flashback

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- O que você faria se eu morresse?

Derek deixou a panqueca cair no chão, se surpreendendo com a pergunta repentina.

Ele olhou para Sky por um momento, sentada do outro lado da bancada da cozinha, com uma expressão tranquila e serena, parecendo nem um pouco preocupada com a pergunta que tinha acabado de soltar.

Morgan xingou baixinho, ouvindo a mulher rir e se abaixou rapidamente para pegar a panqueca de volta. Ele desligou o fogo e soltou a panela na pia, deixando a panqueca caída em um prato de lado.

- Que tipo de pergunta é essa? - ele devolveu, nervoso.

Nunca tinha parado para pensar naquele assunto. Não era como se esperasse que isso acontecesse a qualquer momento.

- É uma pergunta normal, querido - a mulher respondeu, estendendo a mão para que ele lhe entregasse o copo de suco de uva. - O que você faria?

Derek suspirou e deu a volta pela bancada, andando até ela. O homem parou atrás dela, apertando-lhe os ombros e beijou a base do pescoço dela, sentindo seu coração bater rápido demais.

- Eu não sei - ele respondeu, sincero. - Mas não gosto da ideia.

A expressão infeliz no seu rosto lhe indicava isso. Ele não tinha mesmo gostado de pensar na mulher morrendo ou algo do tipo.

Skye bebeu um gole do suco e depositou a sua mão sobre a dele, ainda descansada em seu ombro.

- Eu sei que você não gosta da ideia - ela murmurou. - É só que... Scott quase morreu hoje. E mesmo que a Yara e ele vivam se implicando o tempo todo, eu nunca a vi tão perdida. Nós temos um trabalho perigoso. Estou pensando nisso o tempo todo.

Ele concordava com ela. Tinham mesmo um trabalho difícil e o perigo era invisível a cada caso, mas o homem não pensava sobre aquelas questões se quisesse fazer um trabalho bem feito. Parte de conseguir concluir seus casos era porque ele não se permitia tais pensamentos.

Tudo o que ele via, todos os dias, já era coisa suficiente para pensar.

- Eu sei, Sky - respondeu. - Mas não posso ficar pensando nisso o tempo todo. Por exemplo, não tenho como fazer o meu trabalho e ficar pensando em você morrendo.

Ela fez uma careta, embora ele não pudesse ver.

Afastou ele de seus ombros e se virou de frente para ele, puxando-o pela cintura, deixando o rosto levemente inclinado na direção do namorado. A agente mordeu a parte interna da sua bochecha e sentiu o carinho que o homem fazia com o polegar nos seus braços.

- Você é tudo para mim, sabia? - ela sussurrou, o sorriso enorme iluminando o rosto. - Você está certo, não pode ficar pensando mesmo sobre isso. Mas, caso aconteça, pode se certificar que Penelope não surte?

Ele riu, mais relaxado e beijou a testa dela, depois a sua boca, até serem interrompidos pelo toque do celular da mulher. Ele se afastou dela e a olhou, recriminando-a só um pouquinho.

- Não me olhe assim - ela reclamou, descendo da bancada. - Eu te disse que estou de plantão.

A mulher encolheu os ombros, sentindo-se um pouquinho culpada por aquilo. Não gostavam de falar de trabalho quando estavam juntos, mas ela tinha alertado ao homem que ele não deveria vir nesse fim de semana, mas no próximo, que ela estava mais livre.

Sky pegou o celular e atendeu no terceiro toque.

- Ai, Donner - disse, os lábios em uma linha reta. - Não me diga que é um caso novo.

O homem riu do outro lado.

- Na verdade, não - ele respondeu, fazendo-a suspirar aliviada. Amava o seu trabalho, mas gostava de passar o tempo com Morgan sem interrupções. - Estou ligando para te intimar a aceitar o meu convite para um almoço. Nós queremos conhecer o seu namorado.

Ela escutou as vozes de Yara e Scott no fundo e revirou os olhos.

- Vocês já conhecem ele - ela recordou.

- Conhecemos o Agente Morgan - Donner rebateu. - Não o seu namorado.

- Nossa, como vocês são chatos - ela resmungou. - Eu te dou uma resposta depois.

Sky encerrou a ligação sem esperar que ele falasse mais alguma coisa e deixou o aparelho exatamente onde ele estava antes.

Voltou para a bancada da cozinha, notando que seu namorado tinha deixado os pratos de panquecas prontos. Ela pegou a cobertura de morango e começou a derrubar na sua panqueca.

- Era o Donner - ela finalmente disse, pegando o garfo e a faca para partir o primeiro pedaço do alimento. - Ele está nos chamando para almoçar.

Derek começou a comer sua própria panqueca, sem recheio, do jeito que gostava, mas acompanhado de café puro, sem açúcar. Ele olhou para Sky.

- Algum motivo específico?

A mulher mastigou o alimento primeiro, resmungando positivamente o quanto aquilo estava gostoso.

- Não, só querem te conhecer.

Morgan arqueou a sobrancelha.

- Ele já me conhece - replicou, usando o mesmo argumento que ela tinha usado antes.

Ela riu.

- Como Agente Morgan - disse a resposta de Donner. - Ele quer conhecer você como meu namorado. Como você é comigo.

- Você tem noção de que eu não conheci nem seus pais primeiro, né? - ele lembrou.

Sky engoliu uma risada e mastigou outro pedaço da panqueca, espalhando mais cobertura de morango. Ela sabia que não deveria exagerar tanto, mas estava mesmo deliciosa.

- Que bom que você tocou no assunto - ela disse, apontando o garfo para ele. - Porque eu também não conheci a sua mãe ainda.

Derek riu, levantando as mãos, como se estivesse se rendendo.

- Você não me dá chance nenhuma, mulher - reclamou, ainda rindo.

Ele deixou a panqueca de lado e andou até ela, puxando-a para si. Derek limpou o canto da boca dela com o polegar e roubou um selinho dela rapidamente.

Era assim que ele queria passar todas as suas manhãs.

Com ela em seus braços, os dois tomando o café juntos, rindo e se beijando. Queria dividir uma vida com ela, mas sabia que estava sendo um pouco precipitado em pensar naquilo. Sequer moravam na mesma cidade.

Para tomar aquela decisão, precisavam de dias de conversa para decidirem as coisas juntos.

- Eu morreria - ele disse.

Sky franziu o cenho, confusa, as mãos descansadas no ombro dele.

- Como é?

Ele suspirou.

- Quero colocar um anel em seu dedo antes de tudo - ele explicou. - Mas sabe o que eu faria se você morresse? Eu também morreria.

Skye lambeu os lábios, afetada. Sem dizer nada, ela apenas abraçou-o, escondendo o seu rosto entre o ombro e o pescoço do homem, aproveitando aquele momento.

- Eu te amo.

In Dark // criminal minds [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora