Depois de uma noite pelos bares, acompanho o Carlos pra casa dele, no subúrbio.
Subúrbio em Madrid quer dizer um lugar que continua sendo bonito e seguro, ao contrário do Brasil.
A gente tem que pegar um taxi perto da Puerta de San Vicente, um arco imenso de granito feito em homenagem a... São Vicente. Tem mais de um São Vicente, mas deve ser o da Espanha, claro. Ele foi assassinado por ser cristão. Pregaram ele numa cruz, bateram nele, abriram ele com garfos de aço e depois tiraram os ossos dele pra fora enquanto ele ainda estava vivo.
Se você quiser que te construam um arco monumental, já sabe...
Na esquina, algumas pessoas esperam, existe o costume de dividir os táxis para os subúrbios. Sempre tem gente querendo voltar pra casa nessa hora, os que vão aos bares e os que trabalham neles.
Há uma garota. Dios... Ela tem os olhos GRANDES e as mãos perfeitas e delicadas. Me lembra uma versão baixinha e morena clara da Nicole Kidman. Tenho taquicardia.
Carlos se apresenta, me apresenta, ela se apresenta. Seu nome é Petra.
Antes da gente entrar no táxi, Petra me olha com curiosidade, mas eu finjo que não ligo.
Conversamos no caminho. Ela diz que é bailarina profissional e professora de ballet clássico espanhol, ou seja, flamenco.
Carlos tenta paquerá-la, sem sucesso.
Petra desce antes que nós e paga a sua parte. A gente combina em se ver numa discoteca no dia seguinte, mas Carlos e eu não vamos.
Temos certeza que ela vai dar o bolo.
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MADRID ERA UMA FESTA!
RomanceVocê quer ser Diretor de Cinema. Você emigra ilegalmente pra Espanha. Você não sabe o que está fazendo.