As paredes brancas, as janelas quase sempre fechadas, o cheiro dos remédios e até mesmo o barulho do sapato da enfermeira no piso, tudo isso contribuía para que Kim Sunwoo afundasse ainda mais em sua loucura completa. O que seria irônico dizer é que...
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1 ano e 8 meses atrás
Quando eu comecei a crescer sempre tentei ver o lado bom de ter pais separados, como por exemplo ter duas casas, mas depois que realmente conheci meus pais de verdade, percebi que eu sinceramente não queria morar com nenhum dos dois. E em momentos como agora, apesar de saber que eu tenho duas casas, minha vontade era de sumir e não entrar nelas nunca mais.
Minha mãe estava indo me deixar na escola para o passeio na Universidade de Yonsei e toda vez que ela falava que se eu não melhorasse minhas notas ela iria me mandar para morar com meu pai eu me encolhia mais no banco.
— Sunwoo, estou falando com você. Não vai dizer nada?
— O que a senhora quer que eu diga? Já falei que estou me esforçando o máximo que eu posso — Respondi já cansado daquela conversa que não leva a lugar nenhum.
— Não está sendo o suficiente.
— Para você nada que eu faço é suficiente.
— Porque você não faz nada direito. Com os teus irmãos eu não tive esse problema.
— Mas eu não sou como eles.
— É claro que você não é. Eles sempre foram alunos exemplares, assim como eu.
— Você devia ter tido só dois filhos então.
— Acredite, não há um só dia que eu não me arrependa disso — Suas palavras me atingiram como uma pontada no coração. Eu já sabia que era isso que ela pensava. Ela só ainda não tinha verbalizado.
— Então, porque você simplesmente não me deixa morar com a minha tia? — Falei enquanto sentia um nó se formando na minha garganta.
— É isso que você quer não é? Que a santa Park Misuk seja tua mãe.
— Aposto que ela seria uma mãe bem melhor do que você — Acabei falando sem pensar. Ela desviou por alguns segundos os olhos da estrada apenas para me olhar com incredulidade.
— Acha mesmo que ela gosta de você? Acorda que ninguém nunca iria gostar de você — Para mim, ouvir aquelas palavras doía como o inferno.
— Você não pode falar nada, afinal de contas nunca gostou de ninguém, como você pode saber.
Minha mãe deu uma freada brusca que me fez ser projetado direto ao cinto de segurança. Ao menos estávamos na frente da escola.
— Com quem você pensa que está falando? — Ela falou segurando meu braço com força mesmo eu tentando me soltar — Você está cada dia mais insolente.
— Me deixa sair.
— Essa conversa ainda não acabou.
— Você pode me soltar? — Disse firme mesmo que minhas mãos começassem a tremer.
