A fonte revelará o que não perdem por esperar

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A Flor de Lótus - Capítulo Oito
"A fonte revelará o que não perdem por esperar"

     Dororo leu umas inscrições na pata do Leão de pedra e parecia ter deduzido algo.

- Aparentemente tem algumas letras aqui, mas na língua... Do meu antigo povo...

- Como assim? - Tahomaru estava indignado pela garota ter conseguido achar algo que até então, ele não tinha.

- Na minha aldeia, onde eu morava com meus pais quando era menor, eles usavam certas inscrições para definir um determinado lugar, quase que como um idioma para mapas - respondeu ela.

     Impressionante, Hyakkimaru não confiava em Tahomaru totalmente, ele sabia que por mais que deixasse seu segredo com o irmão, uma hora ou outra Dororo iria junto, e sabia que ele teria que deixar implícito uma parte para ela, e a outra para Tahomaru. Realmente, isso foi bem inteligente. Talvez ele tenha aprendido com aquele mapa que estava mas costas de Dororo...

- Descobri! Vejam, aqui diz que ele está a noroeste da última província de Ishikawa, que fica a umas boas léguas daqui... É um vilarejo chamado Koji, pelo que eu entendi.

- Muito obrigada pela explanação senhorita, fez muito bem, e agora sabemos onde seu irmão está, Tahomaru - disse me virando para ele.

- Pois bem, daqui em diante conseguem se virar, podem pegar um cavalo nos estábulos atrás do primeiro pavilhão, boa sorte - se despediu ele.

- Boa sorte enchendo a cara de saquê também, e tenha juízo para liderar!

- Ei, acha que podemos ir logo? Nem eu estou entendendo mais nada, Koji é a cidade rica que você mencionou antes?

     Essa moça... É realmente Dororo. Astuta como sempre, vai acabar me passando a perna se eu não for totalmente convincente.

- Sim criança, o tempo é precioso e não dispomos tanto dele, esta cidade é para onde devemos ir e com certeza terá seu dinheiro.

- Mas você não sabia dela antes? Teve que perguntar ao príncipe, está mentindo não está? Eu vou embo--

     Me desculpe novamente por isso senhorita. Por isso que dizem que mentira tem perna curta, socorro. Guardei a arma do crime na carroça, ou provavelmente ela irá arrancar todas as cordas quando acordar. Carrego o corpo de Dororo até lá também, ainda desacordado. Tendo acesso ao estábulo real, escolhi o melhor cavalo que pude observar, um grande e forte garanhão preto com cascos jovens. Atrelado à carroça, ele batia os cascos no chão, com uma certeza elegância. Já sobre o cavalo, conduzi-nos até a próxima vila, de onde encontraremos um caminho até Koji até pelo menos meio dia de caminhada.

                    ~ Quebra de Tempo ~
                         Dororo POV's on

     O que... O que aconteceu? Ai, minha cabeça... Esse velho imundo, deixe eu botar as mãos no pescoço de frango dele, ah se eu torço!!! Ahn... O que? Cordas, ótimo! Como se já não bastasse a pancada ele me sequestrou e amarrou, que lindo.

- Acordou senhorita?

- Vá se ferrar, eu quero ir para casa agora mesmo! Você não sabe com quem está lidando ve--

- Senhorita, observe o céu.

     Eu olho para cima, ainda com certo rancor, e me deparo com o céu mais estrelado que já presenciei em toda minha vida. Pude ver uma estrela cadente passar por nós, aquilo era lindo. Nem a própria Lua brilhava com tanta luz, e as estrelas refletiam tudo naquele céu negro.

- É lindo, não é? Estamos quase chegando, eu irei lhe explicar tudo assim que der.

     E com essas palavras, me calei. Voltei a deitar nas ripas de madeira velha e mofada do pequeno transporte, a olhar a imensidão do céu repleto de pontos cintilantes. Antes que pudesse perceber, já era manhã, e já havíamos chego na vila prometida.

- Aqui está, finalmente. Agora precisamos conversar pequena, escute bem. Hyakkimaru está nos esperando aqui, eu sei que é complicado de entender, mas você perdeu suas memórias, só com a ajuda dele você pode voltar ao normal. Depois de dez anos nos esperando, você já está uma moça, vinte anos nas costas e ainda sim tão igual. Eu só lhe peço, uma chance, por favor.

- Sinceramente, se isso era pra me comover, falhou miseravelmente, mas se tiver dinheiro eu topo - sorriu.

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