A terceira lembrança os trará esperança

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A Flor de Lótus – Capítulo Quinze
"A terceira lembrança os trará esperança"

     Fomos puxados pela magia. Hyakkimaru continuava com sangue pingando de sua espada, então ele a guardou.

   – Reconhece esse lugar, pequena? – perguntou ele pondo a mão sobre um pilar.

   – Não tenho certeza...

     Alguns gritos vindos de uma sala ali perto, pareciam de uma mulher. Imediatamente fomos em direção ao som e vimos a antiga rainha deitada, a ponto de literalmente parir.

   – O nascimento do príncipe Tahomaru? – perguntei bem confusa.

   – Antes fosse, preste muita atenção... Agora!

     A parteira pegou a criança no colo com um lençol, e imediatamente todos no quarto soltaram um suspiro amedrontador.

   – Onde está meu filho? Eu quero vê-lo, deixem me vê-lo!!! – gritava a esposa de Daigo.

   – Senhora, eu não acho que seja uma boa ideia... É um menino mas...

     Me aproximei um pouco mais do colo da parteira, e pude ver um bebê, sem parte alguma do corpo, mas ainda sim, vivo.

   – A maldição dos Demônios...

     Assim que sussurrei estas palavras, voltamos para o lugar onde estávamos antes. O corpo do velho ainda estava no chão, algumas moscas em volta e uma incessante poça de sangue que escorria de seu pescoço. Fizemos uma cova digna dele, e realizamos o velório com respeito.

   – O trato de Daigo Kagemitsu com os demônios, eu me lembro agora! Falta pouco para podermos nos lembrar de tudo novamente, tomara que eu consiga logo.

   – Já é um progresso e tanto, estabanada.

     Sorri de leve. Era uma pena que Biwamaru tivesse morrido, eu mal me lembrei dele. Pelo menos eu tinha Hyakkimaru comigo, e ele sempre estaria lá para mim.

   – Dororo, você tem quantos anos mesmo?

   – Vinte e um, e você?

   – Vinte e sete. Não é tanta diferença assim poxa.

   – Hahaha claro que não – sorrimos.

                ~ Hyakkimaru POV's on ~

     Aquele sorriso, é como a bruma leve do verão que assopra meu rosto suavemente. Dois olhos grandes e cintilantes, como duas amoras maduras prontas para serem colhidas. Ah Dororo, meu amor por você só cresce a cada dia. Tanto tempo, tantos anos longe, eu não consigo me imaginar mais sem ela. É o motivo pelo qual eu vivo, pelo qual eu existo. Jamais poderei lhe dizer isso, somos condenados a nos encontrarmos e desencontrarmos, com certeza merece alguém melhor. Mas ainda sim...

   – Ei o que acha de irmos colher algumas amoras das sombras perto do lago? Parecem tão apetitosas e...

     Eu estava fora de mim. Totalmente determinado a conseguir possuí-la, tê-la apenas para mim. Após selar nossos lábios, sem qualquer ato ou tentativa de impedir, Dororo estava vermelha como um tomate.

   – Você é linda.

   – E v-você é um idiota, um idiota, idiota, idiota! Eu estava guardando meu primeiro beijo para alguém especial!

   – E eu não sou especial? – provoquei.

   – Claro que sim, você é...– parou um segundo para pensar – NÃO, você é um abusado, vai dormir vai!

     Ela brava fica fofinha, parece um pinscher tendo surtos de raiva. Saiu andando e latindo, ou melhor, gritando até a tenda, onde parou ficando completamente imóvel. Apontou algo atrás das moitas, com uma reação muito medonha. Me aproximei de uma moita e ela se desfez, revelando uma pessoa.

   – Ora, ora, ora! Depois de tudo que fiz para manter suas memórias seguras, querida, quanta ingratidão!

   – Quem é você?

   – Lótus, vá embora!

   – Se lembra de mim agora querida? Droga, seu idiota, isso não podia acontecer!

   – O beijo, uma das formas de acabar com a maldição era um beijo da pessoa de quem você me fez esquecer!

  – Palmas, meu anjo, realmente muito muito bom – balaçou as mãos sarcasticamente e tomou a flor da maldição.

     As pétalas secaram e ficaram de coloração escura. Lótus a passou entre os dedos e ela se desfez no ar.

   – Mas se quiser realmente ver a próxima primavera com seu namoradinho, terá de me enfrentar primeiro!!!

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