Aquele do espião atrás da porta

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ESCRITO EM CONJUNTO DA FANTASMINHA98

Aquele estava sendo um início de dezembro relativamente complicado. James e Sirius insistiam em continuar aprontando com os sonserinos, se superando cada vez mais e por consequência recebendo detenções cada vez mais longas. Remus já deveria estar acostumado com tudo aquilo, mas a próxima lua cheia estava quase chegando, e se continuasse naquele ritmo ele teria apenas Peter para acompanhá-lo durante a transformação. Não que isso fosse um problema, mas todos os três eram os seus melhores amigos, e além de gostar da companhia deles durante a noite, aquele era o seu último ano. Remus duvidava muito que eles fossem continuar a aparecer uma noite por mês depois da formatura - e mesmo que viessem, não seriam todos de uma vez.

- Qual foi a detenção deles dessa vez? - Ele perguntou à Lilly Evans, a monitora chefe da grifinória.

- Organizar a despensa de poções. - Ela respondeu desinteressada, com o olhar longe.

- Sabe por quanto tempo?

- Uma madrugada, se tiverem sorte.

Aquele não era o jeito habitual de Lilly. Apesar de ter começado a andar com os garotos no ano anterior, quando James finalmente a convenceu a lhe dar uma chance e levá-la para um passeio em Hogsmeade, Remus sabia quanto a "predisposição de se meter em problemas" de James irritava a ruiva, mas ela estava um tanto quanto... preocupada, se não aflita.

- James fez alguma coisa? - Lupin arriscou.

- O quê? É claro que não. Combinei de sair com ele na próxima semana, porque ele faria alguma coisa?

- Então o que aconteceu? Você não me parece muito bem.

Lilly rapidamente olhou para os dois lados, conferindo se mais ninguém no Salão Comunal prestava atenção na conversa entre os dois antes de se aproximar e sussurrar próximo ao seu ouvido.

- É a garota nova. Me parte o coração vê-la dessa maneira.

Remus não precisou procurar muito para saber onde a novata estava: sempre encolhida na poltrona de espaldar alto próxima à janela, encolhida como se quisesse fundir-se à mobília e passar despercebida. Não que ela não fosse bem sucedida, o rapaz tinha certeza que nem as próprias colegas de dormitório se lembravam da morena, mas por alguma razão ele - ou melhor, Aluado - sempre notava quando ela passava por ele pelos corredores ou quando se escondia na biblioteca. Ela sempre estava com os olhos vermelhos, chorando e quando seus soluços baixinhos não chamavam sua atenção, seu corpo tremendo sim. Raramente algo no dia a dia do bruxo chamava a atenção de seu lobo, mas a garota sempre despertava a curiosidade da criatura.

- Eu provavelmente ficaria do mesmo jeito se os comensais de você-sabe-quem tivessem matado meus pais ou qualquer um de vocês. - Remus confidenciou, com seu corpo se tencionando apenas de pensar na possibilidade.

- Não é só isso... Ela não deixa ninguém se aproximar, parece que não quer se misturar com ninguém daqui.

- Assistir sua família ser assassinada na sua frente deve ser algo muito traumático, Lilly.

- Você não entende, Remus! É exatamente por isso que ela não pode ficar sozinha, vai definhar dessa maneira!

Aquilo era uma verdade. Desde que a novata havia chegado, quatro meses atrás, era visível como perdeu peso, ela murchava como uma flor esquecida no tempo. E apesar de andar com a cabeça abaixada, olheiras profundas marcavam seu rosto pálido, assim como seus cabelos armados perdiam o pouco brilho que uma vez tiveram. Ela entrou no sexto ano em uma transferência de emergência, logo após os primeiroanistas, chamando a atenção de todo mundo.

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