Capítulo 15

533 69 20
                                    

— Você vai me dizer o que aconteceu? — perguntei para ele.
Geon-Hak ainda não tinha me soltado, eu ainda estava no seu colo, contra a parede.

Eu vou te proteger, é isso — ele resmungou.
— Geon-Hak, você não pode fazer toda essa cena e não falar nada. Me conta o que está te perturbando, podemos resolver juntos —  falei segurando seu rosto entre as minhas mãos —  Confie em mim.
—  Eu confio —  ele respondeu — completa e cegamente. 
— Então por que não me conta o que houve? — Geon-Hak me colocou no chão a contragosto — Por favor.
— Geon-Hak, talvez o Ju tenha razão, é melhor ele saber — Yong-Jo aconselhou.
— Não! — Geon-Hak foi categórico, então se virou para mim — Você não precisa saber das merdas que acontecem na minha vida. Você não merece estar no meio de tudo isso.
— Leedo, se você está no "meio de tudo isso", eu quero saber. Você disse que quer me marcar, me fazer seu companheiro, então divida as coisas comigo.
— Você lembra o que aconteceu comigo? — Keon-Hee perguntou — Lembra o que aconteceu quando resolveram me proteger e não me contaram toda a verdade? — Geon-Hak concordou — Eu tenho certeza que você não quer que isso aconteça com o Dong-Ju —  Geon-Hak me apertou ainda mais em seus braços.
— Eu não sei o que aconteceu, mas eu prometo que posso aguentar. Se nós vamos ser parceiros, eu também quero fazer parte do seu mundo —  falei — apenas conte.
— Certo —  Geon-Hak se sentou o sofá, me levando com ele e me fazendo se sentar no seu colo. Ele estava tão transtornado,  que não me importei de Yong-Jo,  Seo-Ho e Keon-Hee estarem vendo isso. Aliás, eles se sentaram no outro sofá, de frente para nós —  Ju, lembra daquele leilão que o alfa que te atacou falou que Yong-Guk queria fazer? — Geon-Hak parecia escolher com cuidado cada palavra.
— Sim, por que?
— Porque —  ele respirou fundo — Yong-Guk realmente o fez.
O choque foi enorme.
Eu sabia que Yong-Guk era desprezível, mas me leiloar?
Me tratar com um mero objeto?
— Você tem certeza? — perguntei hesitante.
— Ju —  Yong-Jo falou — aquela caixa que estava escondida no armário de Yong-Guk, estava repleta de recebidos e comprovantes bancários.  Você sabia que Yong-Guk tinha contas em diferentes bancos?
— O que? Não —  respondi artudido —  A única conta que ele tinha era conjunta comigo. Ele nem gostava de ir no banco.
— Eu encontrei pelo menos três contas, sendo que duas são em bancos internacionais fora da Coreia do Sul —  quanto mais Yong-Jo falava, mais assombrado eu ficava —  Não somei o exato valor total ainda, mas juntas dão milhões de Wons.
— Milhões? — perguntei assustado.
— Alguns milhões, talvez vários —  Kim respondeu.
— Desde quando?
— Eu não consegui acesso a todas as informações, mas sei que isso tem, pelo menos, dois anos.
— DOIS ANOS? — eu não podia acreditar naquilo —  Eu quase passei fome para a minha filhote ter o que comer! Eu trabalhei sem parar, quase não dormia, comprava roupas em brechós ou bazares beneficientes, enquanto Yong-Guk tinha milhões em contas no banco?
— Ju, ainda tem mais —  Geon-Hak disse.
— Mais do que isso? — perguntei assustado.
— Para ter certeza de tudo, só se você, o herdeiro direto, assinar uma procuração para que eu resolva tudo sozinho  — Yong-Jo explicava — Mas eu tenho alguns contatos em vários lugares e eles me falaram que a última transação bancária foi um depósito muito alto na conta de Yong-Guk. O código usado foi de vendas, Yong-Guk vendeu algo muito valioso.
— O que ele tinha de tão valioso assim? — perguntei sem entender.
— Você — Geon-Hak disse sobriamente.

— Ju, eu me Geon-Hak muito de ter matado Yong-Guk —  Harry falou baixo —  eu deveria te-lo deixado viver para tortura-lo de novo, dia após dia.
Estávamos no nosso quarto, depois de saber que eu tinha sido vendido e que agora eu precisava de segurança o tempo todo,  porque eles não sabiam se meu comprador ia querer vir atrás de mim (Yong-Jo ainda não sabia quem tinha "me comprado"), eu precisei dar um tempo.
Geon-Hak me levou para o banheiro, ele deu banho em mim. Sem malicias, apenas carinho. Agora estávamos deitados na cama, abraçados.
— Eu não seria contra isso — resmunguei.
Como alguém pode ser tão vil? Ele sempre me tratou como objeto, mas isso?  Eu realmente não valia nada!
— Ju, eu entendo como você deve estar se sentindo — Geon-Hak disse com cuidado — mas o que Yong-Guk fez diz apenas sobre ele. Diz que ele era um verme desprezível sem respeito por nada. Ele tinha você do lado dele,  ele tinha uma família e poderia ter sido feliz, mas escolheu ser um filha da puta e causar dor — ele respirou fundo — Você ainda continua sendo alguém maravilhoso, eu sou muito sortudo de ter você — eu tinha lágrimas nos olhos.
— Mas eu estou tão cansado das pessoas me machucarem — falei baixo.
— Pessoas que machucam as outras, principalmente por egoísmo, são pessoas medíocres — Geon-Hak me abraçou — Ninguém vai te machucar mais.
— Eu queria entender o que tem de errado comigo.  Meu pai, Yong-Guk. . . Eles tinham vergonha de mim, por eu ser um ômega, por eu ser feminino demais, por eu não ser bonito. . . Eu nunca era apresentado a ninguém, eu nunca ia a lugar nenhum — desabafei.
— Dong-Ju, eu vou falar algo bem sério — ele disse olhando nos meus olhos — nunca mais diga coisas terríveis sobre si mesmo.  Se esses "alfas" não tiveram a capacidade de ver o quanto você é especial, merecem ir se foder! — sua voz era seria — Você é perfeito do jeito que é, cada detalhe seu é interessante e maravilhoso. E se alguém te disser o contrário,  me avise que eu faço a pessoa voltar a razão no soco!
Eu ri, em meio as lágrimas. Geon-Hak era alguém muito especial, eu tinha sorte por tê-lo.
— Agora você vai se arrumar, nós vamos sair! — ele disse decidido — Keon-Hee foi buscar Chun-Ha na escola, vou ligar para eles nos encontarem no restaurante!
— Leedo, do que você está falando?  — eu ri de toda a animação dele.
— Você disse que eles nunca te apresentavam a ninguém e nunca te levavam a nenhum lugar, não é? Hoje nós vamos jantar em algum ótimo restaurante de Seul e depois eu vou te levar para conhecer um dos meus negócios.  Quero que todos te conheçam e saibam que estamos juntos.
— Por que você está fazendo isso?  — perguntei sorrindo.
— Eu tenho orgulho de ter você do meu lado e quero que todos vejam isso — ele disse e me beijou — E também porque aí todo mundo já vê você comigo e vão saber que se mexerem com você, eu os mato — Geon-Hak sorriu, como se aquilo fosse uma grande ideia.
Eu apenas ri, eu já tinha aprendido que quando o Geon-Hak tem alguma ideia, não adiantava tentar convencer do contrário.
Quando o Geon-Hak falou que iríamos em um ótimo restaurante, eu não achei que nós fossemos ir no "The Ledbury", que é um dos restaurantes mais famosos da Coréia!
— Geon-Hak, tem certeza? Olha como estou vestido! — eu estava com uma bermuda jeans e uma camiseta cinza. Eu estava pronto para ir numa rede de fast food, não a um restaurante internacional.
— Ju, aqui não tem código de vestimenta — Geon-Hak me falou. Assim que descemos do carro, ele pegou na minha mão e foi nos conduzindo para dentro.
— Claro,  fácil falar, olha o jeito que você está vestido! — Geon-Hak usava uma camisa branca, jeans escuro e botas — Você parece um modelo que acabou de sair de um desfile! — Geon-Hak riu alto.
— Você está lindo, não se preocupe — ele beijou a minha cabeça — Pense pelo lado bom, a tala do seu braço é cinza, combina com a sua camiseta — ele escapou rindo do tapa que eu tentei dar nele.
— Reservas? — a beta que estava na recepção nos perguntou. Ela usava um vestido preto e seu cabelo estava perfeito. Ela olhou Geon-Hak de cima a baixo, passeando seus olhos pelo corpo dele, mas fez uma nítida expressão de desgosto quando seu olhar caiu sobre mim.
— Eu não fiz reservas — Geon-Hak disse despreocupadamente. Na hora em que ele pegou na minha mão,  a beta ficou chocada e me fuzilou com os olhos.
— Sinto muito senhor — ela disse — mas estamos lotados, precisavam ter feitos reserva. Mas há algo mais que eu possa fazer pelo senhor? — o tom dela foi nojento,  ela deixou bem claro que tipo de coisas ela podia fazer por ele.
Eu confesso que fiquei com raiva, muita raiva! Óbvio que não era ciumes, não,  claro que não!
Só fiquei um pouco irritado pela falta de respeito da garota, só isso!
Já Geon-Hak parece ter achado graça e sorriu divertido.
Que bom que alguém esrava se divertindo,  não é?
— Me perdoe — Geon-Hak falou calmamente — mas você não entendeu,  eu nunca faço reservas. Meu nome é Kim Geon-Hak — a garota empalideceu na hora — então, por favor,  nos leve até a nossa mesa logo, pois eu e MEU ÔMEGA não gostamos de ficar esperando.
— Cla. . . Claro. . .eu vou. . . Chamar alguém!  — ela se virou para chamar pelo garçom na mesma hora.
— Precisava de tudo isso? — perguntei para ele que riu.
— Ah qual é?  Foi divertido!  — ele se defendeu, então me abraçou — E não é como se você não quisesse voar no pescoço dela.
— Não tenho a menor ideia do que você está falando — respondi.
— Não mesmo?  — ele provocou mordendo o meu pescoço.
— Sr. Kim — um garçom nos chamou, me salvando — por aqui, por favor.
Nós seguimos pelo salão do restaurante, a maioria das mesas estavam ocupadas, muitas cabeças se viraram para nós, nos encarando.
Eu sei que na verdade estavam olhando para Geon-Hak,  não tinha como um homem daqueles passar despercebido.
Ainda mais um Alfa Lúpus Puro!
— Já vão pedir? — o garçom perguntou.
— Apenas nos traga a entrada — Geon-Hak falou — Estamos esperando convidados, quando os Kins chegarem, os traga direto aqui, por favor.
— Certo — o garçom se retirou.
— O que está achando Ju? — Geon-Hak perguntou passando a mão pelo meu cabelo.
— Ainda é estranho,  eu nunca estive em um restaurante — respondi — e as pessoas não param de olhar para cá.
— Normal — Geon-Hak se aproximou ainda mais de mim, pegando na minha mão e entrelaçando nossos dedos — elas sempre olham, espere até Yong-Jo e outros chegarem, aí piora.
— Esqueci que estou acompanhado de um famoso Alfa Lúpus — eu o provoquei e ele riu.
— Resolveu dar as caras — uma voz nos interrompeu. Era um homem mais velho, mais de 40 anos, um alfa com cabelos castanhos — Tanto tempo sem aparecer, até tive esperanças que finalmente tivesse morrido.
Eu fiquei chocado com as palavras daquele homem, mas Geon-Hak pareceu se divertir.
— Olá inspetor Park, quanto tempo não nos vemos! Ainda esta obcecado por tentar me prender ou resolveu viver a sua vida e deixar a minha em paz? — Geon-Hak perguntou sorrindo, o homem não achou graça.
— Depois de tanto tempo, te encontro jantando em um restaurante conhecido. Não sei se você é muito corajoso ou muito estúpido.
— Estou apenas jantando com meu companheiro,  inspetor. E se o senhor for nos incomodar, receio que terei que chamar a segurança.
— Companheiro? — o homem me olhou, me medindo de cima a baixo — Encontrou um ômega para destruir a vida dele — Geon-Hak ficou sério — também vai larga-lo quando ele não te servir mais? Vai o impedir de fazer o que?
— A única pessoa que está me impedindo de fazer alguma coisa é você, que está nos impedindo de continuar o nosso jantar — eu falei. O tal inspetor se surpreendou com as minhas palavras,  já Geon-Hak sorriu.
— Ômega atrevido!  Como ousa a. . .
— Park — Geon-Hak falou sério — saia daqui agora e não se atreva a incomodar meu companheiro de novo. Se você acha que fiquei bravo quando ameaçou Keon-Hee, você não vai me querer na sua frente se importunar o meu Dong-Ju, entendeu?
Park nos olhou feio e apenas saiu, voltando para a sua mesa que era longe da nossa.
— Me desculpe por isso — Geon-Hak me falou — o inspetor Park é só um oficial que subiu na polícia puxando sacos e tem uma certa obsessão comigo.
— Você fez algo para ele te odiar tanto?
— Eu não fiz nada — Geon-Hak falou tão maliciosamente, que eu tive certeza que ele pode não ter feito nada, mas foi o culpado pelo o que aconteceu.
— Papais — Chun-Ha veio correndo até nós,  ela me abraçou e me beijou, depois foi a vez do Geon-Hak, que também a pegou no colo.
— E aí? — Seo-Ho perguntou enquanto se sentava.  Keon-Hee e Yong-Jo se sentaram também. Kim parecia sério.
— Impressão minha ou eu acabei de ver o Park Jin-Young?  — Yong-Jo perguntou e Seo-Ho começou a procurar em volta, também parecia tão bravo quanto Yong-Jo.
— Sim, ele já veio nos encher a paciência — Geon-Hak falou enquanto ajudava Chun-Ha com o cardápio — Ju o colocou no lugar dele.
— Dong-Ju? — Seo-Ho riu — Esse é o meu garoto!
— Seu o que? — Geon-Hak perguntou na mesma hora.
— Isso vai ser divertido — Keon-Hee riu.
— Tio Seo-Ho — Chun-Ha o repreendeu — Papai Dong-Ju é do Papai Geon-Hak. Você já tem o tio Jo e o tio Hee, não seja egoísta!

Look After You •Leeon versão•Onde histórias criam vida. Descubra agora