Capítulo 36

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Clarisse


Eu sempre me orgulhei da minha criatividade, mas devo admitir que as vezes ela cria asas e vai longe demais, o que era pra ser um simples esboço para o leilão virou uma pasta detalhada com tudo o que eu acho que ficaria incrível no evento, dividindo em partes como decoração, posicionamento de luzes e até mesmo a música ambiente perfeita. Eu sinceramente não sei se eu passei do ponto ou se apenas me mostrei eficiente e perfeccionista, espero que a rainha ache o segundo, mas vou descobrir isso em breve já que estou indo nesse exato momento me encontrar com ela para discutir sobre o leilão.

Respiro fundo e limpo uma sujeira invisível da minha saia, tentando dispersar o nervosismo sem sentido, não tinha motivo pra tanto, ela pediu um esboço simples com a minha opinião e eu fui além, eu deveria me orgulhar do meu trabalho, eu já tinha apresentado um projeto para o país inteiro me julgando então porque raios eu estava mais nervosa em me encontrar a sós com a rainha do que falar publicamente para o país inteiro enquanto sou julgada pela família real toda? As vezes eu não faço muito sentido.

Suspiro baixinho enquanto espero a rainha em seu escritório particular, tinha sido escoltada até aqui por uma de suas damas de companhia que me serviu chá e biscoitos para esperar a rainha, que pelo visto estava em uma reunião, os docinhos ajudaram a me distrair da ansiedade beliscando um oi outro biscoitinho amanteigado que derretia na boca e o chá docinho e quente me tranquilizava da espera que tinha virado uma verdadeira tortura. Olho ao redor observando o pequeno escritório, é definitivamente menor que o do rei, mais intimista também, com um conjunto de sofás com estampas floridas e uma estante cheia de livros, tinham algumas telas espalhadas pelo local de muito bom gosto, paisagens delicadas que me fizeram querer conhecer o pintor sensível e detalhista que as tinha pintado, forçando a vista consegui ver no quadro mais próximo um M.S. como assinatura no canto da tela, olho para os lados apenas para me certificar de que estava mesmo sozinha antes de ir até a pintura, não me contenho ao admirar mais de perto as pinceladas suaves em tons de amarelo e laranja pintando um por do sol no topo de um penhasco que dava direto para o mar, um mar tão claro e cristalino como eu nunca tinha visto antes, eu não sei qual foi a técnica usada mas era brilhante a forma como a água realmente parecia ter movimento e brilho, eu levaria anos pra chegar naquele resultado.

Uma das portas de madeira pesada se abre enquanto a rainha América entra sozinha, me fazendo virar meio assustada por ser pega no flagra, faço uma reverência que é retribuída com um sorriso da ruiva.

— Clarisse, sinto muito por deixar você esperando, querida. — sorri se aproximando — Ora, vejo que já viu meus quadros.

Diz amistosa, parando ao meu lado e olhando para o quadro com um sorriso genuíno e com certa saudade talvez?

— Impossível não notar, a técnica é impressionante e a tela trás tanto conforto e calor, é como se transmitisse o verão através das pinceladas.

— É, retrata um verão na Itália. — concorda lentamente — É realmente lindo, não?

— Sim, o artista soube exatamente como transmitir a sensação, eu como pintora não consigo deixar de admirar uma obra tão bonita e bem trabalhada.

— Vou dizer para ela que gostou da pintura.

Fala sorrindo para mim com graça, como se soubesse de um segredo que eu não sei.

— Você conhece o autor?

— É claro que conheço, é minha irmã que pintou todas as telas que estão aqui e no meu quarto, até mesmo algumas que estão espalhadas pelo palácio.

Uma Noiva Para Nickolas - A Nova SeleçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora