In That Hospital

21. Bradicardia extrema

Ryan Hughes já está a caminho das portas automáticas da entrada de ambulâncias da Emergência quando Harry chega correndo, seus pés escorregam no piso vinílico ao desacelerar bruscamente para não colidir com ele.

"Dr. Styles, finalmente. Onde você estava?" O cirurgião de trauma diz impaciente, ajustando as luvas de látex nos dedos.

"Desculpe, Dr. Hughes. Eu estava no banheiro, desculpe." Ele mente, misturando as palavras em sua respiração vertiginosa, vestindo a bata de proteção.

"No banheiro? Esse tempo todo?" Hughes o observa cautelosamente, nada convencido por sua resposta. Harry assente envergonhado. "Certo, só não desapareça outra vez, o domingo começou agitado, eu vou precisar de você." Ele acrescenta, descontente.

"Não vai acontecer de novo, senhor." Harry garante, acanhado pelo peso dos inflexíveis olhos acinzentados de Ryan.

Nenhum tipo de argumento funcionaria aqui, pois passar quase uma hora desaparecido de suas funções junto a traumatologia, com certeza merecia muito mais do que uma simples repreensão. Encontrar Louis no hospital naquela manhã foi muito mais difícil do que previu, ele vagou por todos os lugares possíveis, sem nenhum sucesso. Depois de procurar até mesmo nos armários de suprimentos, e começar a suspeitar de que o cirurgião pediátrico estava erroneamente escalado para o plantão daquele dia, Harry se deu conta de que era muito mais fácil apenas mandar uma mensagem perguntando onde ele estava. Perplexo com sua própria burrice, uma a mais para somar a conta crescente dos últimos dias, ele paralisou com a mão em volta do celular no bolso do jaleco, quando finalmente viu Louis através das janelas de vidro da enfermaria infantil.

Harry perdeu ainda mais tempo o admirando, transformando-se em uma poça de algodão doce derretido com a visão cativante de Louis com um bebê nos braços, e foi obrigado a voltar sem conseguir fazer nada do que planejou ao fugir do Dr. Hughes. Ainda por cima, conseguiu deixá-lo irritado. Além é claro, de dar a impressão de que é um interno preguiçoso.

"Ótimo." Dr. Hughes bufa. Meio minuto depois a ambulância dos bombeiros estaciona de ré na frente deles.

As portas se abrem e dois paramédicos empurram a maca para fora enquanto um terceiro está debruçado sobre o paciente, executando compressões ritmadas em seu tórax.

"Liam Payne, 27 anos, possível afogamento, hipotérmico, temperatura corporal de 21 graus. Sem pulso, sem sinais vitais, GCS de três." A paramédica informa, apressada em movê-lo.

Harry vê o horror nos olhos de Ryan antes da compreensão o atingir. No segundo seguinte, o rosto pálido e sem vida de seu residente se materializa em seu campo de visão. Um jovem bombeiro entrega uma prancheta em suas mãos, mas elas estão tão instáveis que mal são capazes de sustentar o objeto.

"Santo Deus, Dr. Payne." Exclama fracamente.

Liam está com o pescoço imobilizado por um colar cervical amarelo, uma faixa em sua testa acomoda a cabeça entre suportes de espuma, seu corpo está coberto por uma manta térmica laminada. Seus olhos estão fechados, pálpebras e lábios arroxeados contrastam com a pele totalmente sem cor. Há uma cânula em sua boca conectada a um balão respiratório de silicone que é manejado por outro socorrista.

"Liam, por Deus." O Dr. Hughes avança em direção a maca. "Ele é médico aqui. O que aconteceu?" Pergunta desnorteado aos paramédicos, verificando a pulso da veia carótida.

"Ele caiu no canal da Paddington Basin a algumas ruas daqui." O bombeiro esclarece em um relato veloz. "De acordo com a ocorrência, ele estava fumando um cigarro na cabeceira de uma passarela quando escorregou numa camada de gelo, bateu a cabeça na estrutura de concreto, desmaiou e caiu na água. É domingo de manhã, e ainda era muito cedo quando aconteceu, então havia poucas pessoas ao redor e nenhuma delas conseguiu resgatá-lo até chegarmos ao local, ele ficou muito tempo na água."