Corte de Flores e Sombra

Capitulo 37

Elain entrou em seu quarto e, em instantes, Nuala e Cerridween apareceram ao seu lado. As gêmeas a abraçaram, surpreendendo-a.

- Estamos muito felizes que esteja bem, senhorita - falou Nuala
- Sabemos que está consternada que precisou matar,- acrescentou Cerridween - mas estamos tão contentes que tenha feito isso
- Sim, - concordou Nuala - sabemos que era você ou ele e estamos muito felizes que tenha sido a senhorita a viver
- Não sabemos o que faríamos se perdêssemos você!- completou Cerridween - Nós te amamos e nunca a acharemos uma assassina. - a expressão de Elain devia denotar sua incredulidade
- A senhorita é uma heroína. - falou Nuala, percebendo, pela expressão de Elain o que ela achava do que havia feito - Salvou sua irmã, Cassian e agora a você mesma. Te admiramos muito!
- Obrigada! - Elain, que ainda estava entre os braços das gêmeas, começou a chorar - Mas... - começou a argumentar, porém Nuala e Cerridween a cortaram
- Não existe "mas" - retrucou Cerridween
- Sua atitude, nas duas vezes, foi louvável e nós estamos muito gratas por tudo o que fez. - completou Nuala - E a senhorita tem certeza de que deseja ir até a Cidade Escavada?
- Tenho sim - respondeu com uma fungada
- Aquele lugar é podre. - falou Cerridween - Estamos muito felizes que Mor já não vive mais lá e não gostamos quando eles tem que ir. Você não pertence àquele lugar. Nenhum de vocês.
- Só vou até lá com os demais para confrontar os membros da Cidade Escavada sobre o que fizeram comigo. - ela deu uma risada fraca - Não ficarei lá para sempre
- Mesmo para uma visita, você é muito gentil para estar na presença daqueles monstros. - reiterou Nuala. Elain estava pronta para retrucar, mas a meio espectro se adiantou - Nunca mais cogite se achar um monstro pelas duas vidas que tirou, porque eles, sim, eram monstros
- Você jamais será - corroborou Cerridween

    Elain chorou mais intensamente e tanto ela quanto as gêmeas apertaram aquele abraço. As meio espectro também choravam. Enquanto Elain chorava porque, finalmente, aquele peso em seu peito se fora, Nuala e Cerridween choravam de alívio, pois ela estava viva. Não sabia por quanto tempo elas ficaram naquela posição, mas as gêmeas, depois de um tempo, saíram dos braços dela e anunciaram:

- Você tem que se arrumar. - Cerridween fungou e secou os olhos
- Temos todo o tempo que quisermos para te abraçarmos e comemorarmos que ainda temos a senhorita, quando retornar. - completou Nuala também secando os olhos - Agora, vamos, sente-se para que arrumemos seu cabelo e sua maquiagem
- Vocês não vão ajudar as outras? - perguntou
- Hoje não. - respondeu Cerridween - Pedimos para que ficássemos com você e elas não se importaram

Elain deu um beijo na bochecha de cada uma delas e as obedeceu. Sentou-se na cadeira de sua penteadeira, que fora puxada para trás para que tivesse espaço suficiente para que as gêmeas pudessem transitar sem correrem o risco de esbarrar em algo. Imediatamente, Cerridween começou a escovar seus cabelos. Fechou os olhos e deixou que Nuala trabalhasse em sua maquiagem. Ao final, Elain abriu os olhos e viu seu reflexo no espelho. As gêmeas, como sempre, fizeram um trabalho magnífico: seus cabelos estavam soltos e uma trança fazia as vezes de tiara, enquanto o restante dos fios descia em ondas por suas costas. Na maquiagem fora feito algo mais elaborado: uma sombra marrom avermelhada escura fora passada no canto externo de seus olhos e o kajal preto os delirava, realçando a cor deles; um blush corava levemente suas bochechas e, em seus lábios, um batom vinho fora passado. Elain não estava acostumada a usar maquiagem forte, mas, incrivelmente, gostara de como assentara nela.

- Ficou lindo! - elogiou
- Obrigada! - agradeceram em uníssono - Qual vestido usará? - perguntou Nuala
- Ainda não sei - Elain riu

Ela caminhou até o closet e começou a passar os cabides, assimilando os vestidos. Então, ali estava, um vestido roxo que, de tão escuro, era quase negro. Elain o comprara em um de suas lojas favoritas do Palácio de Linhas e Joias. À primeira vista, aquela peça não era algo que ela usaria, mas o vestido a encantara quando o vira e, desde então, o deixara guardado no armário para que pudesse usá-lo quando a oportunidade aparecesse. Pegando o cabide, Elain estendeu o vestido na frente das gêmeas.