KAROL— Por isso mesmo, querida. Venha, vamos acabar logo com isso. — ela entrelaça seu braço
no meu e caminhamos para fora, para o jardim que está decorado para a cerimônia.
Pego meu pequeno buquê de orquídeas brancas e azuis, que foi motivo de discussão, já que
eu queria orquídeas amarelas e Alicia teimou com as azuis e brancas. Aguardo a música que
indicará minha caminhada solitária ao altar. Não solitária, estou com a pessoa mais importante
comigo. Acaricio minha barriga, arrulhando baixinho para meu filhote.
Minhas amigas entram ao som de uma música suave, que não tenho concentração para
descobrir qual é.
— Vamos lá, filho, aguente firme até depois da cerimônia, não seja igual seu pai, cheio de
vontades — digo, quando uma dor mais aguda parte das minhas costas para frente. — Oh! Só mais
um pouco, meu amor.
— Falou alguma coisa? — Alicia pergunta ao meu lado — Você parece acalorada.
Nervosismo é normal. Vamos lá.
O violino de David Garret, interpretando Io Ti Penso Amore, com Nicole Scherzinger,
começa a tocar, e começo minha caminhada para o altar improvisado lá na frente, onde Ruggero está
parecendo tranquilo e calmo. Ele está vestindo um terno de três peças azul claro, sob medida, com
gravata slim azul marinho, contrastando com a camisa branca que ele usa e um arranjo de flor no
bolso esquerdo. Seu sorriso lindo me deixa de pernas bambas quando faço meu caminho para ele.
Agora entendi por que Alicia insistiu para meu buquê ser com orquídeas em tons delicados de azul.
Para combinar com meu noivo lindo.
Sorrindo, caminho pelo pequeno corredor. Dor atravessa mais uma vez, e um sorriso grande
surge em meus lábios. Sou tão masoquista. Acho que vou ter uma câimbra. Esse pensamento leva-
me mais rápido para frente. Ruggero vem ao meu encontro e fica apreensivo quando olha bem para
mim.
— karol , o que você tem? — pergunta, sua aflição evidente.
— Acho que o bebê pasquarelli quer participar do casamento — digo com voz fraca —
Melhor andar logo com a cerimônia.
— O quê?
— O bebê vai nascer, amor — sorrio quando ele fica verde na minha frente — Não ouse
desmaiar, Ruggero ! A grávida aqui sou eu.
— Padre!! — ele grita, sufocando.
— Por que grita, filho? — o homem de Deus se apressa para nós. Ah, esse casamento não
poderia ser melhor.
— Melhor ir para a parte do “e os declaro marido e mulher” — ele segura minha cintura, e, apesar da dor, sorrio de sua loucura — Vamos, padre! Meu filho não tem o dia todo.
— Ruggero ! — digo, o repreendendo, mas sai com um gemido quando outra dor atravessa
meu ventre. Oh, Deus, de onde elas veem? — Padre, é melhor se apressar — digo, quando passo a
respirar outra vez.
Dou um passo para frente, para ficar de pé em frente ao altar, quando sinto que fiz o maior
xixi da minha vida. Oh, Deus! Isso não está acontecendo.
— A bolsa estourou, Ruggero . — digo em um soluço.
— Compramos outra, amor, agora temos de casar — ele diz sério, depois me olha de olhos
arregalados — Você quer dizer, aquela bolsa?
— Sim, essa bolsa — aponto para o chão, onde tem uma poça de água muito explicativa.
— karol , o helicóptero está lhe esperando — ouço a voz de Julie.
— Temos de casar — digo. — Padre!
— As alianças — diz Luc sorrindo, provocando: — Casamento do século, Ruggero .
Ele não dá nenhuma atenção para Luc, está muito ocupado tentando não entrar em pânico, eu
penso.
Ruggero coloca uma aliança em meu dedo e beija minha palma suada, e ele mesmo enfia sua
aliança em seu próprio dedo, sem ligar para qualquer protocolo.
— Bem, diante das circunstâncias. — começa o padre — Eu os declaro marido e mulher.
Pode continuar beijando a noiva, quem se importa com isso mesmo?! — Termina rapidamente,
vendo que Ruggero já está na parte do beijo.
Olhando em volta, os poucos convidados que temos estão boquiabertos com o desenrolar da
cena no altar. Coitados, nunca foram para um casamento com esse nível de loucura.
— Oh, meu Deus! Querida, você não devia ter continuado com a cerimônia — Antonella
vem para meu lado, preocupada.
— Não podia deixar seu filho fugir desse casamento — digo, com uma careta.
— Hei, não ia fugir — ele reclama — Vamos lá, amor, temos uma bebê para conhecer.
— Oh! Tanto trabalho para o casamento perfeito — diz Alicia, sorrindo.
Ruggero me leva para o helicóptero, que estava em uma espécie de heliporto e está com as
pás já em movimento, pronto para partir. Julie vem junto e, pelo visto, com meu médico ao telefone,
pois tem um celular no ouvido. Dor vem mais e mais intensa a cada minuto, e gemo agarrada em um
aperto de morte no braço de Ruggero . Ele me senta e coloca o cinto de segurança, depois retira o
paletó, jogando-o de lado. Ele senta ao meu lado e segura minha mão.
— Vai ficar bem, amor — sua cor verde agora estava amarelada e os olhos ambarinos estão
cheios de pavor — Não queremos um parto aqui, não é?
— Seria interessante, Rugge — Julie diz e ri quando Ruggero se encolhe — Adoraria vê-lo
no modo médico, cortando o cordão umbilical.
— Não diga isso, Julie... — a dor corta minha fala, e o helicóptero levanta voo. — Quero
ter meu filho no hospital.
— Devia ter pensado nisso quando começou a sentir dor, mocinha — ela repreende.
Não tenho noção de quanto tempo levou para que pousássemos na cidade, ainda bem que o
hospital que meu médico estava de plantão tinha um lugar para pousar. A dor agora era mais intensa
que antes, se isso era possível.
— Julie, isso pode ficar pior? — choramingo aflita, suor parece me inundar a cada
segundo.
— Oh, minha amiga, sinto informar que sim — ela parece pesarosa.
— Oh, meu Deus! — digo, quando sou transferida para uma maca que esperava no topo do
prédio do hospital.
Sou recebida pelo obstetra e levada para a sala de exames. Ruggero colado em mim, porque
eu não soltei sua mão em nenhum momento.
O vestido de noiva é retirado e me dão uma roupa tenebrosa para usar. Quando estou
pronta, o médico vem para o exame físico e me olha com repreensão.
— Desde quando vem sentindo dores, karol ? — ele pergunta, retirando a luva, e faz
anotações. Depois, sem esperar minha resposta, vira para a enfermeira: — Prepare a sala de parto.
— Hum... Já? — gaguejo e aperto forte a mão de Ruggero .
— Você deve estar em trabalho de parto há horas. Seu bebê já, já vem ao mundo, breve
estará aqui. Vamos transferi-la para a sala.
Se as coisas poderiam ficar pior, elas ficaram três vezes mais. Melhor; dez vezes mais. Dor
atrás da outra me fez gemer como uma condenada. E Ruggero sofreu todo aperto que dei em sua
mão, que nesse tempo estava roxa.
— Querida, ainda quero minha mão — ele reclamou em algum momento, mas eu não ligo, e
ele só ficou lá.
— Na próxima vez que você me pedir um favor, Ruggero , eu vou matar voooocê —
gemo, furiosa — Maldição!
— Ah, querida, se eu pudesse tirar sua dor — ele resmunga, o mentiroso.
— Aaaah! — gemo, sinto que estou sendo rasgada lá por baixo — Acho que não vai ser
mais possível fazer um bebê depois desse.
Ele me olha apavorado. Eu aponto lá para baixo — Por que você não confere se está tudo
normal lá embaixo depois que o bebê sair, Ruggero ? Estou... — suspiro e ponho toda a força que eu consigo para baixo.
A risada do médico me faz olhar para ele.
— Não se preocupe, karol , vai ficar tudo no lugar. Nada ficará estranho, posso garantir
— ele diz, rindo — Vamos, estou vendo a cabecinha do seu filho, só um pouco mais de força...
Dor rasga através do meu corpo, como se fosse me abrir ao meio, e mais outra onda em
seguida me faz quase desfalecer. Quando a terceira vem em seguida, escuto duas coisas
simultâneas. Um chorinho fraco e um baque ao meu lado, e a mão que eu segurava sumiu.
— Ah, o pai já era — escuto uma divertida voz feminina dizer. Depois acrescenta
ironicamente: — Eles são tão fortes.
Estou sentindo tudo ficando nebuloso, quando o obstetra coloca um pacote verde em meu
peito. Alegria sem fim me faz agarrar o meu pequeno presente nos braços.
— Bem, mamãezinha, hora de examinar esse rapazinho — alguém fala e leva meu pacote.
Ainda sentindo dor, o sono me leva.
Quando acordo, estou em um quarto e nem sinal de Ruggero . Julie aparece na porta, com um
sorriso.
— Isso foi rápido. Vi Ruggero II, ele é enorme — ela faz uma careta e senta ao lado da
cama. Segurando minha mão, pergunta: — Você está bem?
— Sim — limpo minha garganta seca — Onde está Ruggero ?
— Oh, ele está em uma sala, em repouso — ela ri alto — Como é que um homem daquele
tamanho desmaia assim facilmente?
— Ele até que foi forte — defendo. Quando estou prestes a pedir que tragam meu filho, a
porta se abre e um pálido Ruggero entra.
— Querida, estava preocupado — ele vem para o outro lado da cama e praticamente deita
ao meu lado. Julie senta no sofá no canto, prendendo o riso. Ele beija suavemente minha testa,
olhos, nariz e finalmente meus lábios. — Eu não quero mais filho, um está perfeito.
— Eu te amo — murmuro, e ele para, estático, me contemplando.
— O quê?
— Amo você, querido.
— Ah, minha querida, te amo também, sabe disso. — ele sussurra, doce.
A última coisa que percebo é os lábios de Ruggero nos meus, em um beijo feroz.
— Assim, os dois sairão daqui com outro filho a caminho. Ruggero apaixonado, isso é tão
hilário. — a voz de Julie vem de algum lugar dessa névoa que tem meu cérebro cativo — Parecem
morcegos!
— Cadê a mamãe urso? — Ruggero se afasta quando a voz de Lunna vem da porta — karol , querida!
Ela vem e praticamente empurra Ruggero para fora da cama, para me abraçar.
Estou exausta depois de tudo e estou quase caindo no sono, quando uma enfermeira vem
para mim com meu filho embrulhado em cobertores brancos bordados. Reconheço os lençóis que
Antonela encomendou para o neto. Recebo em meus braços um bebê roxo com rostinho enrugado e
ar enfezado. Rindo, aponto para Ruggero que se mantém colado em nós.
— Será que ele vai ser igual a você, mal-humorado? — beijo seu cabelo castanho.
— Claro que sim, sou o pai dele — diz, orgulhoso.
— E vamos chamá-lo como, papai? — Não tínhamos chegado a um acordo sobre nomes.
Ele poderia escolher desde que eu aprove, claro, e até agora não aprovei nenhum.
— Que tal Ian?
— Não.
— Ângelo?
— Não.
— Matteo era o nome do meu avô?
— Hum Matteo pasquarelli .
— Ok, soa bem.
___ O nome do meu filho tem que seguir
nossa tradição italiana. Afinal, ele é meio italiano.
Sinto o pacotinho começar a se mexer e com a boquinha aberta procurar alguma coisa em
meu peito. Ele é tão fofo! Mantém seus olhinhos fechados e parece chateado com algo. Meu filho
deve ter saído ao pai dele mesmo. Tão mal-humorado. Ele choraminga, me fazendo rir. Acaricio
sua cabecinha com minha bochecha. Ele é tão precioso, como poderia pensar que, quando o tivesse,
entregaria para Ruggero e partiria sem olhar para trás?
— Oh, ele quer seu primeiro lanchinho — a enfermeira que o trouxe diz e me ajuda com
isso. Oh, é tão estranho essa sensação. Acho que não vou parir um segundo bebê.
— A primeira vez é sempre desconfortável — diz a enfermeira, vendo minha careta —
Você se acostuma. Agora, vou deixar vocês curtirem seu filho. Qualquer coisa, chamem, ok?
Ela não espera respostas, nos deixa a sós.
— Ele puxou a mim nisso aí — Ruggero aponta nosso filho sugando o leite, como se fosse
seu último alimento.
— Ruggero !Quando termino de amamentar, Antonela vem ficar comigo, enviando seu filho para casa.
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obsessão fatal ( Terminada )
Любовные романыRemetente : Karol sevilla improvável mas que indispensável, ardente mas que se alimenta do desejo crescente em mim , inexplicável mas essencial tão de repentemente você veio como um furacão é mudou tudo, toda trajetória tudo que eu achava certo...