11 - "Descanso"

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[...]

Quando girei a chave na maçaneta da porta principal e a abri, meus olhos vagaram pela sala de estar como loucos procurando por minha amiga, e logo a encontrei sentada no sofá de frente para a entrada, agarrada em uma das almofadas brancas. Quando me viu, um sorriso cresceu em seus lábios e os olhos cessaram um pouco das lágrimas que caíam.

Me aproximei rapidamente e logo a abracei com força, apertando aquela garota com toda saudade, arrependimento e tristeza que havia consumido em meu peito durante as últimas semanas, vê-la naquele estado acabava comigo mais que qualquer coisa.

-Irmã, eu estou aqui, eu estou aqui com você. Pronto... Vai ficar tudo bem, tudo bem, tudo bem...

Repetia em voz alta para ela, tentando manter a calma para não assustá-la ainda mais e a balançando em meus braços. Sim, era algo que conseguia acalmar a Kimberly. Estávamos sentadas de frente uma pra outra, mas eu empurrava os nossos corpos para frente e para trás como se estivéssemos numa cadeira de balanço, repetindo "shhh..." para fazê-la parar de chorar.

Kimberly cuidou tantas vezes de mim. Me viu passar por crises intensas de ansiedade e pânico, me deu apoio, suporte, conforto e uma amizade de ouro para se cultivar. Ela fez tudo por mim, e eu faria tudo por ela.

Graças a ela, eu usei o colar que me permitiu encontrar o Namjoon novamente. Graças a ela, eu aprendi o verdadeiro significado de amizade, a ser mais forte, a persistir, a sorrir verdadeiramente.

Ela era a coisa mais importante da minha vida.

-Shhh... Irmã, eu estou aqui. -repeti outra vez, enxugando suas lágrimas com os meus dedos e percebendo que vagamente ela ficava mais tranquila.- Quer conversar sobre isso? Você... Não disse uma única palavra depois que o seu pai foi embora. Não acha melhor colocar isso pra fora? Desabafar? Já fazem meses, Kimberly... Me perdoe se eu fiz parecer que minha relação com Namjoon estava afetando a nossa, ou apagando o que você significa pra mim. Isso nunca vai acontecer.

Eu falava devagar, olhando em seus olhos para que ela soubesse que eu verdadeiramente estava preocupada e queria ajudá-la como eu podia.

-Eu sei que não... -sorriu tristemente, tombando sua cabeça para trás e se aconchegando no sofá.- Eu só me desesperei um pouco, não queria ter falado daquela forma com você, me desculpa.

-Não! Não se desculpa. Eu na verdade merecia ser xingada e até mesmo alguns puxões de cabelo seus.

-Para, eu jamais faria isso... Você estava com o seu amor, eu deveria ter...

-Não deveria, não. -a interrompi, imaginando que ela diria que deveria ter entendido ou me deixado onde estava.- Eu tava sendo egoísta, e sinto muito por isso. Não vai mais acontecer. Eu só achei que você quisesse ficar um pouco sozinha, porque era isso que eu gostava de fazer na época que me sentia mal por... Bom, você sabe.

Eu ainda estava fodidamente abalada com o que houve hoje de manhã, mas ainda sim, queria cuidar dela e ajudá-la. Precisava me deixar um pouco de lado agora.

Levantei e fui em direção à cozinha para pegar um copo d'água com açúcar para ela, estava tremendo muito apesar do seu choro ter parado. Ela ainda estava nervosa, e a qualquer momento poderia ter uma outra crise.

Quando retornei, lhe entreguei o copo nas mãos e ela ingeriu o líquido gelado devagar. Eu esperei até que ela acabasse.

-A distância machuca muito, sem dúvidas. Principalmente aquela que a gente sabe que nunca vai poder ser diminuída.

A partir dali, a olhei desentendida.

-O quê?

-Eu descobri... Algumas coisas, há alguns meses, e não soube lidar. Eu ainda não sei. Só me tranquei no quarto, não usei o celular e nem comi bem. Eu não conseguia mais piscar os meus olhos, até respirar parecia algo que eu tinha que aprender a fazer...

Designated;;KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora