fifteen

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Junhui estava no fundo do poço. Apenas isso, definitivamente, irremediavelmente no fundo do poço. Já haviam passado quinze dias desde que Minghao voltara para a China, Seungcheol se negava a falar o endereço atual onde o cantor estava com os pais, segundo ele, pelo bem da carreira de ambos. Mas o Wen sabia pelo olhar alheio que nem mesmo o Choi acreditava no que dizia. E é por isso que ele estava, naquele momento, desembarcando no aeroporto de Pequim, o celular em mãos ligando para Minghao e torcendo pra que ele não ignorasse como vinha fazendo desde então.

Junhui, não podemos nos falar-

Espera! – quase gritou, recebendo o olhar de todos no aeroporto, murmurando "desculpe" depois – Eu estou no aeroporto nesse exato momento, se não tiver a bondade de dizer onde está, vou me sentir na obrigação de procurar província por província, batendo de porta em porta até te achar.

— Você não é maluco a esse ponto. – ouviu o cantor rir do outro lado da linha e suspirou aliviado, pelo menos ele não estava bravo consigo.

Seria sim, eu realmente tô no aeroporto. – disse tentando ser o mais sério possível, recebendo um xingamento em resposta.

Junhui, você pirou?! Sabe quantas pessoas podem te reconhecer aí? – os dois permaneceram em silêncio por um momento até o Wen quebrá-lo.

Por favor, isso é algo que cabe a nós dois decidirmos. Só nós dois.

Demorou certo tempo até receber uma resposta, que se limitou a um suspiro breve e um murmúrio nada respeitoso da parte do Xu, então a ligação foi encerrada. Quando o Wen já estava cogitando a ideia de realmente bater de porta em porta ou talvez simplesmente voltar pra casa, uma notificação do contato de Minghao iluminou a tela, com uma localização e um "tome cuidado" logo em seguida. Ajeitou os óculos sem conseguir conter um sorriso aberto, logo seguindo com sua mala para a saída, buscando um táxi para levá-lo ao endereço indicado.

Demorou cerca de duas horas, até que ele parasse em frente a uma casa simples, numa região mais interiorana que urbana, havia até mesmo plantações próximo a algumas das outras casas, que ficavam sempre a uma boa distância umas das outras. Pagou ao motorista e agradeceu, seguindo com sua mala até a porta, mas hesitando ao estar frente a esta. O que faria a partir dali? Não podia obrigar Minghao a voltar consigo para Seul, e sequer queria aquilo, aquele lugar era perfeito pra paz que ele precisava durante a gestação. O Wen apenas seguiu um impulso desesperado e chegou até ali, mas a partir daquele ponto já não tinha mais nada em mente.

Passou tanto tempo em meio a devaneios que só despertou ao ouvir a porta se abrindo, uma senhora com um curto sorriso olhando-o por um longo momento. Só então Junhui percebeu que estava parado na porta de quem, provavelmente, seria a mãe de Minghao, como um maluco perdido.

Desculpe...  Me chamo Wen Junhui, o Minghao está? –  disse tirando os óculos e a máscara, vendo o rosto da mulher tomar tons avermelhados.

— Xiao Hao! Aquele modelo bonitão está na porta! – a mulher entrou rindo, logo o Wen pode ouvir passos rápidos sobre o assoalho amadeirado, vendo o cantor ainda de pijamas a sua frente.

— Eu posso entrar?

— Claro. Quer ajuda com a mala? – perguntou, fazendo menção de pegá-la, mas o modelo foi mais rápido em negar.

— Sem fazer esforço, sabe que não deve. – murmurou entrando e ouvindo a porta ser fechada logo em seguida – Você está-

As palavras morreram antes de serem proferidas, pois foi envolvido em um abraço do Xu, o qual retribuiu imediatamente, deixando um selar sobre a testa alheia e sorrindo aberto. Se afastaram apenas por ouvir um pigarrear vindo de alguns passos de distância, logo viram o pai de Minghao parado de braços cruzados e uma expressão séria, rente a entrada da sala.

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