A Flor de Lótus

O final da Jornada

A Flor de Lótus – Capítulo Dezesseis
"O final da jornada"

                   ~ Dororo POV's on ~

     Lótus fez uma prisão de raízes para mim, e desafiou Hyakkimaru para lutar contra ela. A batalha começou e eu tentava incessantemente arrancar algumas partes da cela, sem sucesso algum, é óbvio.

   – Foi você quem amaldiçoou Dororo? Como pôde, sua bruxa! – gritou ele freneticamente.

   – Acordos são acordos, sua amiguinha ali apenas pulou as cláusulas do contrato e errou na hora de assinar. Eu só fiz o favor de... Apagar os erros? – riu de forma sarcástica.

     Hyakkimaru pulava de um lado para o outro, tentando acertar golpes na mulher, porém ela detinha magia, muita magia. Lótus era dona de uma força inestimável, isso era indiscutível. De seus longos cabelos brancos, saíam mais e mais fluxos de magia e feixes de luzes, os ataques eram constantes e eu podia perceber o cansaço do rapaz.

   – Não faça isso, ei! Ela vai te matar, fuja! – tentei alertá-lo enquanto ainda era tempo.

   – Não se preocupe – respondeu ele se desviando de mais ataques – se for para te defender, eu morrerei feliz, Dororo.

   – Idiota! Eu estou mandando parar! Pare com isso, ela é perigosa, por favor! – eu estava começando a entrar em pânico.

     Mais ataques, mais sangue, e muita luta. Parecia uma cena de filme de ação muito bem feita, seria até legal de assistir se não fosse com meu docinho. Que...? Docinho? Ah que se dane, depois eu discuto isso. Droga ele caiu, não não não!

   – Ei, sua monstra, porque não tenta lutar com quem estragou sua vida de verdade? Venha, venha acabar comigo, isso se tiver coragem o suficiente! – estava de pernas bambas, apoiadas apenas em meus instintos de proteção.

     Eu não iria deixar ele morrer, nunca, jamais. Nem se machucar tanto por minha causa. Ela deu três pulos e já estava na frente da minha jaula de espinhos venenosos. Desfez a jaula inteira e me pegou em suas garras. De perto, ela tinha um odor horrível, sua feição era terrível e seu olhar, medonho. Cravou algumas unhas em meu tórax e costelas, não muito profundamente, apenas o bastante para me arrancar alguns fios de sangue. Merda, isso dói!

   – Solte ela, imediatamente! – ele se levantou do chão pegando uma espada, estava trêmulo.

   – Pobre coitado, não aguenta nem um tapa! Se quer tanto salvar ela, porque não fazemos uma troca? – relaxou os dedos, fazendo as unhas desprenderem de minha carne.

   – Não a escute, Hyakkimaru! – eu disse antes que Lótus pudesse tapar minha boca.

   – Calada criança. Agora você, você está disposto a realmente salvá-la? Está disposto a arriscar tudo que tem? Vamos, me diga logo! – gritava como uma louca histérica.

   – Que assim se faça, então!

     Eu tentei a impedir, era muito forte para mim. De repente a única coisa que vi antes de apagar foi um clarão imenso. Quando acordei, me dei conta de que ele também estava desmaiado, ao meu lado. Caído aos pés dele, estava uma folha de pergaminho, com um bilhete. Nele dizia:

     “Seu homem teve um ato de heroísmo muito notável perante tal situação. Minha dívida com você agora está paga, graças a esse garoto. Espero que não se importe de cuidar dele assim, afinal, Hyakkimaru fez o mesmo por você não foi? Aproveite bastante meu presente, Dororo...”

   – Hyakkimaru? Hyakkimaru, por favor, acorda! Eu preciso de você, por favor...

     Deitei minha cabeça sobre seu peito, chorando. Era tudo minha culpa, se eu tivesse me lembrado antes, se eu tivesse o protegido!

   – Ei... Onde estou? – as primeiras palavras saíram de sua boca como murmúrio.

   – Hyakkimaru? Ei, eu estou aqui, estou aqui! Ela não te matou meu amor, está vivo! – peguei em sua mão.

     Devagar ele se levantou e olhou para nossas mãos juntas. Deu um sorriso meigo e me olhou com ternura seria um alívio, se não fosse pela frase a seguir.

   – Eu te conheço senhorita?