Despertei com alguns raios de sol batendo no meu rosto. A consciência voltando aos poucos, sem trazer consigo aquele cansaço, que sensação maravilhosa! Mas eu não me lembrava de ter deixado a janela do quarto aberta.
Abri os olhos, me acostumando aos poucos com a luminosidade e depois de alguns momentos de confusão, lembrei onde tinha dormido. Casa do Ermelino.
O que eu ainda não entendia era: porque eu estava lá? Não deveria ser algo normal viajar no tempo encostando em livros, já que eu vivia lendo e vendo pessoas lerem.
Levantei da cama, ajeitando ela em seguida e refletindo quantas coisas haviam acontecido em dois dias, me perguntava o que acontecia na minha vida enquanto estava aqui.
Será que Diana também havia viajado? Mamãe e papai estariam preocupados? Vovó Ceci com certeza estaria brigando com mamãe, ela nunca confiava no mundo para me deixar sozinha e repetia isso toda vez que sabia que eu tinha andado mais que a distância entre as nossas casas sozinha.
Agora sim, mamãe ouviria ela e adeus à liberdade.
Isso, se eu voltasse.
Troquei de roupa, usando um vestido verde claro florido da mãe de Ermelino. Ele ficava um pouco largo na cintura e justo no quadril, onde havia um laço também verde, nunca imaginei que usaria um vestido parecido a novela que tanto gostava.
Prendi o cabelo em duas tranças embutidas nas laterais da cabeça, enquanto me lembrava de Chocolate com Pimenta. Será que os atores já nasceram? Seria tão bom ter o Google na palma da mão para pesquisar sobre os atores de Ana Francisca e Danilo.
Sai do quarto abrindo a porta o mais silenciosamente que conseguia.
Ouvi barulhos de panelas vindos da cozinha, indicando que alguém estava lá. Segui os sons até o cômodo e me deparei com Lino de costas, vestindo uma camisa azul e uma calça de sarja marrom, um pouco surradas pelo que pareciam ser trabalho na roça.
— Bom dia...
— Bom dia, Aldenilian, dormiu bem?
— Sim, muito obrigada. E você?
— Dormi...
Seu tom de voz soou distante enquanto parecia observar algo do lado de fora da janela, perdido em seus próprios pensamentos, parecia um crime falar algo ou fazer qualquer barulho que atrapalhasse.
Depois de algum tempo de silêncio ele retornou a mexer nas panelas, as organizando e separando duas canecas, sem sequer me olhar.
— Posso ajudar em algo?
— Não precisa, obrigado.
Procurei por um relógio e o achei atrás de mim, marcando 7 horas da manhã! Quando foi a última vez que acordei tão cedo sozinha e sem sono?
Me virei novamente para Ermelino, que permanecia quieto, sentei à mesa e resolvi tentar puxar algum assunto.
— Vai trabalhar hoje?
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Entre Sonhos e Passado
Historical FictionComo uma leitora voraz, eu sempre quis contar uma história cheia de aventuras, com um amor avassalador e um final emocionante. Viver essa história não foi um processo tranquilo, mas finalmente posso contá-la a vocês. No meu aniversário de 16 anos fu...