Os dias de Glória

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A Flor de Lótus - Capítulo Doze
"Os dias de Glória"

     Que manhã linda, realmente encantadora. Alguns pássaros dão rasantes baixos, planando perto das árvores menores. Estão cantando, que bela melodia. Todos eles contrastados com esse céu, ah, que céu maravilhoso. Impressionante como um dia tão bonito desses pode conseguir curar qualquer preocupação que eu tenho. Hoje vai ser o primeiro dia de treinamento do Hyakkimaru, eu não entendo como eu poderia ajudar, nem lutar direito eu sei! Mas tá né, só deles largando do meu pé já está muito mais que bom. Eu fui acordar ele pra podermos começar logo, o clima está muito bom pra um exercício matinal. Me ajoelho perto de Hyakkimaru e toco em sua mão. Ela é branca, muito branca, e ainda fria, como um floco de neve gigante. Parecia um defunto jogado no chão, se alguém mais passasse por ali, certamente enterraria o "cadáver". Ele acordou ainda sonolento, e olhou em meus olhos.

- Bom dia baixinha - e sorriu.

- Levante logo daí, e eu não sou baixa!

     Riu consigo mesmo por uns instantes. É um sorriso caloroso e bonito, muito reconfortante por sinal. Amarrou os longos cabelos negros em um rabo de cavalo para poder se movimentar melhor.

- Aqui, podem usar essas espadas - Biwamaru apareceu literalmente do nada com duas katanas de samurais.

- Onde arranjou dessas? São muito muito raras em qualquer canto de Kaga! São... Muito lindas também - comentei bastante surpresa.

- Ah não foi muito difícil, aqueles caras ali estavam segurando - apontou para dois esqueletos jogados no chão.

- A maldição dos demônios, continua ainda? - Hyakkimaru disse como se estivesse culpado.

     Todos ficaram em silêncio, o que é isso? Eu sei que as terras de Ishikawa são bem pobres mas o que isso tem a ver com maldições?

- Infelizmente, sua vitória contra seu irmão não amparou as vilas que foram assoladas pela maldição. Depois que seus pais morreram em meio a batalha, tudo continuou, já que você ainda está vivo - contou Biwamaru riscando o chão de areia com o galho.

- E por minha causa, todos ainda morrem de fome... Minha culpa.

- Não importa o que isso seja, sei lá, mas com certeza não é sua culpa. Não te conheço tão bem, mas não seria capaz de fazer mal à uma mosca! - encostei a mão no ombro dele.

     Os dois pareciam surpresos, e ele sorriu aliviado. Acho que posso confiar neles dois.

- Então use esse seu encorajamento no treinamento tampinha de saquê! - provocou Hyakkimaru.

- Ah mas você me paga!

     Ficamos umas três horas treinando sem parar, ele realmente é muito forte. Aprendemos muita coisa e o velho capenga nos ajudou um pouco. Pra alguém da idade dele é bem impressionante que ainda aguente um tapinha nas costas.

- Por hoje vamos parar e comer, amanhã será um longo dia - disse o mesmo.

- Concordo, não será muito difícil lutar com mais cinco monstros no ritmo que eu estou reaprendendo - Hyakkimaru comentou, guardando a espada.

- Como sabe que são cinco?

- Faltam cinco pétalas no seu cabelo, bobinha - respondeu ele bagunçando meu cabelo.

     Tirei a mão dele da minha cabeça e me virei para voltar para a tenda e dormir, esse cara sabe mesmo com me irritar!

- Dororo, CUIDADO!!!

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