma ordem em sua bagunça interna.

Quinze minutos depois, estaciona a Range Rover em frente a casa setenta e oito da Redburn Street, ainda é cedo e a rua está tranquila. Louis ajeita a touca preta de lã em sua cabeça antes de descer do carro, pensando se deveria ter avisado que estava vindo. Com cuidado para não escorregar na fina camada de gelo que cobre os degraus, ele sobre a escada curta que dá acesso à porta de entrada, passa um tempo procurando a chave certa em seu chaveiro e entra tranquilamente. Ele tira os tênis e o casaco no hall, a casa está quente e silenciosa, parece vazia. As meias grossas em seus pés não fazem barulho em contato com o assoalho quando ele caminha pela sala esfregando as mãos para aquecê-las. Ao entrar na cozinha encontra Jen tomando chá enquanto lê um jornal, sentada confortavelmente numa cadeira.

O ambiente tem uma extensa ilha de serviço no centro, armários modernos num tom de nude e eletrodomésticos sofisticados. O balcão comprido de mármore branco com pia dupla fica de frente para uma grande janela de vidro com vista para o jardim nos fundos da casa. O cômodo espaçoso e claro é conjugado com a mesa de jantar de madeira com oito lugares. Há um lustre imponente pendendo acima do móvel e inúmeras fotografias de família emolduradas na parede lateral.

"Louis!" Ela se levanta da cadeira, surpresa ao vê-lo, dá a volta na ilha para o abraçar.

"Oi, vó." Ele passa os braços ao redor de seus ombros, enterrando o rosto na curva de seu pescoço. Ao sentir o cheiro tão conhecido da avó, o conforto esquenta seu peito. A abraça com força.

Jennifer Poulston está na casa dos setenta anos, mas parece muito mais jovem. Seu cabelo liso tem fios brancos entre os castanhos, e cai sobre os ombros num corte contemporâneo. A pele bronzeada e macia, ostenta rugas ao redor dos olhos, mas sua expressão é jovial e simpática, o nariz comprido e as íris azuis se destacam. Ela veste uma calça jeans folgada e um suéter de lã rosa claro.

"Boo Bear, eu estava com saudade. Deixa eu olhar você melhor." Ela se afasta, espalma as duas mãos nas bochechas de Louis, o tocando com delicadeza. O analisa por um tempo, olhando nos olhos compenetrada, parecendo enxergar seu espírito, ajeita a franja que escapa da touca e fica na ponta dos pés para lhe dar um beijo carinhoso na testa. "Está tudo bem com você? Como vai o trabalho?"

"Hmm o trabalho está pesado como sempre, estou de folga hoje. Como estão as coisas por aqui?" Louis se senta num banquinho, apoiando os cotovelos na bancada.

"Ah, tudo bem, tranquilo. Vou preparar um chá para você." Ela tira uma caneca branca com um grande L preto desenhado de um dos armários, colocando a chaleira no fogão logo em seguida. "Você parece mais magro, tem se alimentado direito?"

In That HospitalOnde histórias criam vida. Descubra agora