- Esse é o problema da dor
- o Augustus disse,
e aí olhou para mim.
- Ela precisa ser sentida.Estou perdida, perdida nas inúmeras versões que eu criei, para cada situação havia uma face diferente minha, mas agora, eu nem sei quem eu sou mais, ou qual delas é verdadeira.
Já se passou alguns dias desde todo incidente da enfermaria, de reencontrar Luccas e ser apresentada aos seus amigos, mas cada vez que eu coloco os pés nessa faculdade eu o sinto me observando, mesmo que as vezes eu não possa encontrá-lo pelo campus, eu o sinto.
Em cada aula, ao sair e entrar no banheiro, no refeitório, ele quase sempre está por perto, como se quisesse me falar algo...ou garantir que eu esteja bem.
E estou bem, não vejo Jhon a dias, e Victoria não me atazana quando está longe dele, estou conseguindo conciliar o trabalho, a faculdade, a Gabrielly e ainda tirar um tempinho para conversar com as meninas, então por mais exaustivo e estressante que seja, eu estou bem.
—Todo lugar que eu olho esse garoto parece estar-Anna resmunga, e sei que ela não gosta nada da presença dele, nem dos amigos por perto.
—Você ainda não respondeu como conhecia Dean. -Repreendo-a, pois toda vez que tento pensar nisso minha cabeça parece preste a explodir.
Eu não sei nada sobre a sua vida, mas somos amigas, ela sabe o quão importante é para mim saber sobre eles, talvez me ajude, mas ela continua fechada, assim como está agora: com os braços cruzados e uma carranca que demorará para desfazer.
—Não vamos falar disso. Assim como você não nos oferece respostas das nossas perguntas, eu também não vou. - Ela diz colocando um fim definitivo na conversa e fechando a cara.
Sinto o olhar de lise me repudiando, pois já havíamos percebidos que ela não queria falar disso, e cada vez nossas desavenças começam se tornar frequentes.
Cada vez ficamos mais em silêncio umas com as outras, cada vez mais segredos guardados que tornam tudo tão difícil, até mesmo conversar tem se tornado uma luta.
E a culpa é minha.
Eu sempre estou escondendo algo, sempre sendo pessimista, querendo me manter presente da maneira errada, sufocando-as.
—Eu preciso fazer algumas coisas antes de ir para aula. Encontro vocês depois-digo saindo em passos largos e rápidos, tentando não demonstrar minha fraqueza novamente e causar mais tumulto.
Me afasto o máximo que posso, e vou em direção ao meu armário para fingir que voltei para pegar algum livro, e não para me recompor por algo tão simples.
Eu já fui mais forte, houve uma época em que nada me abalava, mas isso se tornou minha vida, e dia após dia parece piorar, eu perdi um controle. Não é só mais uma fase ruim.
Não importa quanta maquiagem eu passe, a roupa que eu use ou quanto eu finjo para minha irmã ou essa maldita escola que eu sou uma rainha inabalável, nada, absolutamente nada, faz esse aperto no meu coração sumir.
Eu não posso me dar ao luxo de pedir ajuda, então a única coisa que sobra e me permitir sentir para não morrer sufocada com meus próprios sentimentos.
Abro meu armário só para entrar no teatro, mas uma rosa inteira vermelha, até mesmo o caule cai nos meus pés, junto ao um bilhete enroscado nos espinhos.
Olho para os lados, procurando a pessoa que deixou isso, e me certificando se não tem alguém curioso demais com o que acabou de acontecer. Acabo não encontrando ninguém, além ds um grupo de amigas que fofocam no canto da parede, parecendo não me notar.
Me agacho e estendo a mão para pegar a rosa coberta de um líquido vermelho...que parece ser sangue! Toco-a com a ponta dos dedos e uma sensação ruim que embrulha meu estômago, e tento sentir a textura, mas acabo ficando o espinho em meu dedo e soltando a rosa repentinamente no chão.
—Devia olhar com mais atenção ao seu redor, talvez a pessoa que deixou isso aí poderia estar te observando - a voz aveludada me assusta, fazendo com que meu corpo de um levo espasmo perceptível, ao mesmo tempo que se arrepia inteiro em uma sensação magnética sedutora.
Me viro bruscamente encontrando seu rosto divertido como sempre, notando as reações que causou em mim a aparecendo repentinamente.
—De onde você saiu? -digo com a voz trêmula, mas tentando a manter autoritária e demonstrando a minha irritação por ele sempre aparecer nos lugares. Principalmente quando não quero que apareça.
Não recebo uma resposta imediata, então sigo a direção do seu olhar que está nas minhas mãos borradas com o líquido e um pequeno furo no dedo derramado gotículas de sangue, e na flor, que agora está no chão junto ao bilhete que ainda não peguei.
—Que porra é essa! -ele grita.
Seus olhos estão arregalados e seu rosto em total pânico, enquanto ainda parece calcular o que deve fazer.
—Eu..eu não sei-gaguejo sentindo meu coração acelerar ao nervosismo que se apodera em mim.
—Como não sabe? Isso acabou de cair do seu armário! -ele puxa a mochila de suas costas em desespero, abrindo-a e retirando uma blusa social preta, que é utilizada para enrolar a rosa e o bilhete.
Ele se levanta, mas meu corpo parece imóvel e tenso, não consigo desviar os olhos da marca no chão e pensar que isso é sangue. Que alguém me mandou uma flor coberta de sangue. Pior ainda, sangue de quem?
—Agora não -escuto sua voz suave e baixa me repreendendo. -Vem comigo-ele pega a minha mão sem se importar em sujar a sua, e me puxa para cima, forçando minhas pernas a se manterem firmes e acompanhar seus passos.
Tento segui-lo, mas se é algo completamente difícil, já que a cada passo dele eu tenho que correr praticamente para alcançar-lo, enquanto ele me arrasta pela mão sem parecer se importar.
—Será que dá para ir mais devagar! -reclamo em alto e bom som, fazendo uma careta feia que ele nem se dá o trabalho de ver, já que nem se mexe para olhar para trás e continua me arrastando.
—Quem bom que já está melhor para começar a me alfinetar. -Sua voz parece irritada, ao mesmo tempo em que posso sentir uma pitada de diversão causada pela minha reclamação.
O que só faz com que minha raiva cresça. Eu tenho culpa dele ser um ogro gigante? Claro que não! Ele não pode sair me puxando com uma criança.
E cada vez que eu resmungo alguma coisa ele parece se divertir mais ainda e aumentar a velocidade, como se fizesse isso de propósito.
—Entra- escuto-o mandar autoritariamente
Ao erguer meus olhos percebo que estive tão focada em xingá-lo dos mais diversos nomes e em acompanhar seus passos, que nem percebi para onde ele estava me levando: Para porcaria do estacionamento.
E o mais audacioso é que ele está me mandando entrar no seu carro agora, literalmente mandando, como se eu fosse obedecer e entrar no carro de um desconhecido.
—Eu não vou entrar! - me imponho, puxando a minha mão da sua e me mantendo estática na sua frente.
—Para com isso caramba, não temos tempo-ele se irrita, e coloca as mãos em cada lado da minha bochecha prendendo meu rosto, e se aproximando-Entra no carro patroa-ele fala baixinho.
Eu poderia voltar a despejar xingamentos contra ele, se não tivesse tão fascinada em observar seu rosto. Seus olhos verdes claros tão profundos, que não revelam nada sobre seus sentimentos direcionados a minha boca, seu nariz com ponta levemente para cima me desafiando e instigando a obedecê-lo. Ele leva a língua para fora da boca passeando sobre seus lábios, os deixando umedecidos e convidativos.
Suas mãos descem para arrumar a jaqueta, enquanto eu começo a desejar fervendo de ódio que as mãos dele puxassem minha cintura para perto e me jogasse dentro dessa porcaria de carro, e me beijasse até perder o fôlego. Céus, quanto tempo não faço isso, não me perco nas sensações e cedo aos meus caprichos.
Sua cabeça se move para o lado e sua boca fica próxima ao meu ouvido, e meu pescoço imediatamente se aperta para o lado devidos aos calafrios causados pela proximidade.
—Não vou pedir novamente - ele grunhe com determinação. Mas minha raiva cresce imediatamente, e saio daquela bolha de admiração criada para que eu cedesse aos seus comandos, percebo o maldito jogo que ele estava fazendo com a minha mente.
—Eu não vou entrar no carro de um desconhecido! -enfrento de cabeça erguida sem tirar meus olhos dos seus, demonstrando que minha opinião tem sim valor nessa merda, e que ele não pode impor as coisas para cima de mim.
Ele morde o canto da boca, e passa um braço de cada lado meu, me prendendo entre o carro e ele. Eu quero gritar na cara dele, espernear e dizer o quão idiota ele é, mas consigo chegar a duas conclusões: um, não vai adiantar nada e ele só vai rir da minha cara, provocando mais ódio ainda. Dois vamos fazer um escândalo nesse estacionamento.
—Eu vou entrar-aponto o dedo em seu peito- Mas só porque precisamos nos livrar disso. Não porque você mandou ou qualquer outra coisa do tipo.
Ele ainda permanece imóvel, olhando meu rosto com algum sentimento que não consigo explicar, talvez nem ele saiba dizer.
—Deixando uma coisa bem clara, não somos desconhecidos - ele diz cada palavra devagar, sílaba por sílaba, com tanto ódio...ao menos parece ser ódio, mas se for, por quê?
Ele retira os braços do lado do meu corpo e se vira, sem ao menos me dar um olhar ou mais alguma palavra. Só fica de costas para mim, esperando que eu entre no seu carro.
—Foi mal...eu só -jogo as mãos para cima, em um gesto de confusão, sem saber o que falar-Eu sinto muito. - Termino esperando alguma resposta.
—Só entra logo -ele diz ainda sem se virar, mas sua voz apesar de sair mais calma, parece cansada.
Decido por não discutir, mesmo que minha boca se abra várias vezes para soltar alguma palavra que parece presa na garganta, mas que não consegue sair.
Abro a porta do carro e respiro fundo antes de entrar no banco traseiro e me sentar apreensiva e com medo, pedindo as divindades que eu não esteja fazendo uma loucura que acabe por piorar minha situação
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O Caos Que Nos Destruiu
Любовные романы"Eu nunca pensei que precisasse de salvação, até ela chegar" Isabelly Miller O amor pode te salvar, te fazer sentir as coisas mais maravilhosas existentes, ou pode te destruir,te despedaçar,trazer um caos irreversível. Eu fui traída e humilhadapor q...