Sentei na beirada de um dos edifícios mais altos de Seul, que era "um contraste perfeito entre a cidade altamente movimentada e o rio que corria calmamente ao seu lado", era isso que meu pai sempre dizia. Não sei o que ele diria pra mim se me visse agora, mas com certeza não ficaria feliz de ver que esse prédio de ele tanto amou e valorizou vai ser meu destino final.
Encarei os prédios a minha frente e as criaturas disformes que saiam deles, provando que todos estavam certos quando diziam que o meu último fio de sanidade havia se perdido totalmente. Olhei de relance o garoto sentado ao meu lado que parecia tão bonito quanto da primeira vez que nos vimos. Seu rosto brilhava de uma forma incomum, talvez etérea. Meu coração acelerava e tentava repetir a mim mesmo que não era ele, que era apenas uma parte do meu subconsciente, que ele já se foi. Mas quando seus olhos me encararam, eu soube que de alguma forma ele era real.
Eu me sentia ansioso, todo o meu corpo suava e minhas mãos tremiam. Olhei para meus pés e comecei a balançá-los freneticamente pra tentar espantar o nervosismo. O mundo ficava cada vez mais escuro e conseguia sentir que eu já estava afundando, mesmo sem ter pulado. Me levantei e comecei a andar em cima do parapeito, o vento gelado projetava meu corpo frágil pra frente e meus pés descalços, mal tinham forças pra continuar andando no concreto frio. Sempre tive medo de altura e principalmente da queda daquele lugar, mas tudo isso havia acabado, não tinha medo da morte, pelo contrário eu desejava-a mais que tudo.
Olhei para Jaehyun novamente e ele me olhava como se soubesse exatamente o que estou prestes a fazer, respiro fundo e digo a mim mesmo que essa é a única solução possível, prefiro não pensar que se fosse eu que tivesse morrido, ele teria lidado muito melhor com aquela situação, ele teria sido forte e superado essa dor, mas eu não sou ele, tudo seria mais fácil se eu fosse, mas eu não sou.
As criaturas de cor escura se agitavam na água, como me esperassem. Torcia para que meu momento de consciência lá em baixo não fosse muito grande, pois a água devia estar absurdamente fria. Fechei meus olhos e senti meu corpo pender para frente tão repentinamente que achei ia cair, mas consegui recuperar o equilíbrio.
Jaehyun sempre gostou que eu dançasse para ele, me pergunto se ele gostaria de me ver dançar agora. Sempre que eu lhe mostrava os poucos passos de balé que eu sabia, ele ficava com um sorriso de orelha a orelha e me puxava pela cintura dizendo que eu era o namorado mais talentoso do mundo. Tentei limpar as lágrimas na manga do pijama, que logo ficou ensopada, mas meu choro não cessou.
Mesmo com a visão embaçada pelas lágrimas fiquei na ponta dos pés e dei um giro. Ficando extremamente perto da ponta, dessa vez com os olhos fechados, fiz meu último movimento, levantando uma das pernas e girando até que meu pé não estivesse mais sobre nada, abri os olhos, apenas a tempo de ver meu Jae, pulando junto comigo e me abraçando. Com certeza aquela era a melhor ilusão que o universo podia me proporcionar naquele momento, apertei-o mais e me permiti pensar na minha vida e qual seria meu legado para mundo...
Eu sou Kim Sunwoo e está foi a minha vida.
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Until The Sun Dies
Fiksi RemajaAs paredes brancas, as janelas quase sempre fechadas, o cheiro dos remédios e até mesmo o barulho do sapato da enfermeira no piso, tudo isso contribuía para que Kim Sunwoo afundasse ainda mais em sua loucura completa. O que seria irônico dizer é que...