Capítulo 6 - Nevasca

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Arizona

Fiquei um tempo conversando com a Callie até a irmã dela voltar para o quarto e pedir para que eu as deixassem sozinhas, assim eu fiz, Callie estava magoada e embora eu odeie admitir queria ter ficado lá tentando fazer ela se sentir melhor, as vezes ela parece um cristal prestes a quebrar e outras é só a mulher cujo a irmã embrulhou minha encomenda errada.

Eu odeio esquiar, quando era criança Timothy enfiou o bastão na minha perna sem querer, era afiado e tinha muito sangue e eu estava assustada e tiveram que sair às pressas no natal para me levar só hospital, levei vários pontos.

Passo a mão na cicatriz antes de levantar a minha calça de esqui, com certeza eu não vou praticar, mas vou ficar um pouco com a minha família. Desci para pista e os três estavam lá, e por mais que eu odeie isso o sorriso da minha mãe valia a pena. Eu realmente gostaria de saber como Callie está agora, quem sabe a convidar para descer.

Callie

- Grávida, você está grávida? – minha mãe pergunta aos berros.

- Mãe – tento amenizar a situação – é seu neto, você sempre disse que queria netos.

- Eu sempre quis vocês casadas, com homens – enfatizou olhando para mim-  e frequentando uma igreja, mas não eu tenho uma filha grávida e solteira e uma filha lésbica.

Pensei em corrigir o “lesbica” mas o que é mais um pouco de água depois que o copo já transbordou.

- Mamãe – Aria finalmente parou de chorar para falar algo – eu só queria passar um tempo com vocês, não quero que sustente meu filho.

- Você sabe a vergonha que isso vai me causar, e seu pai, você pensou no seu pai? Já não basta a vergonha da sua irmã beijar mulheres por aí.

Me jogo para trás na cama, cansaço define essa conversa, meu pai simplesmente sentou na poltrona e nada disse, ele preferia não bater de frente com a minha mãe e no fundo eu o entendo. Aria ficou em silêncio e minha mãe fez o mesmo e então desde que meus pais chegaram o quarto ficou em silêncio.

- Já é hora do café da tarde, por que não tomamos um café em família e depois vocês vão embora para ceia? – sugiro.

- Você vai passar o natal aqui sozinha? – meu pai pergunta se manifestando pela primeira vez.

- Sim, Aria e eu decidimos dar um tempinho uma da outra – brinco dando um empurrãozinho no seu ombro – ela precisa mais de vocês agora.

- Vamos tomar o café e ir para estrada, estão me ouvindo? Eu ainda tenho um peru para assar e convidados para receber e sobre você Aria, é bom encontrar um pai descente para o seu filho.

Depois dos nervos das duas acalmarem descemos até o café onde Meredith e Addison já estavam, como sempre na mesma mesa já selecionada pelo restaurante.

- Garotas, como é bom ver vocês e agora com a família completa – Addison diz sorrindo.

- Meninas – digo – esses são meus pais, Lúcia e Carlos Torres.

- É um prazer conhecer – as mulheres os cumprimentam.

No geral minha mãe não tinha preconceito com homossexuais, contanto que não fosse as filhas dela. Eu achei que os Robbins não se juntariam a nós mas eu estava errada, após uns vinte minutos em que chegamos no refeitório eles chegaram.

- Mãe, pai esses são os Robbins – digo assim que eles chegam perto da mesa.

- Muito prazer – a senhora Barbara foi logo se apresentando – esse é o meu marido coronel, filha Arizona e meu filho Timothy.

- Muito prazer – minha mãe cumprimenta de volta.

- Vieram para o Natal? – Barbara pergunta animada.

- Não, só viemos buscar nossa filha.

- Você vai embora Callie? – Timothy se apressou em perguntar.

- Não, minha irmã vai.

Ele já tinha feito cara de decepcionado quando achou que fosse eu mas quando soube era a Aria a ir embora ele literalmente ficou parecendo um “cachorrinho que caiu da mudança”.

- Muito bonita sua filha, você terá netos lindos – minha mãe analisava Arizona, ela sempre comenta quando acha alguém bonito ou bonita e comenta sobre os possíveis filhos de aparência perfeita que a pessoa terá.

Minha mãe e a Barbara tinham entrado em uma boa conversa, se deram bem aparentemente.

- Minha filha é lésbica, duvido que terei netos – diz brincando.

- Mãe já conversamos que uma coisa não tem a ver com a outra – Arizona repreende a mãe um pouco desconfortável pelo comentário.

Luzes de inverno - CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora