2 - Uma noite diferente

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— Mano do céu! — EU FUI ABDUZIDA!

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— Mano do céu! — EU FUI ABDUZIDA!

Okay. Abduzida pode ser meio forte ou até errado, já que eu acho que estou na Terra — porque estou no meio de um cômodo que parece ter sido de uma casa — e ainda não vi nenhum ET ou monstro. Se bem que monstro pode ser relativo para alguns tipos de pessoas, mas isso não importa agora. Quanto tempo será que estou parada aqui?

Olhando a minha volta, tentei reconhecer algo familiar no cômodo que havia ido parar, mas só tinha duas cadeiras bem bonitas, afastadas uma da outra, dando a entender que um dia aquilo tinha sido uma sala. As cortinas nas portas estavam rasgadas e bem sujas, assim como os vidros que não estavam quebrados.

Me aproximei da parede notando que tinha papel de parede em alguns lugares, eles lembravam aqueles bem caros e que um dia foram lindos. O teto tinha moldura que parecia de gesso, mas ela também estava imunda e quebrada em alguns pontos.

O lustre? Nem preciso falar que o valor que tinham pagado havia sido totalmente desperdiçado para estar do jeito que estava. Quem morava aqui tinha dinheiro com certeza, ou pelo menos é isso que eu pensava, depois de tantas temporadas de "Irmãos a obra".

Sem nem saber o porquê, tentava fazer o mínimo de barulho enquanto me aproximava de uma das janelas. Muitas trepadeiras subiam pela parede externa, um gramado extremamente verde e pouco alto ficava em volta da casa e nele havia uma garota.

— O que ela...?

Na mesma hora ela olhou para a janela que eu estava e me escondi, esperando ter sido rápida o bastante. Depois do que pareceu um minuto e meu coração tinha se acalmado do susto, voltei a me aproximar, meio que escondida atrás do mato.

Enquanto ela observava a casa com muita atenção, eu tentava ganhar mais alguma pista de onde estava.

Ela usava um chapéu clochê de cor creme — aqueles que a copa fica justa na cabeça, tem aba decrescente e um laço — e os cabelos visíveis eram castanhos, o rosto lembrava o formato do meu, meio oval, e seu vestido de cor azul lembrava o século XX com um laço no quadril e parecia passar dos joelhos.

Pera, eu disse "século XX"?

Quando eu ia me aproximar mais da janela para ter certeza que não estava ficando louca, um barulho de alguém tropeçando em algo e resmungando no cômodo ao lado, me fez dar um pulo e colocar a mão na boca para não gritar.

Me escondi o mais rápido que pude atrás de uma das cadeiras e comecei a orar baixinho esperando que, por um milagre, quem quer que fosse, não me visse ali.

Se Diana me visse nesse momento, estaria rindo de mim com toda certeza. Espera. Diana! Ela estava comigo. Deveria estar aqui.

Mas onde é o aqui? Por que aquela menina estava vestida daquela forma tão antiquada? E por que eu estava aqui? Será que tomei um choque ao encostar naqueles livros e desmaiei e isso aqui é um sonho?

Entre Sonhos e PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora