5. Memória pura e simples

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- Como sua mãe está? – Beth perguntou em um tom preocupado e solidário, sentando-se ao lado de Alice enquanto ela terminava de ler a carta que tinha em mãos

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- Como sua mãe está? – Beth perguntou em um tom preocupado e solidário, sentando-se ao lado de Alice enquanto ela terminava de ler a carta que tinha em mãos.

Alice deu de ombros ao terminar de ler e dobrou o papel.

- Minha irmã diz que ela está bem. – respondeu. – Mas, como sempre, está reclamando de tudo.

Beth riu.

- Então Marie Brown continua sendo ela mesma, isso é bom.

Alice concordou com a sua melhor amiga e cunhada, abrindo um sorriso também. Sua mãe tinha sofrido um acidente sério há umas duas ou três semanas atrás, tinha caído da escada e quebrado uma perna, agora estava de repouso na casa de Annabel e dando trabalho para a família toda. Fazia alguns meses que ela vinha tendo problemas sérios, de saúde, apesar de ainda ser nova, seus olhos estavam ficando fracos e isso fazia com que ela colidisse com os móveis pela casa ou que tivesse quedas, como essa última, que ela acabou despencando da escada. Alice não era ruim ao ponto de dizer que sua mãe merecia a situação na qual se encontrava, mas o fato era que Marie não tinha sido a mais amorosa das mães para ela e talvez Alice realmente sentia-se bem em saber que o carma realmente funcionava e agora sua mãe estava dependendo da filha que mais desprezou, ela, pois era Joe quem estava pagando o médico que tratava Marie – um pouco a contragosto, mas ele faria qualquer coisa que Alice pedisse com jeitinho, e ela usara isso a seu favor.

Depois da intensa briga de Alice com a mãe na semana antes do seu casamento, elas passaram alguns anos sem se falar direito e evitando a presença uma da outra nos eventos da alta sociedade nos quais se cruzavam, Marie olhava com desdém para a filha e Alice retribuía o olhar, apesar de sentir-se mal com aquilo, afinal, ela nunca foi de guardar rancor por muito tempo. As duas só se resolveram efetivamente há cerca de dois anos atrás, quando Marie começou a apresentar os primeiros sintomas da doença e caiu em pleno baile de abertura da temporada local, na Casa Campbell, e todos os presentes assistiram à vergonha da lady, então Alice amoleceu seu coração e ajudou a mãe a se levantar, colocou-a em uma carruagem e as duas colocaram suas pendências em dia enquanto Alice a levava para casa. A filha não tinha a intenção de falar nada para Marie, mas fora a mãe quem tomara a iniciativa, desculpando-se pela forma como sempre tratara Alice e por tudo que tinha feito, Alice tinha o coração mole e acabou cedendo.

Apesar de tudo isso, elas não se viam com muita frequência depois disso. Marie tinha deixado bem claro que dois bastardos adotados não fariam parte da sua família nunca e que Simon e Beatrice nunca deveriam pensar em chama-la de avó, então Joe tinha discutido com a sogra, dizendo que os filhos deles não precisavam dela como avó, que nenhum deles precisava de Marie para nada, e que ela não era bem-vinda na casa deles até que aceitasse Bea e Simon como o que eles eram, filhos de Joe e Alice. Marie não teve coragem de aparecer na casa deles depois disso e agora era a vez de Joe olhar feio para a sogra quando se cruzavam.

Simon e Bea eram os orgulhos dos dois, assim como Austin também o era, mas o menino ainda era muito novo. Simon tinha entrado para a Universidade Real de Medicina naquele ano e tinha ido estudar no continente, depois fora embora, estava muito feliz com a sua vida – e apaixonado, diga-se de passagem – e vivia escrevendo para o pai sobre tudo que via e fazia na universidade ou no seu tempo livre, sempre recorria aos conselhos de Joe. Bea ainda tinha apenas dez anos, mas já era muito boa com música e compunha canções lindas ao piano, além de viver sempre ao lado da mãe. E Austin... bem, Austin era cada vez mais como o pai, tinha cinco anos apenas, mas aquele sorriso e o brilho travesso nos olhos cinzentos eram puramente de Joe, assim como as covinhas nas bochechas rechonchudas do menino.

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