Capítulo XIV: Lar, novo lar

26 8 1
                                    

"Eu, Amanda Barbosa Albuquerque, deixo a guarda legal de minha neta, Luna Albuquerque, com Maurício Ferreira. Deixo, também de herança, todo dinheiro que eu possuo guardado no banco para minha neta. Para Luís Petúnia, deixo uma caixa de metal escrito 'Petúnias' e para Marbella Queen, deixo meus livros guardados em um compartimento antiinflamatório debaixo do colchão de minha cama.

Assinado: Amanda Barbosa Albuquerque

Ps: desejo que apenas Luna, Maurício, Millie e Luís venham ao meu velório, que deverá ser realizado no Ipê. Vou morrer, mas pelo menos o velório tem que ser bonito. Ah, e Luna, v"

Essas foram as últimas palavras de Vózinha antes dela perecer. Ela não conseguiu terminar a tempo a carta. Mas Luna meio que já sabia o que ela iria dizer. "Luna, você é capaz de tudo".

A única razão de termos medo de morrer é que não sabíamos exatamente o que ocorre depois, apesar de todas as crenças.
Onde Amanda está? Não faço a mínima idéia. Mas o espectro dela eu tenho certeza que ainda está na Terra.

O velório foi muito lindo. Colocou o caixão debaixo do pé de Ipê e ele a cobriu com suas folhas que, nesse dia, estavam rosas. Houve, depois, o enterro. O Ipê abriu uma vala no chão e, com suas raízes, puxou o caixão até dentro da vala.

Nasce, bem em cima do lugar que ela foi enterrada, uma planta com várias flores rosas. Crisântemo é o nome dessa planta. Isso significa que, agora, nasce mais uma família de medíocres.

Após o velório, Luna visita os escombros de sua casa, e procura os ítens que sua avó havia falado na carta. Ela procura na cama dela e, debaixo do colchão, havia vários e vários livros, todos intocados pelo fogo. Ela vê, também, a caixa de metal em cima do guarda-roupa. Ela pega os livros e a caixa e vai de encontro com Millie e Luís, na casa dela.

Ao chegar lá, ela entrega os livros a Millie e a caixa para Luís.

-Foi isso que minha vó deixou para vocês.

-Esses livros são... Os livros de receita dela? Pergunta Millie.

-São sim... Ela escreveu todos porque não gostava das receitas que havia nos livros tradicionais de receita. Ela sabia como você ama a comida dela e deixou isso para você.

-E essa caixa, tem o que dentro? Questionou Luís.

-Não faço a mínima idéia. Por que não abre?

Luís abre a caixa e vê que, nela, havia um colar, umas fotos e um saco fechado com sementes nele. Havia também um bilhete: "Essas fotos são da sua família. Esse colar é um escudo, que te protege dos não corpóreos. Quanto às sementes, plante uma e veja. Use com sabedoria."

Marbella, então, pergunta:

-Luna, você já tem onde morar?

-Aparentemente sim.

-Por que aparentemente?

-Minha vó deixou minha guarda com o Professor Jimin.

-O PROFESSOR JIMIN? Perguntam Luís e Millie ao mesmo tempo, sincronizadados.

-Eu ainda não sei o porquê, mas as minhas coisas, pelo menos as que sobreviveram, já estão indo para lá. E eu também. Passei aqui só para entregar essas coisas. Tchau gente. Vejo vocês na escola.

Luna vai saindo da casa de Millie e vê o professor a esperando. Ele a leva para sua casa e ela se espanta com a beleza dela.

-Tem uma casa muito linda, Maurício.

-Obrigado. Agora enquanto eu retiro a bagagem, entre que meu sobrinho está à sua espera.

Dentro da casa, ela se depara com uma decoração moderna, muito sofisticada, e bem bonita. No sofá, estava sentado Murilo Ferreira, o sobrinho do professor.

Ele é baixo, também de descendência asiática, porém com um traço brasileiro. Cabelos castanhos, assim como o da mãe, pele clara, baixo, olhos azuis escuros e uma cara de adolescente mimado, baixinho, também é gordinho, bem atentado. Eu já disse que ele é baixo?

Murilo, ou Murilinho como é chamado, não ficou muito contente em ter que dividir a casa com uma estranha

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Murilo, ou Murilinho como é chamado, não ficou muito contente em ter que dividir a casa com uma estranha. Ele então a disse:

-Olá, bem vinda a nossa humilde casa.

Ele falou isso num tom de criança atentada que tá aprontando uma.

-Olá, obrigada. Respondeu Luna.

Luna atravessa a porta, pisa numa linha estratégicamente colocada lá e... Nada acontece.

O sorriso malicioso de Murilo se desfaz num instante. Ele então vai em direção a Luna.

-Por que não funcionou?

-Não funcionou o quê?

-Sai da frente.

Murilinho empurra Luna e pisa na corda. Nada acontece de novo. Ele, então, pisa mais uma vez e um balde de água gelada cai na sua cabeça.

-QUE ÓDIOOOOOO!!!

Bem feito quengo. Queria aprontar, apois o feitiço caiu contra o feiticeiro.

-Então você queria me molhar!

-O que está acontecendo aqui?

-ELA ESTÁ ACONTECENDO!

-O que houve? Alguém me explique.

Maurício, então, vê a corda na porta e entende o que aconteceu.

-Murilo vai pro seu quarto.

-Mas... Mas...

-Mas nada, vai pro seu quarto agora e trate de se secar.

Murilo sobe as escadas com ódio no sangue que só faltava as veias explodirem.

-Luna, me perdoe pelo o ocorrido, ele...

-Não se preocupe, ele só se sentiu ameaçado. Eu, na idade dele, também faria o mesmo. Ou algo parecido.

Jimin apresenta a casa para Luna e a leva para seu novo quarto. Ele a deixa sozinha, ela organiza suas coisas e se senta na cama. Ela começa a refletir sobre o que havia acontecido, acaba cochilando e, por fim, dorme.

Luna | Literatura FantásticaOnde histórias criam vida. Descubra agora