Capítulo 42

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...você não tem direito de ir atrás dele, agora que sabe que ele está bem, se nunca o procurou quando sabia que ele precisava...

A frase ecoou na minha cabeça, porque eu nunca tinha parado para pensar que era real.

Jong-Up proibia minha mãe e minhas irmãs de manter qualquer tipo de contato comigo. Ju-Yeon tinha morado longe, porém ajudou minha família como pode. Mas e o resto da minha família e amigos?

Nenhum dos meus tios, parentes, amigos de escola, professores, vizinhos, nem mesmo Jae-Hyun, que cresceu comigo, tinha se importado com o que me aconteceu. Ninguém socorreu minha mãe todas as vezes que ela apanhou ou quando minha irmã teve que abandonar a escola. Eu, com dezessete anos, fui arrastado até um cartório e obrigado a casar, convulsionando de tanto chorar e, ainda sim, ninguém fez nada.

Quem vira a cara para o sofrimento do outro?

Como você pode saber que alguém você dizia gostar está sofrendo e não fazer nada?

Mas Geon-Hak tinha entendido muito antes de mim, era por isso que tinha investigado a cidade, mandado Daniel verificar minha família antes que viéssemos, ele queria saber em que poderia confiar.

- Ju? - meu alfa me chamou. Assim que chegamos no hotel, eu quis vir direto para o quarto, eu precisava descansar, por isso ele tinha ido encher a banheira para que tomássemos banho.

- Eu sempre me sentia sozinho, depois que me mudei para Seul, mas eu nunca tinha entendido como eu tinha sido abandonado – eu murmurei – Jae-Hyun e todos os outros dessa cidade, simplesmente viraram as costas para mim.

- Eu sinto muito – ele falou me abraçando.

- Eu nasci aqui, cresci aqui, estudei com vários deles, frequentei os mesmos lugares, jogávamos bola juntos, íamos para a igreja. . . mesmo assim ninguém se importou, não é?

- Ju, não vou tentar mentir para suavizar a situação. Muitos deles podem ter pensando em você e nas dificuldades que você estaria passando, mas não fizeram nada, o que dá na mesma que não se importar – senti meus olhos umedecerem, mas eu não ia chorar por quem não se importava comigo – Muitas pessoas ainda dizem que não é para se intrometer quando veem algo errado acontecendo, usam isso para se isentarem da culpa, caso algo ruim aconteça, mas é isso que os faz tão culpados quanto quem pratica os atos errados.

Eu fiquei parado, sentindo seus braços em volta de mim e ouvindo seu coração batendo. Era um daqueles momentos que se acontecesse meses atrás, me faria me trancar no banheiro e chorar por muito tempo. Agora, por mais me deixasse muito triste, me fazia pensar.

- Dong-Ju, eu sei que deve ser difícil, mas você não pode deixar o seu passado te afetar, ele não pode mais te alcançar – Geon-Hak falou, fazendo carinho nos meus cabelos.

- Eu sei, acho que eu não tinha parado para pensar nisso. Sinto como se as pessoas que me viram nascer e crescer, simplesmente me apagaram da vida delas. Porém – eu o interrompi antes que ele falasse algo - isso vai passar, eles não significam mais nada para mim. Nós temos a nossa família em Seul, isso que é importante.

Ele sorriu abertamente e seus olhos formaram meia lua, meu tempo de ser aquele ômega frágil e indefeso tinha ficado para trás. Agora eu só queria viver da melhor maneira possível e deixar tudo de ruim que me aconteceu no passado.

- Vamos tomar banho! - Geon-Hak me puxou até o banheiro, eu o segui rindo, porque sabia o que viria depois – Precisamos nos livrar dessas roupas.

- Claro, porque eu vou tomar banho – eu o provoquei e ele concordou com a cabeça enquanto me ajudava a tirar minha camiseta.

- Sim, só por isso. Óbvio que é só um banho calmo e inocente – Geon-Hak começou a abrir o botão o da minha calça – Quem pensaria o contrário?

Look After You •Leeon versão•Onde histórias criam vida. Descubra agora