Capitulo 41

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Passara-se pouco mais de seis meses desde o assassinato de Beron e a acensão de Eris ao posto de Grão Senhor da Outonal e a corte já apresentava sinais de mudança. O macho reestruturara toda a equipe que associava o comandante da corte e implementara inúmeras novas leis, que anulavam outras tantas. Azriel e toda a sua família surpreenderam-se quando suas sombras anunciaram que o novo Grão Senhor não somente reduziu os impostos, como também retirara a cláusula que permitia que o súdito que não conseguisse pagar os impostos poderia ser morto como punição. A Outonal se dirigia para se tornar uma corte condizente com a nova realidade de Prythiam e não mais estaria vivendo em um passado que fora deixado para trás por quase todas as outras, tendo, agora, como única exceção a Primaveril. Eris também assinara todos os tratados que lhe foram enviados e também enviara alguns outros, promovendo um crescimento gigantesco na economia da Outonal e melhorando a qualidade de vida de todos aqueles que ali moravam. Por mais que odiasse admitir, Azriel não poderia negar que ele estava se provando um excelente Grão Senhor. Ainda que reinasse com punho de ferro, principalmente no que dizia respeito aos irmãos mais novos e aqueles mombros da corte que eram coniventes com as atitudes arcaicas de Beron, ele era bom para a sua população.
Nerine não voltara mais para sua antiga corte. Mesmo com o perdão do filho e indo visitá-lo em segredo, ela estava recomeçando a vida na Diurna. A fêmea estava mais viva do que nunca e suas sombras de referiram a ela como uma chama brilhante e exuberante. A nova Senhora da Diurna estava feliz e, tanto Azriel quanto o restante da Corte dos Sonhos estava feliz por ela e por Helion. Ele sabia o quanto o macho amava aquela fêmea e agora os dois estavam oficialmente juntos. Helion confidenciara a Mor que oferecera a Nerine o cargo de Grã Senhora, mas que ela declinara, pois detestava estar a frente da política e preferia ficar cuidando do restante das tarefas da corte do que passar horas em reuniões enfadonhas com um bando de machos que parecem um amontoado de crianças. Palavras dela. Todos riram com a notícia e se pegaram genuinamente surpresos com a fala de Nerine, pois nunca imaginaram que por trás daquela fêmea quieta e submissa existia aquela chama viva, dona de personalidade e de opiniões fortes e ficaram muito felizes com isso.
Mas, o que deixara Azriel inquieto fora a notícia que chegara na manhã anterior: Lucien estava voltando de sua viagem ao continente. Nesta incursão ele fora sozinho, pois todos temeram que, caso Vassa pisasse no território, o mago que a amaldiçoou pudesse reclamá-la e sua liberdade, que já estava com os dias contados, pudesse ser revogada mais cedo. Naquela tarde o parceiro de Elain viriam contar-lhes o que descobrira. Vassa e Jurian também estariam presentes, ela para escutar a mesma mensagem que Azriel e sua família e ele para contar-lhes a que conclusão os mortais chegaram. Enquanto o horário de chegada das visitas ainda não se aproximava, Azriel apreciava essas poucas horas para estar ao lado de Elain. Ele estava estirado em uma espreguiçadeira, com os relatórios em mãos, enquanto Elain terminava de aparar as roseiras que, segundo ela, cresceram demais. O mestre espião sorriu, pois as plantas avolumaram-se apenas o suficiente para começarem a perder o desenho que ela fizera. Ele ouvia cada "click" da tesoura e sabia que o espaçamento entre um e outro se devia ao fato de ela estar olhando de diversos ângulos onde estavam os galhos que se atreveram a estragar sua obra prima. Quando terminou, com pés suaves na grama, Elain caminhou e se sentou na espreguiçadeira ao lado dele. Azriel afastou-se para um dos cantos, abrindo espaço para ela, que se espremeu entre ele e o braço da cadeira e se deitou, com a cabeça apoiada no ombro dele. O encantador de sombras passou o braço direito ao redor dela.

- Sobre o que está lendo? - perguntou, com os olhos fixos no rosto dele
- Mais informações sobre a Outonal - respondeu e beijou-lhe a ponta do nariz. Ela sorriu e o enrugou, em um movimento que ele achava adorável
- Eris está mesmo reestruturando a corte - comentou e se aconchegou mais contra ele. Azriel sentia falta de tocá-la como gostaria e a própria Elain lhe contara em uma noite que também sentia falta de tê-lo de forma mais íntima. Mas, ambos estavam felizes por terem tido aqueles três dias e por poderem demonstrar o amor que tinham um pelo outro, sem medo, dentro de Velaris. Eles continuavam dividindo a cama e, mais de uma vez, Elain lhe roubara um beijo. Azriel, que não era bobo, não a deixou escapar tão cedo, prendendo-a em seus braços ou em seu colo e fazendo-a gargalhar. Por isso, a volta de Lucien o estava deixando tão irritado, pois teria que se afastar dela enquanto o macho estivesse presente e ele tinha a sensação que essa estadia seria prolongada
- Está. - respondeu, terminando de ler os papéis e os colocando na grama, ao lado da espreguiçadeira - Ele está se provando um excelente administrador e os membros da Outonal estão extremamente satisfeitos que ele assumiu. Parece que todos esqueceram o motivo de ele ter matado o pai e nem se incomodaram quando ele deu o perdão a Nerine, permitindo que ela retornasse - Elain riu
- Quando todos estão felizes, o que são algumas questões que poderiam ser facilmente deixadas de lado para preservar o governante que está, finamente, cuidando da população? - perguntou
- Minhas sombras contaram que a Outonal festejou por uma semana inteira quando Eris anunciou as mudanças que havia feito. - disse e virou-se para ela, passando o outro braço ao redor da cintura de Elain, sorrindo - E você? Terminou de cortar aqueles galhos rebeldes?
- Agora estão todos no seu devido lugar - respondeu, com um sorriso convencido.

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