In That Hospital

12. Dispepsia

Louis acorda com uma batida suave na porta, já passa das onze da noite. Ele pegou no sono um pouco depois da saída de Liam. Estava tão inquieto antes da chegada do amigo, e queria muito poder aliviar a tensão com um cigarro, mas isto está totalmente fora de cogitação. Depois de uma conversa apinhada de frases de apoio e conforto, seu coração e sua mente se acalmam o suficiente para que conseguisse tirar uma soneca, todo encolhidinho e enrolado no cobertor fino da cama hospitalar.

Ele ouve mais uma batida antes da maçaneta girar, abre os olhos tentando se adaptar à claridade das lâmpadas fluorescentes, a tempo de ver Harry entrar com cuidado no quarto, carregando consigo dois sanduíches de frango, um copo grande de suco de abacaxi, um recipiente descartável com uma salada colorida, uma garrafa de água e talheres, de alguma forma, tudo numa mão só.

"Olá." Ele se aproxima timidamente. "Os enfermeiros disseram que você ainda não tinha jantado."

"Não, ainda não." Louis aperta um botão na lateral da cama para reclinar um pouco mais o colchão. A sensação é de que uma centena de borboletas voam descontroladas em seu tórax, discretamente respira fundo, tentando manter a compostura. Harry está ali, Louis sabia que ele viria, mais cedo ou mais tarde.

"As opções no refeitório estavam limitadas hoje." Harry diz, gentilmente posicionando o suporte de apoio e colocando a comida na frente dele.

"Está ótimo, acabo de perceber que estou faminto." Louis se ajeita sentado. "Obrigado." Ele agradece, já com a boca cheia com a grande mordida que deu no primeiro sanduíche.

"De nada."

Harry se acomoda na cadeira que foi colocada por Liam ao lado do leito quando estivera ali. Ele observa Louis terminar de comer o segundo sanduíche e partir para a salada até ter coragem de dizer alguma coisa.

"Então..." Ele limpa a garganta antes de continuar. "Você vai ser pai."

"Sim, eu vou ser pai." Louis responde, experimentando pela primeira vez dizer isso em voz alta, agora com a certeza de sua decisão.

"Está tudo bem com você, não sentiu nada?"

"Estou bem. Zayn disse que vai ficar tudo bem." Fala com um sorriso fraco. "Obrigado por perguntar."

Harry assente.

"Com quanto tempo você está?"

O coração de Louis salta no peito, ele engole em seco. "Entrando no segundo trimestre." A resposta vaga surge do medo que se espalha em suas veias, não tem coragem de olhar nos olhos dele, encara o pote em suas mãos.

As entranhas de Harry parecem estar congelando lentamente. Pode sentir o desconforto de Louis, que claramente não gostaria de estar tendo essa conversa.

"Eu sei que não tenho direito de falar, que provavelmente tenho sido uma dor de cabeça para você desde que apareci no St. Mary's, e que você já me deu mais foras do que consigo contar." Harry suspira, mantendo a postura baixa. "Mas, porquê você não me contou que está em um relacionamento, você poderia ter me contado desde o início, eu entenderia, sem problemas." 

'O quê?'

Essa não é a pergunta pela qual Louis estava esperando. Esse é definitivamente o questionamento errado. Ele abandona a salada e afasta a bancada móvel.

"De onde você tirou isso?" Repreende, um pouco irritado.

"Você vai ter um filho..." A voz de Harry esmaece. Ergue a cabeça para encontrar olhos gélidos.

O cirurgião pediátrico aperta os nós dos dedos com força. Se dá conta do que ele está querendo dizer, sobre qual conclusão ele chegou. Harry acha que Louis tem alguém, que está grávido de outra pessoa. Sequer pensou na possibilidade de ser pai daquele bebê.