Ao Meu Olhar

Ciclo da Hipocrisia

Uma mãe está na janela observando o seu filho brincando com outras crianças, de diferentes culturas e gêneros. Ao reparar que seu filho estava de mão dada com um negro de roupas suburbarnas, grita-o mandando entrar.

Sentado, vendo tv, o menino ouve a sua mãe conversando ao telefone e a observa:

Mãe: Você não acredita que o Nhata estava brincando com crianças de raças pobres e negras.

Eu não admito! Eu não vejo a hora de mudar de bairro, meu filho é superior a essa gentinha, esse tipo de pessoa nem devia existir.

Os meses se passaram e a mãe do menino resolveu levar ele no zoológico. Olhando as araras, o menino vê uma andorinha entrando dentro da cerca e começa a arremessar pedras e a gritar:

Filho- Morre Morre! Sai daí!
Ai não é seu lugar!

As pessoas ao redor começam a cochichar, olhando estranho e feio para a mãe e o garoto. A mãe com vergonha e brava, puxa ele pelo braço e diz:

Mãe- Porque você tá fazendo isso garoto? Não está vendo a vergonha que está fazendo eu passar?

Filho- Olha lá mãe! Aquele passarinho feio e sujo, tá perturbando as araras, não é errado?

A mãe observando todos olhando para ela, e sem um pingo de paciência, respira fundo e diz:

Mãe- Meu querido, no mundo existem vários pássaros, uns pequenos outros grandes, mas todos são bonitos e especiais. Todos eles têm a sua importância e brilho único, você não pode machucar um só porque é diferente do outro.

Filho- Mas mãe, porque você me proibiu de ir na rua de baixo brincar com meus amigos? E disse para a tia Gradis, que esse tipo de gente não devia existir. Eles são como os pássaros, diferentes, mas especiais e importantes para o mundo.