você é diferente dos outros

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jeong yunho.

Não sei de onde tirei toda essa ousadia para mandar aquilo pro Kim, mas agora já tá mandado e o que me resta é surtar sozinho. Sei que não devo me iludir com o fato de ele ter pedido ajuda na escolha da roupa justamente para mim, e realmente estou me mantendo forte, só que qualquer interaçãozinha nossa me deixa extasiado, faz-me apaixonar mais ainda por ele, e tenho certeza de que isso não é nada saudável, porque o que eu sinto e o que ele sente são coisas completamente diferentes.

eu: vocês vão pra festa do seonghwa?

san: amigo, eu não perco uma!

mingi: ai lá vai o choi pegar os amigos dele de novo

san: não reclama de mim, não. yunho só vai porque o hongjoong chamou

yeosang: e por que você sabe e a gente, não?

san: ele veio surtar comigo

mingi: poxa, yunho, sete anos de amizade jogados no lixo

eu: é que o san pega todo mundo, sabe lidar com essas coisas. vocês passam a tarde montando robô

san: CARALHO, ESCULACHOU

mingi: pois, vamos todos

mingi: se eu pegar alguém, cada um me paga 20 reais

Chegando lá, não dá nem dez minutos e já nos perdemos uns dos outros, porque o lugar é, sem exagero nenhum, enorme. Os pais do Seonghwa devem ter dinheiro para alimentar um continente inteiro. Avisto Hongjoong a alguns metros, conversando com Wooyoung e Jongho, então espero eles saírem para me aproximar.

— Ainda não entendi porque o Seonghwa postou uma foto dentro do carro num stories se a festa é dele. Tipo, não faz sentido — conta o mais novo. — De qualquer forma, vou aproveitar essa palhaçada e comer até esquecer o meu próprio nome.

— A propósito, só tem gente linda aqui, puta que pariu — o Jung dá uma olhada para o lado, onde encontro San. Eles trocam olhares. — Por isso que eu vim.

Então realmente existe algo entre esses dois, como bem desconfiávamos e o Choi continuava refutando. Salvei o contato do San como "sapinho" por causa de um incidente no primeiro ano, o nome já bastante autoexplicativo. Ele sempre sai beijando todo mundo, estando bêbado ou não; sendo garoto ou garota, ele não dá a mínima. Suponho que Wooyoung seja do mesmo jeito, pela fama que tem. Não é à toa que os dois estão juntos — e sei que esse "juntos" é ambíguo quando se trata deles, porque não são do tipo que assume compromisso.

Os amigos de Hongjoong finalmente vão embora e ele demora para me enxergar no meio da multidão. Tomara que o meu nervosismo não esteja tão visível quanto ontem. Quando nos olhares se encontram, rimos sem motivo algum, o que ameniza o peso constante em meus ombros. A atmosfera é leve, com gente dançando e bebendo ao nosso redor e música pop tocando ao fundo. Aproximo-me e digo:

— Essa saia combinou contigo — dou um sorriso tímido ao notar que foi a frase mais idiota que eu poderia sequer ter pensado em falar.

— Combinou com as minhas "belas pernas"? — Ele dá uma voltinha, e percebo que irá me provocar quanto à mensagem pelo resto da minha vida.

Temos uma conversa breve, e logo a música ao fundo toma conta da cena. Está tocando Savage da Bahari e corpos adolescentes se movem de maneira nada sincronizada ao nosso redor. O som está alto demais, então suponho que tenham mexido no volume.

— Seonghwa tem a playlist mais aleatória do universo — conta o garoto à minha frente. — Está barulhento e frio aqui. Quer ir lá pra dentro?

— Pode ser — é o que respondo, sentindo a tensão retornar aos meus ombros. Porque ir lá para dentro significa ter mais privacidade, e sei o que faremos com isso.

Ele me puxa pela mão e adentramos o casarão do Park, que é lotado de quartos. Hongjoong deve conhecer cada centímetro desse lugar, já que os dois são muito amigos. Encontramos um quarto vazio, entramos e ele tranca a porta atrás de si, ao passo que me encara como um predador se aproximando da presa. Passo a mão pela sua cintura e roubo-lhe um beijo. Noto que fica surpreso, mas ainda assim corresponde. Segundos depois, se afasta um pouco e questiona:

— O que você vê em mim, Jeong? — Seu olhar está meio trêmulo. Não consigo decifrar o que está pensando. — Você tem o seu mundinho de notas perfeitas e clubes de robótica. Por que iria querer ficar com alguém como eu?

— Você é diferente dos outros — explico, alisando seu ombro. — Você não tem vergonha de ser quem é.

— E quem você acha que eu sou?

— Alguém que eu não consigo parar de pensar — dou um sorriso sincero. — E que fica uma gostosona de saia.

Ele ri e me puxa para outro beijo, desta vez com mais vontade. Ficamos nessa loucura; puxa cabelo, puxa cintura. Ele me empurra na parede e começa a tirar a minha jaqueta, ao passo que eu o ajudo a tirar sua camisa. Caminhamos em passos desajeitados e acabamos nos jogando na cama. Eu deitado, ele sentado em mim, quase que a mesma cena de ontem. Ele se curva para beijar o meu pescoço e deixa chupões pelo caminho, me deixando louco com a sensação. Ele volta com aqueles movimentos sobre mim, tornando as coisas quentes e apertadas demais. Kim Hongjoong tem um quadril abençoado.

Faço um movimento rápido e agora sou eu deitado por cima dele, que ainda me envolve com suas pernas. Beijo sua clavícula, as linhas de seus ombros. Ele arfa, como se estivesse adorando, e então pergunta:

— Tem certeza de que quer fazer isso? Não quero te forçar nem nada.

— Nunca tive tanta certeza na minha vida — sorrio, para que acredite no que estou falando. — Não estou bêbado, Hongjoong, eu quero mesmo isso.

Dado o sinal verde, continuamos de onde paramos. Não é a minha primeira vez e muito menos a dele, portanto temos certa noção do que estamos fazendo. Ao fim da noite, há uma bagunça de peças de roupas no chão, e fico feliz de não ter bebido sequer uma gota de álcool hoje, assim nenhum detalhe será perdido.

***

Chego à escola um pouco mais tarde do que o de costume e percebo que todos aqui estão acabados, menos eu. San está descabelado e com olheiras tão profundas quanto o oceano, acho até que nem tomou banho essa manhã; Yeosang também parece estar de ressaca, a julgar por seu mau-humor incomum; Mingi não deve ter bebido ontem e é o único deles animado para uma conversa. Nós dois ficamos conversando enquanto não dá a hora da primeira aula, e por algum motivo estou muito animado para hoje, mesmo que seja o dia das piores matérias.

— Vocês transaram, né? — O Song me pergunta, e arregalo os olhos em surpresa. — Tá todo sorridente, certeza que rolou algo.

San parece acordar quando ouve isso.

— Você e o Hongjoong?! — Pergunta ele, ainda meio dormindo. Faço que sim com a cabeça. Não queria tanto alarde, mas com um amigo como o Choi, isso está fora de cogitação. — Caralho! Essa é a melhor coisa que aconteceu em 2021!

— Relaxa, acabou de começar… — o Kang toca no ombro do moreno para acalmá-lo. — Mas e você, Mingi? Pegou alguém na festa ou teremos que te pagar mesmo?

— Eu?! Hm… peguei, claro — afirma ele. — A Eunbi, do terceiro B.

— Não tá mentindo só pra a gente te dever? — San pergunta, estreitando os olhos. — Aquela garota é caminhão demais pra a sua areiazinha.

— Fácil demais duvidar de mim, nenhum de vocês viu — Mingi dá de ombros, provavelmente doido para encerrar esta conversa. — Ah! Ninguém vai falar sobre o Yeosang e o Seonghwa se engolindo no carro, não?

— Quê?! — Questiono, olhando surpreso para o Kang. — Só paga de santa, né, palhaço?

— Ah, tinha até esquecido desse mero detalhe — é a melhor desculpa que ele consegue encontrar. — Acho que eu bebi demais, aí rolou.

— Sei… — fala San, num tom duvidoso e olhar malicioso.

As Belas Pernas de Kim HongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora