11. Gestação

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Louis sentiu um leve puxão no abdômen quando caiu.

O olhar arregalado perpassa pelas pernas esticadas no chão até parar na barriga, suas mãos trêmulas estão tão firmes sobre ela quanto um ímã numa superfície de metal. Há uma ardência em seu antebraço, ele pode sentir o sangue escorrendo do ferimento e pingando em sua calça, mas não se move para conferir, seus olhos estão congelados numa única direção. O zumbido em seus ouvidos abafa a gritaria, tem uma vaga noção de pessoas se movimentando ao redor.

"Dr. Tomlinson?" Niall o chama diversas vezes, sem que ele demonstre qualquer reação. "Louis?"

Quando enfim ergue o olhar, encontra o Dr. Horan ajoelhado ao seu lado. Um pouco mais à frente, Harry mantém Bryant imobilizado com uma espécie de mata-leão, dois seguranças se aproximam. Mais distante, uma recepcionista consola a mulher em prantos.

"Você está bem?" Niall gentilmente toca a mão de Louis, que permanece no mesmo lugar desde o momento da queda.

Ele sabe. Louis tem certeza que ele sabe.

"Está sentindo alguma coisa?" Tenta de novo quando Louis não responde. Pode ver o temor em seus olhos cheios de água.

"Acho que não, e-eu..." A única dor vem de seu braço. Seus glúteos latejam fracamente, já que foram eles que absorveram o impacto. "Estou com medo de me mexer." Ele diz com a voz embargada.

Harry entrega o homem descontrolado ao seguranças, e logo vai até Louis.

"Você se machucou?" Pergunta ao vê-lo ainda no chão. Se abaixa na frente dele e aponta para o corte no braço esquerdo. "Seu braço."

O cirurgião finalmente olha para o ferimento no antebraço. "Droga. Devia ter colocado o jaleco de volta."

"Vem, vamos limpar isso." Harry gentilmente estende a mão.

A tensão corre por sua espinha, Louis conhece os riscos. Um tombo durante a gravidez pode deslocar a placenta, fazendo com que ela se solte do útero, o que gera sangramento e pode levar a um aborto, em especial nas pessoas que já têm alguma complicação prévia. Não acha que isso tenha acontecido, ou que tenha qualquer outro problema, mas a fração de medo em seu coração agora é infinitamente maior do que a racionalidade.

Está amedrontado em se mover, pois acha que de repente sentirá a dor intensa na pelve. Teme levantar e descobrir que está sangrando, o que seria potencialmente perigoso. Não quer ter que lidar com nada que coloque em risco a vida dentro dele.

'Por favor, Deus, isso não pode acontecer', ele pensa.

"Não vai acontecer nada." Dr. Horan parece ler seus pensamentos. "Vamos te levar para ver o Dr. Malik, tudo bem?" Ele diz, percebendo a hesitação.

Louis afirma balançando a cabeça, uma lágrima escapa e desliza por sua bochecha. Com uma expressão absolutamente confusa, Harry ajuda Niall a levantá-lo do chão.

Mesmo devagar, sua pressão cai e ele se desequilibra um pouco, os internos o sentam com cuidado no sofá, seu nervosismo é visível. Harry senta ao seu lado e o abraça pela cintura, passando a mão na base de sua coluna suavemente. O pediatra apoia a cabeça no pescoço dele e recebe um beijo doce no topo do cabelo.

A confusão na sala já se dispersou, os seguranças levaram Bryant embora. O Dr. Horan recomenda que Harry ficasse com Louis enquanto conversa rapidamente com alguém da administração do hospital, que chegou ali numa velocidade recorde.

O homem atarracado vestido num terno barato e com cheiro de cigarro, tem escrito algo como 'Supervisor Administrativo - nível I' no crachá em seu pescoço. Ele garante que há uma assistente social auxiliando a Sra. Bryant e que a polícia já foi acionada, diz ao Dr. Horan que em algum ponto os três médicos precisarão prestar depoimento sobre o que aconteceu há poucos minutos e sobre a condição do pequeno Troy. O interno explica que o Dr. Tomlinson precisa de atendimento, então o supervisor se despede com um aperto de mão.

In That HospitalOnde histórias criam vida. Descubra agora