𝟷.𝟷𝟺 ☽ 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑑𝑎ç𝑎𝑟-𝑚𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑡𝑒𝑟

956 95 54
                                    

Você nunca pensou que seu corpo pudesse ser outra coisa senão machucado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Você nunca pensou que seu corpo pudesse ser outra coisa senão machucado.

Sua porta trancada.

Sua casa assombrada.

O desaprendizado está demorando muito.

(Fortesa Latifi)

𓅐


Felix fitou a parede preta acolchoada da sala, o brilho avermelhado dela fazia seus olhos arderem.

Na sala fechada, o único som audível era a música alta de fora abafada pelas paredes e os grunhidos do homem atrás de si.

Era desconfortável. A forma como seus ossos do quadril chocavam-se contra a mesa preta e gélida. Exceto por isso, todo o ato era apenas... Enfadonho. Exceto pela dor desbotada em seus ossos, Felix não sentia nada.

O membro flácido entre suas pernas, e tão irresponsivo quanto a expressão em seu rosto, era indício disso.

Ainda sentia-se vazio e distante, um balão de neblina fora do corpo flutuando pelo cômodo escuro.

Talvez se não tivesse tomado a bebida, poderia sentir. Talvez se doesse mais, ele sentiria algo.

O balão de neblina voltou-se para seu corpo quando sentiu, tão distante que não saberia se era uma memória ou não, uma mão agarrando-lhe a nuca e o imobilizando contra a mesa. Seus olhos escuros estreitaram-se, sua mão alcançou freneticamente o pulso de Kyuho em uma tentativa inútil de soltar-se.

— Não...

Kyuho não o soltou. Na verdade, apenas intensificou seus movimentos e colocou mais pressão contra sua nuca. A mesa pareceu afundar-se sobre seu rosto como um bolo de carne e sangue e Felix estava sufocando, sufocando, sufocando.

Kyuho afrouxou a mão e Felix se debateu contra ele, sua punho acertando-lhe cegamente enquanto soltava-se e cambaleava para longe. A neblina flutuante observou o homem afastar-se com um sorriso satisfeito enquanto fechava as calças e servia-se de um copo de whisky.

— Filho da puta, eu disse.... — Sua voz devia soar histérica, furiosa, apavorada. Da sua neblina, todavia, a voz apenas soava robótica.

Kyuho direcionou sua atenção novamente para o garoto que forçava-se a levantar-se, seus dedos dormentes puxando suas calças para vestir-se.

— O quê você disse?

Sem beijos. Sem tirar sua camisa. Sem segurá-lo imóvel.

— Você sabe o que eu disse — disse e, se não estivesse preso na neblina há alguns pés de distância do próprio corpo, teria mais acidez em sua voz e sua faca estaria em mãos. Mas estava distante e sua voz era apática, vazia porque seu corpo estava vazio.

Solivagant • chanlixOnde histórias criam vida. Descubra agora