0.14 ☽ ᴅᴇꜱᴘᴇᴅᴀçᴀʀ-ᴍᴇ ᴘᴀʀᴀ ᴇɴᴛʀᴇᴛᴇʀ

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⚠️Aviso de gatilho: abuso, droga, violência, estupro.⚠️


Olhos escuros e vazios fitavam a parede preta acolchoada da sala de brilho avermelhado que fazia seus olhos doerem.

Na sala fechada, o único som audível era a música alta de fora abafada pelas paredes, os grunhidos do homem atrás de si e o som violento de pele chocando contra pele.

Doía. Os ossos de seu quadril chocando-se contra a mesa preta e gélida com tanta força quanto seu rosto era esmagado contra ela, fazia Felix apenas esperar que Do Kyuho finalizasse de uma vez.

Exceto por isso, todo o ato era apenas... Enfadonho. Exceto pela dor profunda em seus ossos, Felix não sentia nada.

O membro flácido entre suas pernas, e tão irresponsivo quanto a expressão em seu rosto, era indício disso.

Seus olhos escuros permaneciam vazios.

Apenas tomando consciência novamente de seu próprio corpo quando sentiu dedos pressionarem contra sua nuca, fechando-se em um aperto firme ao redor de seu pescoço. Os olhos escuros estreitaram-se, sua mão alcançou freneticamente o pulso de Kyuho em uma tentativa inútil de soltar-se.

— Não...

Kyuho não o soltou. Na verdade, apenas intensificou seus movimentos e colocou mais pressão contra sua garganta, até atingir seu clímax e, só então, libertá-lo.

As pernas de Felix cederam até que ele caísse no chão em um ataque de tosses, sua mãos trêmulas tocavam o pescoço como se pudesse apagar a sufocação persistente que fazia seu peito queimar mesmo depois de Kyuho afastar-se de si para pegar seu copo de whisky inacabado sobre a mesa.

— Filho da puta, eu disse.... — a voz rouca de Felix tremulou silenciosamente em seus lábios, fazendo Kyuho direcionar sua atenção novamente para o garoto que forçava-se a levantar-se, seus dedos trêmulos puxando suas calças para vestir-se.

— O quê você disse?

— O combinado é sem beijos, sem tirar minha camisa ou tocar meu pescoço, você sabe disso.

Kyuho sorriu perverso, aproximando-se o suficiente do corpo do garoto apenas para deslizar seus dedos gélidos contra a pele de sua garganta.

— Desculpe — disse, embora em seu tom e feição não houvesse qualquer resquício de arrependimento. —, seu pescoço é tão bonito que é difícil controlar.

Felix empurrou-o bruscamente, olhando para o homem com tamanha rispidez que até mesmo se igualava a profundeza de sua voz áspera:

— Não faça isso de novo.

Kyuho riu, retomando a beber o líquido do seu copo de vidro, os olhos vidrados nos passos de Felix direcionando-se à porta.

— Onde pensa que vai? Não acabei ainda com você.

— Banheiro. — Felix respondeu totalmente apático, sem direcionar-lhe o olhar nem mesmo quando fechou a porta isoladora de barulho atrás de si.

Dongyul, um homem tão grande quanto um urso e de olhos tão impiedosos quanto o de seu chefe, o encarou das escadas que davam de frente para a sala de Kyuho.

Felix o ignorou, virando no longo corredor onde haviam dezenas de portas. A música alta do andar debaixo agora podia ser ouvida com maior clareza, retumbando em batidas dolorosas contra seus ouvidos já sensíveis. O corredor iluminado apenas por luzes vermelhas apenas pioravam sua visão já turva.

Como se não bastasse a bebida estranha que Kyuho o fazia beber toda vez que subia para o segundo andar, ainda haviam aquelas malditas luzes.

Seus pés arrastaram-se aos tropeços em piloto automático para a última porta e a única de tom cimento queimado. A luz mais amena do banheiro vazio diminuindo significativamente o desconforto por trás de seus olhos.

Solivagant • chanlixOnde histórias criam vida. Descubra agora