Após a noite divertida do encontro com sua amiga e seu antigo tutor, Camélia voltou para mansão acompanhada por Alberto. Mas coisas do passado, vez ou outra, ainda tiravam seu sossego.
- Vem, filha. Vamos para casa, está ficando tarde.
- Não, mamãe. Eu quero continuar pescando...
- Camélia, obedeça sua mãe... Se não vier eu vou te carregar.
- Quero ver você me alcançar, papai!
- RÁ, TE PEGUEI."
Camélia acorda de repente, ela respira ofegante e se senta na cama. Olhando a volta, nota que está em seu quarto. Ela fica um longo tempo em silêncio e fecha os olhos.
- Pai... mãe... Foi um sonho. - Lágrimas quentes escorrem em seu rosto. Ela se levanta e veste seu robe branco transparente que estava em uma cadeira, e abre a grande porta de vidro que dava acesso a varanda do quarto. A brisa da noite veio suave em seu rosto, respirar o ar puro a aliviou.
Ela sai do quarto e desce as escadarias da mansão, algumas luzes estavam acessas como de costume, e ela vai até a cozinha. Sua água no quarto havia acabado, e uma das empregadas se levanta com o barulho entrando na cozinha.
- Está tudo bem, senhora? Quer que eu prepare algo? - perguntou a mulher de quase meia idade, de camisola longa e cabelos presos.
- Não se incomode, Télia, só quero água. Pode voltar a dormir. - Camélia sorri com lábios cerrados.
- Ah, tudo bem... Boa noite, com licença!
Télia se inclina levemente e se retira.
Ao voltar a entrada principal onde levava as escadas, Camélia encontra Alberto, com seu roupão de cetim azul escuro parado no fim da escada.- Eu te acordei, Beto? - Ela sorri.
- Não estava dormindo ainda, ai ouvi passos fortes na escada...
- Acho que desci apressada.
- Está tudo bem? - Alberto a olha preocupado e se aproxima.
- Só queria água. - Ele não estava convencido da resposta. Camélia suspira e continua. - Aqueles sonhos, sabe... Ou pesadelos.
- Quer conversar?
- Sobre?
- Qualquer coisa. - Ele ri. - Pelo menos se distrai.
- ... Vamos ali, então. - Ela aponta para porta a sua direita que levava a área externa.
Havia uma mesa redonda de madeira escura, e algumas cadeiras com visão para piscina, e a outra parte do jardim. Mesmo com uma cobertura por cima, era iluminada pelo brilho da lua. O céu estava limpo.
Alberto tentou ignorar o nervosismo ao ver Camélia daquele jeito. O robe transparente dela acentuava as peças íntimas por baixo. Cabelo solto, pouca roupa e desinibida. Ela sabia que aquilo o provocava, por isso adorava, apesar dela mesma não entender o porquê as vezes sentia necessidade de fazer isso. Provoca-lo!
- Estou tranquila sobre as bebidas do cassino. O transporte correu bem mais uma vez... - disse Camélia ao se sentarem próximos em volta da mesa. Alberto se senta ao lado esquerdo dela.
- A única coisa inconveniente é aquele dito cujo...
- O fornecedor das bebidas? - Camélia ri. - Louis é um homem claro nos negócios, mas tenho que concordar com a inconveniência...
- Por que ele não pode simplesmente aceitar um não de mulher e ir embora? Ele é bizarro. - Alberto diz com as sobrancelhas juntas enquanto olhava para piscina.
Camélia se diverte com a expressão dele, ela o achava terrivelmente fofo quando estava bravo.- Aquele super bigode loiro queimado... Se não fosse as pessoas a volta e o contrato, eu teria jogado mar. - Ela ri mais uma vez ao ver um sorriso nos lábios de Alberto, mesmo ele tentando se manter sério.
- Acha que ele vai continuar a importunar?
- Não quando você estiver por perto...- O sorriso que apareceu nos lábios dela logo se desfez. E ela continua.
- Eu posso ser quem eu sou, mas ainda sou uma mulher "comum" para todos. Mesmo em minha posição, mesmo que eu diga não, muitas vezes não serei respeitada...- Eu estarei aqui para afastar esses sanguessugas. - Ele sorri olhando para ela.
- Sabe que eu fico feliz em poder contar com você, Beto... Mas eu não gosto de depender de ninguém. Porém, ter que fingir e agir como uma dama indefesa, ao invés de socar a cara de um babaca... cansa!
Ela mesma ri das próprias palavras, fazendo Alberto rir junto.
- Seria incrível e assustador para muitos, a delicada e doce senhora Camélia, mandando alguém pelos ares. As pessoas ficariam chocadas! - Alberto se diverte imaginado a situação, e Camélia sorri internamente ao ouvir ele dizer "delicada e doce".
- Falariam por semanas... Mas seria bem legal, né? - disse ela colocando as mãos na testa.
- Eu faria questão de emoldurar a matéria, iria expor como um troféu.
Alberto ri alto, enquanto sua cabeça se inclinava para trás, fazendo aquelas mechas claras de cabelo ficarem suspensas. Uma risada gostosa de ouvir. Era maravilhoso vê-lo assim, Camélia pensava.
Quem via Alberto no trabalho ou nos encontros importantes, não tinha ideia em como ele ficava descontraído e leve quando estava a sós com sua chefe. Ela sentia uma ânsia enorme de proteger aquela risada, aquele sorriso!
Quando ele se ajeita na cadeira, as mechas caíram sobre os olhos. Camélia delicadamente com os dedos, deslizou os fios atrás da orelha dele. Alberto a olha meio surpreso, e sente seu rosto esquentar. Um sorriso tímido e desconcertado surge em sua boca, enquanto ele desvia o olhar para o Jardim.
Ela apenas o observa repousando o braço no encosto da cadeira dele.
- O... Tales. O senhor Tales, vai vir hoje a tarde, não é mesmo? - Disse virando o rosto para ela outra vez. Camélia parecia estar mais próxima agora. Ela cruza a perna revelando ainda mais sua pele. Seus olhos se encontram e um silêncio sedutor surge. Um frio no estômago percorre em Alberto, fazendo ele engolir seco.
- Sim! - Ela responde, e se inclina para ele. Alberto fica paralisado, com seus lábios semiabertos, ele sente seu corpo arrepiar com a respiração de Camélia em sua bochecha. E ali ela deposita um suave beijo e se afasta sorrindo.
- Obrigada, Beto. Conversar com você sempre melhora tudo! - Ela se levanta e começa andar, e ele a acompanha com os olhos ainda surpreso.
Em seu quarto, Camélia sorri maliciosamente pelo que fez. Mas uma coisa, ela não pode evitar. Sua euforia!
O coração dela estava batendo rápido.- Acho que subi a escada rápido demais. - Ela resmungou deitando na cama. No fundo ela sentia que era mais do que isso, coisa que não se agradou de pensar.
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Camélia Negra
General FictionEm um mundo onde muitas pessoas vivem de futilidade, existe uma mulher sagaz, independente e belíssima. Seu nome é Camélia! CEO de um luxuoso hotel-cassino, que obteve com a fortuna recebida de seu outro "trabalho". Ficou órfã ainda muito cedo, a m...