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2 anos antes

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2 anos antes

Apertei as alças da mochila contra meu corpo e encarei minha nova escola, sempre detestei o primeiro dia em um lugar novo, porém mais que tudo, detestava a pressão de deixar uma primeira boa impressão nas pessoas, não gostava de pensar que elas sempre iam se lembrar daquele momento como uma característica para me definir. Nas escolas por onde passei, não me preocupar com o que iriam pensar de mim, fez com que muitas das minhas chances de ser tratado como alguém normal, diminuíssem.

Desde que meus pais se separaram e passei a me mudar muito para poder acompanha-los, vivendo um tempo com um, depois um tempo com o outro. Isso implicou em muitas mudanças ao longo dos anos e consequentemente muitas novas escolas, alguns bons amigos que deixei para trás e o pior, uma infância toda onde senti falta de ter um lar que eu pudesse chamar de meu.

Durante boa parte desse tempo de viagens e despedidas, eu tive a companhia dos meus irmãos, isso até eles crescerem e fugirem de toda essa instabilidade familiar. Me lembro que sofri quando meu irmão mais velho, Dong sun saiu de casa de ir morar na faculdade, nessa época, eu tentei ser forte e não demonstrei nenhuma reação na frente dos outros. Meu pai ficou muito orgulhoso de si mesmo pensando que o sorvete que ele me deu mais cedo para que eu não chorasse havia comprado meu silêncio, mas eu apenas tentei pensar que era mais uma das despedidas que eu já estava acostumado. Isso não aconteceu na partida de Mijin, o anúncio de seu casamento e de sua partida para os Estados Unidos logo depois me pegou totalmente de surpresa, fingi estar feliz por ela, mas naquela noite soube que ia perder a única pessoa realmente constante na minha vida. Eu até que consegui esconder a minha tristeza muito bem até o casamento, mas depois da cerimônia, quando eu a vi de branco pronta ir, me agarrei ao seu vestido e comecei a chorar pedindo que ela me levasse e ela foi firme como nunca antes a vi ser, disse que eu precisava ser forte e que a partir de agora eu era o único dono do meu destino. Na época eu não entendi porquê ela fez aquilo e muito menos o que suas palavras queriam dizer, se ela não tivesse me afastado naquele momento, talvez eu nunca tivesse percebido que eu deveria fazer as coisas por mim mesmo e que por mais que amemos uma pessoa, temos que cuidar de nossas próprias vidas, porque um dia elas vão embora.

Me dei conta de havia ficado parado bem no meio do caminho. Voltei a andar em direção ao prédio maior e meu coração acelerou ao ouvir o sinal tocar, corri para não chegar atrasado em meu primeiro dia. Então me dei conta de que não precisava correr porque iria pra a coordenação pra me mostrarem a minha sala. Podia apenas dar a desculpa que me perdi no prédio. Parei de correr e passei a andar confiantemente até uma parte que tinha portas de vidro e dizia coordenação.

Ouvi uma corrida barulhenta vindo pelo corredor. Virei a cabeça apenas a tempo de ver um garoto vindo na minha direção e tropeçando em mim. Caímos no chão, eu bati meu cotovelo e provavelmente ia ficar inchado, ele caiu ao meu lado, mas parecia que não tinha sofrido nada, pois levantou-se rapidamente, enquanto eu continuei deitado esperando que ele me ajudasse, coisa que não aconteceu:

Until The Sun DiesOnde histórias criam vida. Descubra agora