As Belas Pernas de Kim Hongjoong

tem que ter draminha adolescente!

kim hongjoong.

O negócio foi o seguinte: no intervalo, Jongho estava zoando Wooyoung porque, na festa de terça-feira, San não ficou com ele, como de costume, mas, sim, com um garoto do segundo ano. O Jung, baixinho invocado barra revoltado barra puto da vida do jeito que é, me beijou sem mais nem menos, como que para provar que também pode pegar quem quiser e não precisa do Choi, pois eles nunca tiveram nada sério. Acontece que bem mais gente viu essa chocante cena, e adolescente bom é adolescente fofoqueiro, então a notícia se espalhou rápido, interpretada de maneira errada e repassada de um para outro. Só que Yunho viu tudo. Pessoalmente.

E agora eu me pego perdendo a minha própria dignidade ao tentar explicar isso para ele quando nem mesmo lhe devo nada - afinal não estamos namorando-, porque me importo com o que ele pensa. Já estou cansado de tanto ler esse tipo de mal-entendido em fanfic: a personagem vê algo que não devia, interpreta de qualquer jeito e sobra para o outro correr atrás e dizer "não é isso que você está pensando!", enquanto a primeira não dá ouvidos; daí os dois brigam por causa do orgulho, param de se falar e, depois de alguns dias, tudo volta magicamente ao normal, como se nada tivesse acontecido. E é exatamente isso que eu faço: corro atrás, digo que ele entendeu errado, porém o orgulho dele fala mais alto, grita ao pé do ouvido.

Consigo ouvi-lo chorar, uma vez que estou logo na cabine ao lado, como da primeira vez em que trocamos uma conversa não relacionada à escola. E ele não faz ideia de que estou tão perto, provavelmente. Está chorando há bastante tempo, e a aula rolando em classe enquanto nós dois permanecemos aqui. Ele disse que gosta de mim. Ele gosta de mim e agora está chorando por minha causa. Não acredito que parti o coração metafórico absurdamente frágil de Jeong Yunho, pois isso não estava entre os meus planos para este ano. Eu poderia só pedir desculpas e falar que o amo, como nos filmes, mas seria uma mentira descarada. Não o amo, não ainda. Sinto que não deu tempo de algo florescer em meu peito, por mais que este tenha dançado meio fora de ritmo ultimamente.

Quero que as coisas fiquem bem entre nós para que possamos recomeçar. Quero dar uma chance para seja lá o que venhamos a nos tornar, porque ele causa em mim alguma reação química que eu não estudei e não estou nada acostumado. Ele me disse que sou diferente dos outros, que não tenho vergonha de ser eu mesmo. Para mim, o diferente é ele, porque me olha com paixão e não com tesão. Acho que começamos com o pé esquerdo, que a atração sexual vinda antes do sentimento romântico estava longe de ser o que ele queria, entretanto, teve de aceitar de bom grado, pois veio de mim. É que Yunho tem esse ar de personagem de livro do John Green e eu detesto romances, mas não consigo detestá-lo. Ele escolheu o pior cara para gostar, sinceramente. Eu não sou a melhor pessoa para isso.

Quando meus amigos e eu vamos até o ponto de ônibus, explico a história para eles.

- Meu pau alado... - é o que Wooyoung diz sempre que está surpreso, porque foi tweetar "meu pai amado" uma vez e o seu corretor fez a frase sair toda errada. Virou nossa piada interna. - Vocês brigaram por causa daquilo? Daquele nosso beijinho todo blé? - Faz cara de nojo.

- Uhum - respondo. - E você nem sequer beija bem. Parabéns pra mim.

***

Sexta-feira. Dormi de saia ontem porque fiquei com preguiça de tirar e devo estar enlouquecendo aos pouquinhos, porque comecei a sentir que esse negócio faz parte de mim agora. Confesso que queria ter dormido com outra coisa, ou melhor, pessoa, cujos lábios não consigo esquecer de jeito nenhum. Deveria ser crime beijar tão bem e me deixar assim, Jeong Yunho, isso não é nada justo. Desde o ocorrido, ele nem olha na minha cara e nem sei porque me importo tanto com isso, só sei que dói um pouco ver o seu rostinho triste. Eu já tentei, já expliquei, já esclareci tudo, então não compreendo o motivo de ainda estar com raiva(?) de mim.