Capítulo XI: A Estrada Infinita

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E Luna se vê novamente na floresta. Desta vez, com Luís, que não necessita usar máscara pois seu organismo consegue suportar o ambiente.

Eles chegam no local do portal onde vão para a terra dos medíocres e entram nele. O ambiente, desta vez, não estava amarelo como na outra vez. Desta vez estava vermelho. Assim como... O Ipê!

Quando Luna usa o feitiço no Ipê, o mundo dos medíocres muda de cor também. Mas por quê?

-Vamos, Luna, temos que correr.

-Tenha calma, o Ipê não vai morrer repentinamente.

Então o Ipê está morrendo...

-Mas se o Ipê morre, eu morro!

-Cala a boca, você nem sabe o que está dizendo. Se o Ipê morrer, você vai perder os seus poderes e, não só você, como todos os outros medíocres, vão se tornar meras criaturas que estarão correndo risco de serem atacados por animálios.

Animálios são medíocres das trevas.

-Você não entende...

-Você não está entendendo. Se o Ipê morre, vocês terão a chance de plantar um novo. Demoraria alguns anos, mas ele iria devolver os poderes e a proteção. Além de que isso tudo é só uma hipótese.

-Não importa! Eu corro risco de vida, então anda logo.

Eles andam mais um pouco e se deparam com o Ipê. Mas o Ipê está maior. Está gigante. Como se fosse visto pela visão de um pardal... Ou de uma fada.
Será que..? Não.

-Como faremos para escalar isso?

-Você quem sabe voar aqui.

-É você?

-Me carrega, inbecil.

-Ah é!

Luís pega Luna no colo (como ele tem tanta força assim?) e a leva voando para o todo do Ipê, agora gigante.

Lá, eles encontram uma passagem – outro portal. Ao entrar, eles se deparam com uma estrada. O céu e a Terra são todos brancos. A Única coisa que não é branca, era a estrada vermelha.

-Luís, volte no portal e fique de olho para ele não se apagar. Caso ele se apague, você grita "conversus in portal".

Luna então começa a andar nessa estrada. Ela conhece esse lugar. É a Estrada Infinita. Não porque ela não tem fim, mas porque a maioria dos que vão, não têm coragem de chegar até o final. Mas Luna já presenciou tanta coisa que nada mais a assusta.

Ela, então, começa a caminhar. O céu e o chão, que eram brancos, agora são pretos, como se uma fumaça sombria dominasse tudo e só deixasse a estrada visível. Ela continua, firme e forte.

Luna, logo, se vê refletida dos dois cantos da estrada. Como se fossem 3 pessoas andando lado a lado. Uma das Lunas diz "Volta. Este lugar não tem piedade e vai te mostrar as coisas que você não desejaria nem pro seu pior inimigo".

A outra, porém, afirma: "Não ouça ela. Você tem suas razões de estar aqui. Não desista dos seus objetivos, continue".

A Luna verdadeira, já sem paciência, diz a ambas:

-Olha aqui! Eu não vou voltar. Eu sei o que me espera aqui e você não tem nada que ficar dando pitaco. O mesmo eu digo para você. Eu sei o que eu quero, então não fique aí com essa história de motivadora, que eu não preciso nem de você, e muito menos de você.

Luna esculachou elas duas.

Após isso, ela continuou andando tranquilamente, sem pressa. Quando ela vê a Loira Desbotada, quer dizer, Luana e seu professor, Maurício, se beijando.

-Então era essa a coisa que eu não desejaria nem que meu pior inimigo visse?

A imagem deles dois se desfez, e ela, então, vê duas luzes, aumentando cada vez mais. Parecem faróis, e parece que eles estão vindo na direção de Luna.

Luna, bem plena, observa parada a vinda das luzes. Elas vão se aproximando, e aproximando cada vez mais. Escuta-se o barulho da buzina de um caminhão quando este caminhão, ao encostar em Luna, se desfaz como poeira.

Luna sabe que tudo o que ela vê lá não é real. Ela descobriu isso da pior forma possível. Sua mãe, quando ela era pequena, a levava para esse local. Para que Luna perdesse seus medos. Perturbador, eu sei, mas Luna tem muito a agradecer a sua mãe. Sem esse "treinamento", ela seria muito frágil.

Após andar mais um pouco, e ver algumas cenas traumatizante para uns, mas nada de mais para ela, Luna resolve olhar para trás. Foi aí que ela percebe que não andou sequer metade do caminho. Na verdade, ela andou muito pouco. O portal estava bastante perto dela ainda. Ela nunca tinha chegado no fim dessa estrada antes, e agora, ela descobre que sequer saiu do lugar. Algo a impede de chegar até o final.

-Em nenhum momento eu saí desta estrada... E se..?

Luna resolve sair da estrada e continuar fora dela. Ela então percebe que a estrada infinita tem esse nome porque a estrada impede as pessoas de continuar, fazendo-as andar infinitamente.

Luna, logo, chega ao fim. Lá ela encontra outro portal, e passa por ele. Ao sair, ela se depara com o Ipê, desta vez, pequeno – muito menor que ela. Luís, que a esperava fora do portal, viu Luna maior que o pé de Ipê, e gritou:

-LUNAA, O QUE ACONTECEU?

-O portal aumentou o meu tamanho... Mais do que eu esperava.

Então é isso! Os portais não levam para outras dimensões... Os portais apenas aumentam e diminuem quem os atravessa. Isso quer dizer que as fadas que rodeavam o Ipê não eram fadas... Eram medíocres.

Luna não pensa duas vezes... Ela pega seu livro e cita o feitiço calmamente:

-Aquae Vitae. Aquae Vitae. AQUAE VITAE!

Começa, então, a se formar nuvens em cima do Ipê. As nuvens se formando resultam numa chuva, que molha a árvore. Essa água brilhava, e havia um aroma diferenciado. Um cheiro de vida. Algo inexplicável.
Luna volta ao portal, atravessa de novo a "estrada infinita" e se encontra novamente com Luís. Eles descem Luna diz a ele:

-Você está salvo agora. Vai continuar morando aqui ou vem comigo?

-Óbvio que eu vou com você. A vida aqui é muito sem graça. As escolas terríveis. Não quero ficar só aqui, na monotonia. Quero viver!

Luís e Luna voltam ao portal e voltam para casa. Enquanto Luna acompanhava Luís até em casa, Luana avista os dois andando juntinhos. Isso não vai dar certo.

Luna | Literatura FantásticaOnde histórias criam vida. Descubra agora