chapter five

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Me surpreendi quando segui os conselhos de minha mãe, Bryce sabia exatamente pra onde ir. Minha mãe arrumou uma mochila com armas, comida e joias, caso eu precisasse de dinheiro, para mim e parti de manhã mesmo.

A viagem foi longa e estava implorando que Bryce fizesse uma pausa mas ele insistiu em ir direto. Ele estava tão exausto mas mesmo assim não parou e isso me fez amar ele ainda mais. Se tivéssemos parado, a chance de sermos atacados por alguma criatura é grande.

Graças ao Caldeirão não encontramos problemas no caminho e chegamos na Corte Noturna na noite do mesmo dia que eu sai. Bryce correu a uma velocidade impressionante durante todo o percurso. Não sei porque ele me trouxe até aqui, mas minha mãe disse para confiar nele. Bryce tem algum tipo de sentido que ele consegue saber o que é melhor para mim, onde pisar e por qual caminho não ir.

Bryce se separou de mim logo na divisa e eu continuei minha caminhada segundo suas instruções. Ele e sua família iam fazer uma pequena ronda na região pra ver se tinha algum perigo.

Ele tinha me dito para seguir as luzes e o cheiro de magia que chegaria em um lugar seguro.

Durante todo o percurso não parei de chorar. Deixar minha mãe com Tamlin não foi fácil e eu sinto que ela não está segura lá. Ela não vai se defender porque tem medo de Tamlin e talvez aconteça o pior…

Me apoio em uma árvore para respirar fundo e colocar os pensamentos em ordem. Minha mãe disse que aqui a magia gira em torno da mente, eles fazem truques e vivem lendo nossos pensamentos. Ela disse que preciso construir escudos...escudos mentais. Mas que diabos seria isso? Não tive tempo para perguntar pra ela…

Agora estou aqui, com ou sem escudos mentais, tremendo de medo de encontrar alguma coisa com a qual eu não saiba lutar. Ruel me preparou para qualquer adversário e inimigo possível, mas ainda me sinto muito insegura. Ruel nunca veio pra esse lugar e creio que ele não saiba os pontos fracos de todas as criaturas de Prythian.

Sinto um cheiro de pão e meu estômago ronca alto. Só pode ser algum truque mental, estou no meio da floresta não tem como ter alguém fazendo pão aqui. Ando mais alguns quilômetros e me deparo com uma enorme cidade que fica entre três montanhas. Lojas, restaurantes, praças e...pessoas. Ninguém aqui está passando fome, nem correndo de um assaltante. Eles estão em paz e vivendo suas vidas. A cidade é linda, acho que nunca havia visto um lugar tão belo como esse. As crianças brincavam sem se preocupar com nada, algumas pessoas estavam tocando música em algum lugar e outras pessoas dançavam alegres. Olhei pro céu e perdi completamente o fôlego. Havia pessoas...voando. Eles tinham asas enormes com garras afiadas na ponta, pareciam morcegos, mas era lindo. A cidade exalava magia e tudo era lindo. Só de olhar para a cidade, eu já fico com o peito mais aliviado e esperança me invade.

De repente me lembro que Aisha veio pra cá também. Preciso encontrá-la o mais rápido possível e contar tudo o que aconteceu. E preciso fazer um plano para tirar Tamlin do poder, minha mãe disse para eu simplesmente esquecer e construir uma vida fora da Corte Primaveril mas ela sabe que não vou fazer isso. Eu fugi com o objetivo de buscar ajuda para conseguir melhorar a situação de lá.

Aperto o passo em direção a cidade e me sento em um banco, tentando aparentar tranquilidade. Ninguém olha pra mim, na verdade ninguém repara em mim, todos estão felizes e não há desconfiança de ninguém aqui. Sorrio, encantada e contaminada pela energia dos feéricos daqui.

Tento achar alguém com um rosto mais...gentil e encontro uma mulher que parecia estar recebendo outras mulheres para alguma coisa. Me aproximo e ela me olha simpática.

—Você é do grupo de lutadoras? Está perdida? — ela pergunta e coloca a mão no meu ombro.

O grupo de lutadoras...sim! Era isso. Eu sei lutar bem e acho que ninguém vai realmente verificar se eu fui chamada.

—Sim, eu sou — falo e sorrio para ela, tentando não demonstrar o quanto estava cansada e com medo. Só nesses poucos minutos que fiquei aqui, já vi pelo menos 3 criaturas que não faço ideia do que é e de como lutar com elas. Espero não me meter em problemas.

—Pode seguir aquele grupo ali, querida. Seja bem-vinda — a mulher fala e coloca uma mecha de seus cabelos loiros atrás da orelha. Aquela mulher exalava magia, cada fio de cabelo era repleto de superioridade. Ela deve ser alguém importante para esse lugar. Talvez alguma comandante do exército daqui.

Sigo o pequeno grupo e nós entramos em uma portinha minúscula que dava para uma escada. Após minutos descendo sem parar, nos deparamos com um enorme galpão subterrâneo com alguns alvos e ringues de luta. Perco o fôlego novamente ao ver algumas meninas lutando no ringue. Elas são boas, muito boas.

Continuo seguindo o grupo e subimos pelas escadas laterais. A escada dá para um corredor largo com milhares de portas, pelo jeito são os quartos.

Sinto um cheiro familiar...o cheiro de Aisha. Começo a correr pelo lugar e o cheiro vai ficando cada vez mais forte. Bato na porta de um quarto e entro sem esperar a resposta. Lá estava ela, se alongando.

—Aisha! — corro e abraço a mesma.
—Kaia? Pelo Caldeirão, o que você está fazendo aqui? — ela fala depois de me abraçar apertado.

—Tenho que te contar tanta coisa...— começo a contar tudo o que aconteceu, desde o início. Aisha coloca as mãos na boca, assustada demais para falar alguma coisa e eu enxugo as lágrimas.

—Ruel vai proteger ela...— Aisha fala para me consolar.

—Ele não é forte o bastante...eu me sinto tão culpada — coloco as mãos no rosto e ela me abraça forte.

—Vai ficar tudo bem. Como eu te conheço já sei que você tem um plano e pode me considerar sua aliada — Aisha limpa minhas lágrimas e eu sorrio. Céus se eu não tivesse Aisha aqui não sei o que seria de mim.

—Eu não fui chamada mas aqui estou eu. Será que vai dar merda? — pergunto e ela solta uma risada alta.

—Com certeza vai, Kaia. Mas como suas intenções não são ruins, acho que eles nem vão ligar para isso — ela fala enquanto ainda se alongava para dormir.

—Você tem colega de quarto? — pergunto.
—Pelo jeito não — ela dá de ombros.
—Agora você tem — pulo na outra cama que tinha no quarto e começamos uma guerra de travesseiros.

De repente, sinto um aperto no peito, como se estivesse sufocando. Me sento na cama e Aisha me olha preocupada mas já acostumada com isso. Essas sensações tem aumentado cada vez mais e tenho quase certeza que é por conta do estresse que eu tenho passado nesses últimos dias.

—Você tem que dormir. Na verdade, você precisa dormir. — ela fala e tenta me colocar deitada na cama, mas meu corpo estava tão rígido que eu não me movia um centímetro.

Levanto e abro a janela. Preciso respirar ar fresco e tentar imaginar que tudo vai ficar bem, que ninguém vai me fazer mal aqui e que minha mãe vai ficar bem. Olho para minhas mãos e as vejo tremendo.

—Isso respira — ela fala baixinho enquanto faz massagem no meu ombro.

Ouço algumas risadas vindo da rua e olho para baixo. Um garoto, com certeza bêbado, estava sendo carregado por uma garota e um homem musculoso e de cabelos compridos. O sorriso dele... é a coisa mais linda que já vi. O som da risada dele...esse som me acalmou instantaneamente por algum motivo.

—Ele é lindo, não é? — Aisha fala e suspira.
—Conhece ele? — pergunto enquanto vejo o garoto tropeçar nos próprios pés e a garota... provavelmente sua namorada, riu tanto que ficou vermelha.

—Não — Aisha se apoia na janela e ficamos admirando ele até sua silhueta sumir no horizonte.

Foi estranho ter visto esse garoto. Foi como se eu já conhecesse ele.

𝐃𝐚𝐫𝐤 𝐏𝐚𝐫𝐚𝐝𝐢𝐬𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora